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Resgate de práticas conhecidas dos agricultores pode evitar erosão no solo

Se no passado o agricultor era o homem que ficava no campo e dedicava dias e noites ao cultivo dos alimentos, hoje ele está mais presente na cidade, cuidando da parte administrativa da propriedade rural. Este distanciamento das lavouras está trazendo sérios riscos ao meio ambiente. As práticas antigas, mas de suma importância, estão sendo deixadas de lado em nome do viés econômico. Com o foco no lucro os produtores vêm se preocupando menos com questões básicas como a sustentabilidade. Nem o Sistema Plantio Direto, do qual Ponta Grossa é o berço e referência, está sendo aplicado de forma correta e isto em diversas regiões do país. O manejo adequado da rotação de culturas que ajuda a combater as plantas daninhas, pragas e doenças também vem ficando em segundo plano. Sem conservação, o solo está sendo penalizado, com o reaparecimento de um velho e preocupante problema: a erosão.

Para a pesquisadora do Polo Regional do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) de Ponta Grossa, Josiane Burkner dos Santos, “o agricultor precisa voltar a conhecer sua lavoura, estando presente nela” e resgatar as boas práticas agrícolas que levam a conservação e não a degradação.

Ela alerta para as complicações de um Plantio Direto feito sem zelo e sem seguir três princípios: não revolvimento da terra, rotação de culturas e solo permanentemente coberto de palha ou palha viva. “A cobertura pode até ser feita, mas se não fizer a rotação não se terá o resultado satisfatório”, diz ao se referir tanto a produtividade quanto a sustentabilidade.

Erosão

Para ela, está enganado o agricultor que pensa que a cobertura do solo não traz vantagens econômicas. Numa área não protegida as perdas de adubo pela erosão chegam a R$ 427,81/ha/ano, ao passo que em lavoura com 90% de cobertura elas caem para R$ 72,06/ha/ano (confira tabela).

 

Sustentabilidade

Plantio Direto aliado a ferramentas

é eficaz no combate a erosão

Como o Plantio Direto é um sistema o agricultor precisa aliar ferramentas ou práticas para combater eficientemente a erosão. O manejo de solos e águas implica necessariamente em barreiras físicas como o uso de terraceamento. O plantio também deve ser feito em nível onde as linhas funcionam como minicurvas oferecendo bloqueios físicos à erosão. Tanto a linha de cultivo quanto a curva de nível são ferramentas de grande relevância, conforme a pesquisadora, Josiane Burkner dos Santos.

Segundo ela, estas duas medidas de conservação do solo diminuirão as perdas de terra e água. “O plantio em nível e o terraço são maneiras de diminuir os impactos da chuva permitindo que o agricultor economize em adubo e não perca o seu maior patrimônio que é o solo”, explica. Por outro lado, muitas vezes o terraço não é feito devido ao tamanho das máquinas agrícolas adquiridas pelos próprios produtores ou “pela falta de treinamento por parte dos tratoristas para trabalharem em terreno com curva de nível, necessitando de maior capacitação”, diz.

Josiane, que atua como pesquisadora desde 2003, mas está no Polo Regional do Iapar de Ponta Grossa há quatro anos, chama a atenção para a necessidade da conservação do solo, como herança para todas as gerações.

Pesquisadora Josiane observa área que recebe cobertura verde

Foto: Rodrigo Covolan

Plante seu Futuro

Projeto incentiva o plantio sustentável

Incentivar os agricultores a colocarem os pés nas lavouras, acompanharem o que está acontecendo a fim de evitarem, por exemplo, a erosão utilizando práticas conservacionistas de manejo do solo. É para isto que o Polo Regional do Iapar em Ponta Grossa vem trabalhando intensamente com o projeto Plante seu Futuro, lançado pelo Governo do Paraná, há cerca de dois anos.

A pesquisadora do Iapar, Josiane Burkner dos Santos, afirma que o Plante Seu futuro traz novamente a mensagem de boas práticas conservacionista do solo e da água. E como fazer isto? A resposta, segundo ela, é bem conhecida na região e está no Sistema Plantio Direto bem feito e associado às práticas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) e Manejo Integrado de Doenças (MID). A proposta implica em conscientizar os agricultores a adotarem as práticas e reduzirem o uso de agrotóxicos, que tanto penalizam a saúde da população. Em Ponta Grossa, só em 2015, o Sistema de Monitoramento do Comércio e Uso de Agrotóxicos do Estado do Paraná (Siagro) aponta para uma comercialização de 1.062 toneladas de agrotóxicos. Já o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), órgão do Ministério da Saúde, alerta para a relação dos produtos químicos com o câncer e salienta que a quantidade aplicada de agrotóxicos nas lavouras brasileiras equivale a 5 kg por habitante, o que coloca o Brasil como maior consumidor mundial de veneno, com 1 milhão de toneladas e isto só em 2009.

Para a pesquisadora, com as boas práticas de manejo do solo e o uso do MIP e MID é possível reduzir significativamente o número de aplicações de defensivos agrícolas por hectare/ano.

Campanha

Com o Plante seu Futuro, na safra 2015/16 se observou que o uso de inseticidas para o controle de pragas no ciclo de desenvolvimento da soja, em unidades demonstrativas do Paraná (monitoradas pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – Emater/PR), quando adotado o MIP caiu de uma média 2,1 vezes para 1,5 vezes.

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