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Brasil lista 20 pragas agrícolas que ainda não chegaram ao País

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Embrapa elaboraram, pela primeira vez em conjunto, uma lista com as 20 pragas quarentenárias ausentes prioritárias para ações de vigilância e pesquisa, que ameaçam, caso entrem no País, culturas como milho, soja, mandioca, batata, arroz e várias frutas. Três das pragas listadas já contam, inclusive, com planos de contingência. Existem atualmente cerca de 500 pragas quarentenárias – entre fungos, insetos, bactérias, vírus, nematoides e plantas daninhas – oficialmente reconhecidas como ausentes no Brasil.

Em 2007, o Ministério publicou a Instrução Normativa nº 52, que estabeleceu a lista de pragas quarentenárias ausentes e presentes. A publicação dessa lista é uma das obrigações do País como membro da Convenção Internacional para Proteção dos Vegetais (CIPV). De acordo com o coordenador-geral de Proteção de Plantas do Mapa, Paulo Parizzi, essa convenção prevê que os países devem publicar listas de pragas regulamentadas a fim de que os outros países e parceiros comerciais possam ter mais clareza quanto às ações que cada um toma para evitar a introdução de pragas, uma vez que as medidas fitossanitárias devem ser tomadas para pragas que sejam regulamentadas pelo País. “A priorização é importante porque permite desenvolver um trabalho mais focado nas necessidades específicas de cada praga destacada, visando a evitar sua introdução e melhor preparo caso entrem, e dessa forma adotar as medidas necessárias para sua erradicação e controle.”

De acordo com Paulo Parizzi,  a parceria entre o Departamento de Sanidade Vegetal (DSV/Mapa) e a Embrapa traz benefícios tanto para o trabalho de vigilância quanto para a pesquisa. “O DSV se beneficia por poder contar com especialistas para dar suporte científico às suas ações, enquanto a Embrapa tem a possibilidade de ver o resultado de suas pesquisas ser traduzido em ações de regulamentação. Assim, os esforços das duas instituições são somados na luta contra a entrada de pragas quarentenárias.”

 

Daninha Cirsium arvense prejudica trigo, soja, aveia e milho

Foto: Justin Anthony Groves

Três contam com planos de contingência

Das 20 pragas listadas como prioritárias, três já contam com planos de contingência: o fungo Moniliophthora roreri, que infecta os frutos do cacaueiro; o inseto Cydia pomonella, que ataca principalmente a maçã; e o Candidatus Phytoplasma palmae, fitoplasma que causa o amarelecimento-letal-do-coqueiro. Em março deste ano, o Mapa constituiu grupo de trabalho, do qual participam os pesquisadores Fernando Haddad e Miguel Dita, da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA), para elaborar o alerta fitossanitário e o plano de contingência para a raça 4 Tropical (R4T) de Fusarium oxysporum f. sp. cubense (Foc), fungo que ocasiona a doença conhecida como mal-do-panamá, uma das mais destrutivas da cultura da bananeira. Antes restrita ao sul da Ásia, onde sua rápida e agressiva disseminação tem provocado severas perdas em países como Filipinas, Taiwan, Indonésia e China, a raça 4 tropical, ou R4T, foi detectada no fim de 2013 em plantações da África. Segundo especialistas, sua chegada às Américas é uma questão de tempo. Existem hoje pelo menos 50 variedades suscetíveis ao R4T, o que converte esse patógeno em uma séria ameaça para a bananicultura mundial.

“Esse já é um desdobramento do trabalho de priorização. E o R4T foi considerado em 2015 oficialmente como praga quarentenária ausente pelo Mapa após trabalho desenvolvido pela Embrapa. O mesmo tentamos fazer agora com o vírus da estria- marrom-da-mandioca (CBSV), uma praga muito nociva, um vírus transmitido por mosca-branca, que causa prejuízos incalculáveis na África, que não pôde entrar na lista de prioritárias por ainda não ser reconhecida oficialmente”, conta o pesquisador Francisco Laranjeira, líder do Portfólio de Sanidade Vegetal da Embrapa.

 

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