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O Paraná e a retomada sustentada do crescimento

*Gilmar Mendes Lourenço

Cálculos realizados pelo Ipardes apontaram variação de 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná no primeiro semestre de 2014, contra incremento de 0,5% para o Brasil. Já o indicador acumulado em 12 meses até junho deste ano apurou acréscimo de 3,6% para o estado e 1,4% para a média nacional.

Considerando que Paraná e Brasil cresciam 4,6% e 2,5%, respectivamente, em dezembro de 2013, em bases anuais, é lícito admitir a reprodução regional do cenário de desaceleração da economia do país.

Tal premissa é corroborada pela queda de 0,2% constatada no Índice Paranaense de Atividade Econômica (Ipae) nos primeiros seis meses do corrente exercício, estimada pelo Departamento de Economia da UFPR, englobando os setores primário, industrial e comercial.

De fato, a matriz de produção regional foi bastante afetada pela quebra da safra de verão, provocada pela forte estiagem que atingiu o estado entre janeiro e março de 2014, prejudicando a produtividade do milho e da soja, e pelo encolhimento da indústria, especialmente entre abril e junho, determinado pelos efeitos da ausência de uma orientação macroeconômica consistente para a nação, agudizados com a crise argentina, atingindo diretamente os ramos da metalmecânica, principalmente o de material de transporte.

No caso do agronegócio, a perda acusada no quantum, captada pelo PIB, foi compensada pela conjuntura de preços globais ainda bastante elevados para as commodities alimentares, situando-se, em agosto de 2014, 31,6% acima da média histórica, 1,3% superior a 2013 e apenas 1,3% inferior aos recordes observados em 2012.

Mas o carro-chefe da estrutura produtiva regional, entre janeiro e junho de 2014, foi o setor de serviços, exibindo expansão de 4%, contra 1,1% para o Brasil, graças à conjugação virtuosa entre os desdobramentos dos investimentos em infraestrutura em execução por parte do governo estadual – a despeito da discriminação política e financeira imposta pelo Executivo federal –; a maturação dos projetos industriais de mais de R$ 35 bilhões, atraídos pelo programa Paraná Competitivo; e a natureza ainda vigorosa do mercado de trabalho local.

No que diz respeito a esse último vetor, de acordo com o Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego, o Paraná preservou o terceiro lugar na geração líquida de ocupações com carteira assinada entre os estados brasileiros, entre janeiro e julho de 2014, ficando atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais, e respondendo por 10,5% das contratações líquidas do país, sendo 77,7% das vagas produzidas no interior do estado.

O episódio retratado pelo comando, ainda que temporário, dos serviços na dinâmica econômica paranaense resulta de um planejado e articulado esforço de diversificação com dispersão geográfica, em curso por aqui, que deve passar a abrandar a incômoda dependência do estado da operação de um setor específico.

Mais que isso, mesmo sem assumir a condição de ilha de progresso em um país em crise, o Paraná, por meio das transformações plantadas em seu aparelho de negócios, nos anos recentes, encontra-se menos vulnerável aos ciclos de instabilidade no circuito nacional e mais apto a liderar a retomada sustentada do crescimento econômico brasileiro.

 

*Gilmar Mendes Lourenço, economista, é diretor-presidente do Ipardes e professor da FAE

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