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A hora de mudar (ou não mudar)…

Temos assistido desde o ano passado, as manifestações de rua, que começaram protestando contra o aumento das passagens de ônibus, trens e barcos, passaram pela oposição à Copa do Mundo e seguiram até hoje pedindo o fim da corrupção, mais segurança, casa própria, saúde, escola e dezenas de outras coisas. Nossas ruas e estradas são frequentemente bloqueadas por infindáveis protestos, muitas vezes violentos. Vivemos o sobressalto de ver ônibus e outros veículos queimados em revoltas de diferentes raízes, a maioria delas ligadas ao crime organizado. Apesar do discurso oficial, que fala em normalidade, não é isso que se vê na prática. Nossas vidas correm risco permanente, a propriedade há muito não é protegida, o direito de ir e vir é desrespeitado, as instituições mostram-se fracas e as autoridades omissas e atabalhoadas.

É nesse quadro que chegamos ao dia da eleição, onde escolheremos presidente da República, governador, senador e deputados. É o único momento em que os incomodados podem fazer algo pela mudança e os satisfeitos têm a oportunidade de deixar tudo como está. Não terão tido significado e nem um mínimo sentido prático todas as passeatas e protestos que se realizaram ao longo desse último ano e meio, se seus promotores e aqueles que dela participaram continuarem votando como antes. Se é para continuar como está, não havia razão para protestar!

A República brasileira sempre padeceu de representação popular. Nasceu nas mãos dos militares, serviu as oligarquias, foi suplantada por ditaduras e nunca foi efetivamente o poder emanado do povo, embora seja exercido em nome dele. Mesmo nos momentos de democracia e maior participação popular, o que se ofereceu ao povo é o resultado de acordos e conchavos de segmentos políticos, econômicos ou ideológicos. O povo, infelizmente, só é utilizado para dar legitimidade à vontade dos grupos que se organizam ao redor de interesses. Vivemos hoje o mais longo período democrático de nossa história, mas, mesmo assim, a estrutura partidária e de governo é dotada de vícios que precisam ser sanados para que todos – e não apenas alguns – tenham a oportunidade de chegar ao poder.

No entanto, o mais importante para o momento é votar bem. Diante da urna eletrônica teremos a oportunidade de, se insatisfeitos, dar nossa contribuição para mudar o governo e a composição das casas legislativas e, se satisfeitos, votar pela reeleição tanto dos componentes do Executivo quanto dos do Legislativo. Se a presidente e/ou o governador forem reeleitos, ficará claro que a maioria da população não concorda com os protestos contra eles dirigidos, e as manifestações têm de cessar imediatamente. Numa democracia, as minorias se curvam à maioria e, ponto final…

Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente e dirigente da Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo (Aspomil)

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