em

Um novo alvo

Carlos Brickmann

Lula pediu à CUT que desista das manifestações nacionais que marcou para sexta, 13 de março. Há quem pense que é para evitar um fiasco – é difícil manifestar-se “em favor da Petrobras” ao lado do pessoal que passou os últimos anos a sugá-la. Há quem pense que é para evitar que a manifestação marcada para o domingo, dia 15, contra o Governo, ganhe mais ímpeto. Nada disso: o Governo Federal quer concentrar todas as forças, na sexta-feira, 13, no Paraná. O objetivo é demonizar o governador paranaense, o tucano Beto Richa, e criar um novo alvo que tire Dilma do foco das notícias negativas. Culpar só FHC já não é suficiente.
Beto Richa enfrenta uma série de problemas neste início de segundo mandato. A Associação Paranaense de Professores, radicalizadíssima, ligada a partidos como PSOL, PSTU e também PT, está em guerra com o governador. Richa enfrenta a necessidade do ajuste fiscal, sempre doloroso e impopular. O Paraná – que formava com São Paulo a dupla de Estados que o PT tinha como prioritários em 2014, e nos quais perdeu já no primeiro turno – é visto como possível contraponto ao desmanche do prestígio do Governo Federal. É lá o foco da luta.
Grandes grupos de militantes pró-PT estão sendo enviados ao Paraná – CUT, MTST, MST – que Lula chamou de “exército de Stedile”, referindo-se ao chefe dos invasores de terras. Devem manifestar-se na sexta,13, contra Beto Richa e os tucanos; e ficar por lá no mínimo até domingo, 15, para contrapor-se às manifestações contra o Governo Federal. O clima em Curitiba é o mais quente do país.

Os mascarados: Isso não significa que grupos mais radicais pró-Governo tenham desistido do dia 15. O que se comenta é que pelo menos os black-blocs estarão nas ruas, nas 50 cidades em que estão marcadas manifestações antigovernamentais, para tentar no mínimo tumultuar o ambiente e descaracterizar o caráter político do evento. 
Levy e Dilma: Chega de mimimi: a frase do ministro Joaquim Levy, a respeito do custo da brincadeira da desoneração, não tem nada de ofensivo. Nem significa, a propósito, que o Governo tenha brincado. A palavra visivelmente foi usada no sentido de “situação”. É uma forma comum de expressão. Um empresário, depois de investir em modernização, pode dizer “a brincadeira custou X milhões”; um pai, falando sobre a festa de casamento da filha, diz que gastou “X milhares de reais” na brincadeira. 
Transformar isso em ofensa é meio muito. O Governo já enfrenta problemas de verdade em quantidade suficiente, não precisa brigar por bobagem.
Negócio faz parte: O caro leitor acredita que franquia é uma loja que segue determinados parâmetros ditados pela cabeça da rede, paga uma taxa por isso e ganha ao expor um nome já consolidado? Que nada! Bom mesmo é franquia de partido político. Com base numa legenda já existente, que fornece estrutura e pessoal, abrem-se outros partidos, ganha-se acesso ao farto dinheiro do Fundo Partidário; ao tempo de TV, que pode ser oferecido ao candidato, digamos, ideologicamente mais aceitável; ao lucrativo espaço para abrigar dissidentes. Os partidos já montados articulam a formação de mais oito legendas: o PSD, de Gilberto Kassab, recria o PL; Valdemar Costa Neto, do PR, livre enfim das celas da Papuda, monta para si o MB e o PMP; o PRB, da Igreja Universal, fabrica dois genéricos, mais o Partido Militar; o PEN forma o PEP, e o PR quer apenas mais um partido.

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.