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Até onde você iria para manter seu emprego?

Em meados de 2003, Luciane Lopes Borges no trabalho de conclusão de curso de MBA sobre comunicação e marketing escolheu o tema Comunicação e Responsabilidade Social. No final da banca para a apresentação do TCC estava ela pensando no próximo passo: quero estudar marketing político de agora em diante. De maneira autodidata começou a pesquisar para entender como poderia atuar no mundo das relações públicas e da política. Ela nos conta a sua história, que pode ser semelhante a de muitos profissionais neste momento de resgate da ética no nosso Brasil.

Como foi passar do sonho ao pesadelo?

Passados alguns anos, chegou o momento de atuar com relações governamentais. Fui contratada como Head de Relações Públicas de uma associação cujo propósito é intermediar os interesses dos associados como o Governo. Lembro-me perfeitamente da minha alegria na primeira viagem à Brasília. O presidente da associação seria entrevistado pela TV Senado, e como RP fui acompanhá-lo. Menos de um ano depois, estava pedindo a conta ao ouvir o meu sexto-sentido e ser fiel aos meus valores. O castelo de areia havia sido destruído completamente, pela mais fraca das ondas. Não tinha estômago para aquele jogo um tanto quanto pesado, e decidi deixar aquele emprego.

Qual a relação do que você viveu com o que estamos passando hoje no Brasil?

Pelos fatos bombásticos que estamos testemunhando no Brasil, o que me deixa perplexa é o envolvimento de profissionais e executivos do mundo corporativo em escândalos constantes. Corrupção e negocios ilícitos revelados nos corredores dos escritórios. Nunca presenciei nada deste gênero, mas só fato de ter meus valores remexidos tem muito a ver com o que as pessoas estão vivendo hoje. O fato de alguns se envolverem em esquemas de corrupção, está longe de significar que todos os empregados estariam envolvidos.

Qual o sentimento dos profissionais que trabalham em empresas citadas no horário nobre da TV diariamente?

Imaginemos a situação de um pai de família, com dois filhos na faculdade, a esposa desempregada e que lhe é solicitado (ou, ordenado) pelo chefe que faça algo distante da legalidade. Qual o impacto disso no nível de ansiedade desta pessoa? Como poderia equilibrar sua vida profissional e financeira com seus valores? Dizer não e ser demitido ou aceitar?Não estamos falando de vida e trabalho com propósito.

Como estão se sentindo seus pares em outras empresas, os quais tenham tido a chance de não atuarem fora da legalidade?

É inegável o impacto que estes escândalos trazem para o mercado de trabalho. Não do ponto de vista econômico, mas sob a ótica da ética. Em todas as empresas nas quais trabalhei, recebi e tive que reconhecer o recebimento do famoso código de ética e conduta. Isso é praxe em qualquer companhia e sempre me pareceu um sinal do comprometimento da organização com a ética e a conduta de seus empregados.

Acredito que a linha divisória tenha sido ultrapassada somente por alguns – tenho conhecidos que fazem parte do quadro de funcionários das empresas alvo de investigação e sei de comprometimento ético deles.

Frase:

O melhor programa econômico do governo é não atrapalhar aqueles que produzem, investem, poupam, empregam,trabalham e consomem

(Barão de Mauá)

*Hamilton Fonseca | Headhunter|Fusões & Aquisições

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