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Imóveis: consórcios crescem como alternativa para compra

Mesmo com um 2016 marcado pela instabilidade econômica, ainda assim, alguns setores conseguiram manter o equilíbrio no volume de negócios. Apesar da construção civil ter sido um dos setores que mais sentiram o abalo econômico, dados divulgados pela Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios (ABAC) apontam que de janeiro a dezembro de 2016 foram registradas 71,3 mil contemplações e disponibilizados R$ 7,08 bilhões em créditos para compra de imóveis, o que representou uma estabilidade em relação a 2015. Especialistas apontam a necessidade de planejamento e o acesso à informação como principais fatores para o bom desempenho da modalidade de compra.

 

O consórcio automobilístico já é bem conhecido, sempre teve um percentual de venda relevante. Mas o de imóveis ficou até certo ponto adormecido, uma vez que o governo facilitou a forma de compra com financiamentos e programas como o Minha Casa Minha Vida que obviamente se tornou a principal modalidade. Só que a instabilidade trouxe um aumento nas taxas dos bancos, que ficaram mais criteriosos. Então, o consórcio voltou a ter sua importância, afirma Claudio Hermolin, presidente da Brasil Brokers.

 

O segundo semestre de 2016, em especial, apresentou uma melhora considerável para o setor de consórcios em geral, com crescimento de 24,5% nas vendas de cotas em comparação aos primeiros seis meses do ano. No setor imobiliário, o aumento foi de 13,5%. Além disso, o tíquete médio do consórcio de imóveis – valor que o contemplado recebe quando sorteado – em dezembro ficou em R$ 120,2 mil, uma alta de 6,3% em relação ao mesmo mês de 2015. No topo do ranking brasileiro, no Estado do Paraná, a compra de imóveis através de consórcios correspondeu a 42% nesse período, enquanto no Rio de Janeiro correspondeu a 21,5%.

 

Poupança forçada – A modalidade funciona como um espécie de poupança forçada, obrigando quem contrata a pagar um valor por mês, com foco em um imóvel. Outra diferença em relação ao crédito imobiliário, segundo Hermolin, é que através dos bancos o comprador já precisa ter um imóvel em vista para ter acesso ao recurso.

 

Já o consórcio não quer saber nada sobre o imóvel, a pessoa simplesmente contrata um valor e vai pagando por mês. O valor pago não muda, não varia conforme o tempo, por isso, ótima alternativa para cenários de crise, ressalta o presidente da Brasil Brokers.

 

Nova injeção de ânimo na economia, existe ainda a possibilidade de uso do FGTS para ofertar lance, complementar o valor da carta de crédito no momento da aquisição do imóvel e, se o consorciado já estiver de posse do imóvel, pagar parte das prestações, amortizar parcialmente sua dívida ou quitar suas parcelas com a administradora. As parcelas são reajustadas anualmente, a cada 12 meses. O reajuste segue o estabelecido em contrato, ou seja, um índice como, por exemplo, o Índice Nacional de Custo da Construção (Incc). A cada reajuste da parcela o crédito também será reajustado, possibilitando a manutenção do poder de compra do consorciado.

 

Nessa modalidade de autofinanciamento não existe um perfil mais ou menos indicado, podendo beneficiar a qualquer tipo de pessoa, como explica o advogado especialista em direito imobiliário, Thiago Carregal.

 

No entanto, uma recente pesquisa demonstrou que entre os jovens é mais comum o uso do consórcio para adquirir um automóvel ou motocicleta, e entre adultos de meia idade a modalidade costuma ter como finalidade a compra de imóvel. Seja como for, é preciso lembrar a necessidade de uma rigorosa disciplina financeira para se ter um consórcio, aconselha Carregal.

 

Para escolha de um consórcio, Thiago aconselha pesquisar com calma um melhor plano, ou seja, analisar a idoneidade da empresa que oferece o serviço.

 

Podemos destacar a não necessidade de pagamento de uma entrada, a não incidência de juros e a inexistência de parcelas intermediárias. Além disso, as taxas menores e uma menor burocracia são grandes atrativos. A grande desvantagem é que não há previsão concreta para ter o imóvel, pois a contemplação ocorre através de sorteio, podendo acontecer até o término do contrato ou não. Caso o participante não seja sorteado é expedida uma carta de crédito, lembra o advogado especialista.

 

Juro menor – Praticado no Brasil desde 1990, no consórcio para compra de imóveis também possível utilizar até 10% do crédito para fazer frente a despesas, como pagamento de tributos, transferência da propriedade, registros cartoriais e seguros do próprio imóvel. Entre tantas vantagens, os juros menores foram a principal razão para o advogado Rafael Ribeiro Braga escolher o consórcio para a compra do seu imóvel.

 

Gosto da forma de pagamento e resgate. O pagamento acontece através de débito automático, o que ajuda evitar atrasos e deixar o contratante como devedor. E por ser corrigido, o valor de resgate sempre acompanha o mercado de imóveis, mas com uma baixa incidência de juros nas parcelas. O complicado, na minha opinião, é o momento da contemplação, quando temos que comprovar a renda e comprometer somente 30%, comenta o advogado.

 

Os principais cuidados antes de assumir um consórcio, segundo a Abac, passam por verificar se administradora de consórcios é autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil, verificar se o valor do crédito e o prazo de duração constam no contrato; conferir as despesas que serão cobradas; conferir a correção do crédito que será aplicado e às garantias para retirar o bem, e ainda, conferir se o que foi prometido em propaganda ou pelo vendedor consta no contrato.

 

Planejamento – O consórcio, na definição da Abac, é uma modalidade de compra baseada na união de pessoas – físicas ou jurídicas – em grupos, com a finalidade de formar poupança para a aquisição de bens móveis, imóveis ou serviços. Mas, segundo a associação, são custos, prazos e restrições de crédito que mais tem impulsionado o crescimento da modalidade nos últimos anos.

 

O bom desempenho do consórcio também se dá muito em função do cenário econômico que se instalou no país desde 2014, fazendo com que as pessoas deixassem de consumir por impulso e passassem a planejar a vida financeira. Na verdade, o planejamento é a essência do consórcio. Além disso, o aumento do acesso à informação fez com que todos pudessem avaliar, entre as diversas opções disponíveis no mercado, o que melhor lhes atendem, conclui Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da Abac.

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