Novos tempos
A evolução do acesso à informação é simples e notória. Antes eram valorizados
os profissionais que detinham muito conhecimento sobre algo e a única forma de
acesso ao conhecimento era o meio impresso, seja com livros, jornais ou revistas. Depois veio a informática e com ela, entre outras ferramentas, a internet. O conhecimento democratizou-se e em apenas alguns anos as bases teóricas foram transcritas para o meio eletrônico e disponibilizadas em milhares de páginas de busca. Entretanto, o que parecia ser um salto para o progresso acabou virando também um
problema. Hoje milhares de pessoas preferem terceirizar a arte de pensar.
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Substituição
Aos poucos se vai tentando substituir o raciocínio lógico pela arte de copiar e
colar. As competências acadêmicas vão sendo alteradas. Antes, ao aluno cabia a
função de ler um livro e transcrever as principais idéias ali encontradas. Já o
professor dedicava-se a verificar se as idéias do autor haviam sido corretamente
interpretadas. Hoje, erroneamente, alguns alunos consideram como triunfo acadêmico a habilidade de encontrar trabalhos prontos na internet e, ao professor, resta desenvolver
mecanismos para identificar e punir o crescente número de plágios e cópias
estrategicamente deturpadas pelos seus alunos. Alguns pais preferem encarar essa
relação entre docente e discente como apenas uma evolução tecnológica da antiga
cola.
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Outras consequências
Porém, o efeito é exponencialmente mais danoso para o aluno que no
passado. Hoje, o exercício de estudar vem sendo atacado pela tecnologia.
O escrever vem sendo substituído pelo digitar. E a capacidade de pensar por si
só, tão necessária para uma carreira profissional de sucesso, vem sendo
preterida com a anuência dos pais que preferem o conforto do computador ao
esforço do apoio pessoal no estudo dos filhos. O resultado é o analfabetismo
intelectual que é a pena imposta pelo meio empresarial a quem acha que a
informática poderá substituir a capacidade do ser humano de pensar.
Luciano Salamacha