O aumento considerável na frota de veículos nas cidades brasileiras, ao longo dos últimos anos, fez com que o pedestre tivesse reafirmada sua posição como elemento mais frágil no trânsito urbano. No esforço por prevenir acidentes ou reduzir suas consequências, uma série de ações foram tomadas, desde blitze educativas até a instalação de estruturas de sinalização voltadas especialmente a esse público. No entanto, os atropelamentos continuam ocorrendo.
De acordo com o Corpo de Bombeiros de Ponta Grossa, os números de atropelamentos e de vítimas tiveram pouca variação nos últimos três anos, com uma média de 250 ocorrências a cada ano, resultando em aproximadamente 270 vítimas, e óbitos em número variável.
Na noite de quarta-feira (20), o aposentado Albino Domingues de Souza, 80 anos, perdeu a vida após ser atingido por uma motocicleta. O acidente ocorreu enquanto ele atravessava a Rua Euzébio de Queiroz, nas proximidades do Núcleo David Federmann, em Uvaranas.
Para a supervisora da Seção de Educação no Trânsito da Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT), Jocelei Aparecida Kingeski, existem cuidados básicos que colaboram para evitar os atropelamentos. No caso dos idosos, o próprio Estatuto do Idoso orienta que eles, preferencialmente, estejam acompanhados durante os deslocamentos. Além disso, as travessias de rua devem ocorrer sempre em linha reta, e em lugar com visibilidade, explica. Ela lembra que também é fundamental prestar atenção à sinalização, e fazer uso dos semáforos para pedestres e faixas elevadas. No entanto, existem formas adequadas para o uso desses equipamentos.
Atenção ao caminhar
O tenente Paulo Ramos, comandante do Pelotão de Trânsito da Polícia Militar de Ponta Grossa, lembra que a desatenção é, hoje, a maior inimiga no trânsito. Isso é comum entre os condutores, já que tecnologias multimídia como GPS, rádio e DVD tiram o foco da via e podem, em questão de segundo, causar acidentes. Especialmente no caso dos pedestres, a desatenção pode custar caro. Aplicativos de envio de mensagem via celular e fones de ouvido fazem com que o pedestre concentre a visão e audição para longe do trânsito. Isso é um problema, principalmente porque a audição no trânsito auxilia muito, comenta.
Legislação
Um problema recorrente na cidade se refere à interferência de obras da construção civil na livre circulação de pedestres pelo passeio. O Código de Obras (Lei 6.327) de Ponta Grossa é bem claro sobre diversos itens, e muitos deles são desrespeitados. Por exemplo, quando tapumes avançam sobre o passeio, deve haver um espaço mínimo de 70 centímetros exclusivo à passagem dos pedestres e em boas condições de conservação para o trânsito. O problema é que a Lei diz que as vistorias ocorrerão periodicamente, mas não informa com que periodicidade. Atualmente o Município conta com apenas 10 fiscais para verificarem a conservação de passeios em toda a cidade.
A Prefeitura Municipal reforça que, ao se deparar com situações irregulares, a comunidade deve denunciar através de protocolo na Praça de Atendimento, ou pelo telefone do Departamento de Urbanismo (3220-1320) ou pelo sistema Prefeitura 156.
Cuidados
Confira algumas dicas para o tráfego de pedestres, segundo orientação de especialistas em segurança no trânsito:
– Olhe para os dois lados ao atravessar a rua, mas também ouça se há veículos se aproximando
– Atravesse na faixa de pedestre sempre que possível
– Mesmo onde houver faixa elevada e semáforo para pedestre, só atravesse quando houver contato visual com o motorista
– Atenção, alguns semáforos para pedestre funcionam com botoeira. Aperte o botão, mas espere os carros pararem para iniciar a travessia.
– Evite usar fone de ouvido e celular enquanto caminha.
– Caminhe na calçada
Você sabia?
Nesta sexta-feira (22) é celebrado o Dia Mundial Sem Carro. Em cidades do mundo todo, pessoas optam por deixar o carro na garagem e usar modos alternativos de transporte. Em Ponta Grossa, cerca de 30% da população usa, em dias úteis, o serviço de transporte público.
