Em 2012, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 14 milhões de pessoas foram diagnosticadas com câncer.
Congelar a dor e as consequências de um tumor maligno para restituir o calor da vida saudável é a meta máxima de um procedimento que devolve a saúde para muitas pessoas a Crioablação.
Mas do que se trata? Por que esse tratamento ainda é pouco conhecido no Brasil? Os convênios cobrem essa terapia? Quais os prós e contras desse procedimento?
Considerada minimamente invasiva, com menor risco cirúrgico. Capaz de preservar os tecidos sadios e órgãos ao seu redor e o próprio órgão lesado. Assim é a Crioablação, uma técnica da medicina, para tratamento de pequenos tumores, que consiste na introdução de um crioprobe – espécie de agulha sem furo no interior de um tumor maligno por onde são infundidos gases nobres, o argônio para congelar e o hélio para descongelar. Os gases passam pelo interior do probe, não há contato dos gases com o paciente.
Forma-se uma bola de gelo na extremidade do probe que, aos poucos, engloba o tumor. Assim, as baixas temperaturas ( -20 a -150ºC), congelam o tumor por 20 minutos e este choque térmico produz a ruptura intra e extra celular, eliminando qualquer chance de sobrevida dessas células, explica Dr. Marcos Menezes, do Hospital das Clínicas e Hospital Sírio Libanês.
De acordo com o radiologista intervencionista, o procedimento é realizado com anestesia geral em sala de tomografia sem necessidade de incisão, o paciente pode sair do hospital no dia seguinte ou até no mesmo dia, depende da complexidade do caso. Isto diminui consideravelmente o risco de contrair infecção hospitalar, além do benefício sócio econômico.
Mais de uma década no país e o tema ainda é pouco difundido. Os estudos no Brasil começaram em 2001, com o tratamento de 30 pacientes com câncer de próstata, no Hospital das Clínicas, em São Paulo/SP.
Atualmente mais de 500 pacientes já foram atendidos em hospitais particulares, com casos mais comuns de cânceres renais, pulmão, ossos e próstata, bem localizados, livres de metástases e de até oito centímetros.
Novas técnicas demandam profundas pesquisas e um tempo natural para que sejam aceitas pela ANS e pelo SUS.
Os Hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein, em São Paulo/SP, Quinta DOr, no Rio de Janeiro/RJ, e o Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba/PR, já oferecem a técnica há alguns anos com regularidade. Além destes, os Hospitais Samaritano, Paulistano, Oswaldo Cruz e São Camilo, em São Paulo/SP, Unimed RJ e Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro/RJ e Aliança de Salvador/BA, também investiram, mais recentemente, em infraestrutura para oferecer a Crioablação em suas unidades.
A Crioablação é largamente usada, por exemplo, nos principais Centros de Tratamento de Câncer dos EUA: MD Anderson, Johns Hopkins, Cleveland Clinic, Karmanos Center.
Um dos depoimentos inéditos no Brasil sobre a Crioblação, paciente Maria Luisa, paulista, 41 anos, que passou por uma difícil cirurgia de mama e, ao descobrir uma metástase no pulmão, fez a crioablação. Fiquei desesperada achando que ia morrer, na época eu estava com 38 anos. Quando eu fiz a cirurgia da mama, eu não conseguia levantar o braço. Se eu deitasse, eu não conseguia deitar. Já na cirurgia do pulmão, eu não senti nada disso. Tanto é que eu tive alta depois de três dias, dando risada e saí sorrindo do hospital.
Milhares de pessoas no exterior já se submeteram ao tratamento, incluindo países da América do Norte, da Europa e alguns países da Ásia.