Promotores de Justiça de todo o Paraná estão sendo orientados a expedir recomendação administrativa para que os Municípios se abstenham de conceder férias coletivas aos agentes de controle de endemias e integrantes de equipes das vigilâncias epidemiológicas e sanitárias. A medida, recomendada pelo Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção à Saúde Pública, busca evitar que a prática volte a ser adotada justamente no período de verão, quando a incidência de casos de dengue aumenta e o trabalho de visitação aos imóveis, feito por esses servidores, com vistas à eliminação de focos do mosquito transmissor da doença, precisa ser intensificado.
A orientação do Centro de Apoio que faz parte de um rol de medidas sugeridas pelo MP-PR para evitar a proliferação da doença justifica-se, em especial neste ano, quando o Paraná vive a séria ameaça de uma epidemia de dengue, agravada pelo risco de propagação da febre chikungunya. Segundo Ivana Lúcia Belmonte, chefe do Centro de Vigilância Ambiental da Secretaria Estadual da Saúde, a preocupação decorre do número de casos confirmados entre os meses de agosto e outubro deste ano. Eles equivalem a mais do que o dobro do observado no mesmo período de 2012, quando o Estado registrou a sua maior epidemia de dengue, com 110.744 casos notificados e 54.716 confirmados.
O período de verão é, tradicionalmente, o de maior incidência de dengue, com o pico no final da estação. Este ano, porém, o problema está se antecipando. Em agosto, como exemplo, tivemos o dobro dos casos registrados no mesmo mês de 2012 e 2013. Isso pode indicar duas coisas: o pico de casos será antecipado, ou o período epidemiológico 2014/2015 terá um número de casos bem mais elevado, podendo superar o recorde histórico de 2012/2013, explica Ivana Belmonte.
Outro dado que aponta para um agravamento do quadro da dengue no Estado, nos próximos meses, é a existência de municípios paranaenses já em situação de epidemia. Estamos na Primavera e já temos duas cidades nesta condição: Paranapoema e Itaúna do Sul. Isso nunca aconteceu antes, comenta Ivana Belmonte.