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Presos relatam em carta más condições do ‘Cadeião’

Detentos da Cadeia Pública Hildebrando de Souza, em Ponta Grossa, escreveram uma carta relatando más condições dentro das celas. Os relatos foram entregues para os familiares que direcionaram o documento para alguns órgãos da imprensa. O objetivo, de acordo com as famílias, é que a situação chegue até os Direitos Humanos e de que providências sejam tomadas.

A reportagem do DC teve acesso aos relatos da carta escrita pelos detentos no dia 31 de outubro. "Senhores, estamos hoje com aproximadamente 41 detentos na cela, em um espaço de apenas seis camas. Nossos colchões estão podres, temos poucas entradas de ar. Estamos sujeitos a doenças de alergia e coceiras. Enfim, poucas coisas para nós já fazem grande diferença", descreve as linhas da carta.

Os presos dizem ainda sobre uma reivindicação que fizeram junto aos funcionários da cadeia no mês passado. "Mas, infelizmente, os funcionários nos ofenderam e nos ameaçaram. Um deles nos rebaixou de lixo e nos tratou com tom de ameaça".

"Nós temos que pagar para a Justiça pelo que nos foi imposto. Queremos voltar para os braços das nossas famílias. Sabemos que os nossos direitos e a nossa condição de presos não estão sendo respeitadas", complementou a carta.

Familiares

A esposa de um dos detentos confirmou a situação e relatou que as condições de higiene são muito precárias dentro das celas. "Nós temos um filho de apenas um ano e que vai junto nas visitas. Nós deitamos no mesmo colchão e voltamos para a casa com coceira. O cheiro de esgoto é insuportável e eles sempre dizem que acordam com ratos que sobem pelo vaso", disse a mulher que não quis ser identificada.

"Reconheço que o meu filho e os demais precisam pagar pelos erros que cometeram. Mas é necessário que eles vivam com o mínimo de qualidade de vida. Já tentei levar um colchão novo pra ele, tentei de todas as maneiras ajudá-lo de alguma maneira. Mas ninguém nos permitiu. É uma questão de saúde pública. Se um ficar doente lá dentro, todos irão ficar", disse o pai de um dos presos.

Estado

O DC procurou o governo do Estado, através da Secretaria Estadual de Cidadania e Segurança Pública, para esclarecer a situação. Em nota, o Departamento Penitenciário do Paraná informou que desconhece tal documento e alegou que não recebeu nada oficialmente sobre todos os casos relatados na carta. No entanto, garantiu que tudo será apurado e de que a direção do Hildebrando irá tomar as medidas cabíveis.

Governo abre vagas emergenciais no sistema carcerário

O secretário da Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp) do Paraná, Wagner Mesquita, anunciou o investimento de R$ 8 milhões já autorizados pelo governador Beto Richa para a compra imediata de celas modulares – 'shelters'. Nas próximas semanas serão abertas 612 vagas, que permitirão a retirada de presos em delegacias.

Estas celas modulares, equipadas com camas e banheiro, serão instaladas em seis cidades: Curitiba, Piraquara, Guarapuava, Maringá, Londrina e Cornélio Procópio. Ponta Grossa não foi citada sobre a implantação das celas.
A Sesp informou ainda que Ponta Grossa será contemplada com um novo presídio. Porém, ainda não há previsão do início das obras, por conta de reformulações que ocorreram no projeto.

Mulher de um detentos comenta sobre o mau cheiro dentro das celas. (Foto: Daniel Calvo)

 

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