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Política do governo é uma ‘bomba-relógio’, diz Alvaro Dias

Um dos líderes da oposição, senador afirma que Dilma Rousseff promoveu uma série de ‘ações equivocadas’ que culminaram em crise; tucano ainda critica o colega de partido Beto Richa e lamentou violência contra professores

 

 

Divulgação

Senador do PSDB admite que o partido trabalha na viabilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff

 

Um dos principais nomes da oposição ao governo de Dilma Rousseff (PT), o senador paranaense Alvaro Dias (PSDB) vê o atual governo federal em uma situação delicada, para ele, há uma instabilidade instaurada no Executivo, fruto de uma crise que já vinha se ensaiando há alguns meses, e que foi eclodir somente após as eleições do ano passado.

E entrevista exclusiva ao Diário dos Campos, o senador também admite que um processo de impeachment da Presidente da República é algo que vem sendo trabalhado dentro do partido, respaldado também em um apoio popular. “É um processo que se exige apoio popular e um fato jurídico. O apoio popular existe, o fato jurídico está sendo buscado, o nosso partido está analisando as possibilidades, consultando juristas. Quando aparecer a oportunidade, é dever da oposição entrar com um pedido”, analisa.

Lembrado também por um incidente com professores quando era governador do Paraná, em 1988, quando a cavalaria da Polícia Militar deixou dez pessoas feridas durante uma greve de professores, Alvaro Dias analisou os fatos ocorridos na última quarta-feira, quando o protesto de servidores estaduais culminou em repressão policial que deixou mais de 200 pessoas feridas. Para o senador, os ocorridos no Centro Cívico foram ‘lamentáveis’, embora ele evite colocar a culpa sobre a violência sobre o governador e correligionário Beto Richa (PSDB). “Não cabe a mim buscar um responsável”, pondera. Ainda assim, o senador não poupa críticas ao atual governador do Estado, e tece críticas à proposta de Richa em alterar o sistema previdenciário estadual.

Por fim, Alvaro Dias não comenta sobre os próximos planos eleitorais, para o senador, ainda é cedo falar sobre qualquer possibilidade de candidatura ou plano políticos para os próximos anos: “É inoportuno comentar sobre assunto nesse momento”. Confira na íntegra a entrevista:

 

Diário dos Campos – Como o senhor analisa o atual cenário político nacional, sendo um dos principais nomes da oposição e com o governo federal em uma crise de popularidade?

Alvaro Dias – Há vários anos alertava-se para o que chamo de ‘bomba-relógio’ que o governo vinha promovendo no Executivo nacional. Foram várias ações equivocadas que foram se acumulando e culminaram em ser expostas depois do processo eleitoral, era uma situação visível que se chegaria a este cenário que encontramos hoje. Uma crise se alastrou, crise ética, política e econômica, e com isso a perda de credibilidade do governo é inevitável.

DC – O senhor tem acompanhado os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobrás e as ações da Operação Lava-Jato?

Alvaro Dias – A CPI é a oportunidade de transformar alguns fatos mais conhecidos para a população. Ela não irá revelar um fato novo, essa CPI chegou atrasada, deveria ser feita há alguns anos, mas é uma oportunidade de encaminhar os fatos ao Ministério Público para que sejam tomadas as devidas medidas. A Operação Lava-Jato é uma investigação que vem sendo feita de uma maneira exemplar pela Justiça e Polícia Federal, mas no momento eu tenho me dedicado a trabalhos que considero mais urgentes, como as CPIs do BNDES e dos Fundos de Pensão, por exemplo.

DC- O processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff tem sido levantado por alguns parlamentares de oposição. O seu partido (PSDB) tem discutido essa possibilidade e o senhor acredita na viabilidade desse processo?

Alvaro Dias – Isso é muito fácil de interpretar. Em um processo de impeachment se exigem duas coisas: o apoio popular e um fato jurídico. O apoio da população existe, isto é claro, e o fato jurídico está sendo buscado, o nosso partido está analisando as possibilidades, consultando juristas. Quando aparecer a oportunidade e houver este fato jurídico, é dever da oposição entrar com um pedido.

DC- Um dos projetos mais polêmicos que o Congresso tratou nos últimos dias foi o da terceirização da atividade-fim, aprovado pela Câmara e que agora seguiu para o Senado. Qual a posição do senhor em relação a este projeto?

Alvaro Dias – O projeto da terceirização está em uma fase preliminar no Senado, mas eu vejo como algo imprescindível para regular uma situação que já existe há anos, algo que vai modernizar as relações trabalhistas, além de gerar arrecadação. É um tema polêmico que permaneceu por 11 anos no Congresso, não é fácil de se tratar, que houve divergências e agora é o momento de se discutir, debater a proposta, melhorá-la, se necessário, o objetivo e a função do Senado é essa.

DC – A reforma política é outro tema que vem sendo debatido no Congresso, o senhor tem um posicionamento sobre o assunto?

Alvaro Dias – A única coisa que eu posso dizer é que a classe política do Brasil deve pedir perdão à população por ainda não ter feito a reforma política. É um tema complexo para se resumir, mas é evidente que o governo é responsável por esse atraso e o Congresso também está devedor junto à população sobre o tema.

DC – O governador do Paraná é do mesmo partido que o seu, e durante a semana esteve envolvido em um episódio de violência na tentativa de aprovar um projeto polêmico, sobre o sistema previdenciário. O senhor teve alguma conversa com o governador Beto Richa e acompanhou os fatos ocorridos na quarta-feira?

Alvaro Dias – Mesmo sendo do mesmo partido, do mesmo estado, não sou próximo do governador Beto Richa, temos algumas divergências, isso é evidente, todos sabem. Eu atuo de forma independente, neste aspecto. Eu jamais fui procurado pelo governo, não fui consultado, não foi pedido qualquer tipo de sugestão. O modelo de sistema previdenciário que vai ser adotado no Paraná, de transferência de recursos para necessidades emergenciais, não é uma boa prática. O governo federal vem adotando este tipo de prática e é por isso que o sistema previdenciário é deficitário. Eu combato a utilização do fundo previdenciário e a transformação desses recursos para cobrir outros setores. Quanto aos incidentes ocorridos durante a votação desse projeto, eu só posso lamentar. Me solidarizo aos professores e outras pessoas feridas. Não cabe a mim responsabilizar os culpados pelo que aconteceu, mas foi algo lamentável.

DC – O senhor e o seu partido já estão discutindo algum tipo de projeto para as próximas eleições para governador e presidente? O senhor tem algum plano de candidatura?

Alvaro Dias – Eu não discuto esse tema, não é de meu interesse no momento e acho extremamente inoportuno abordá-lo atualmente. Há questões muito mais importantes para serem discutidas agora.

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