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“Não é prioridade dizer que a Rede vai ter candidato à prefeitura”

Deputado federal Aliel Machado

No dia 27 de setembro o deputado federal ponta-grossense Aliel Machado surpreendeu o cenário político anunciando sua saída do PCdoB -onde estava há quase dez anos – e informando sua filiação ao recém criado Rede Sustentabilidade, projeto capitaneado pela ex-senadora e candidata à presidência da República Marina Silva.

Tradicionalmente ligado à esquerda, Aliel agora integra uma legenda que evita os selos de situação ou oposição, prefere ‘independência’, adota conceitos mais amplos como ‘projeto’, horizontalidade’ e flutua entre a crítica e o apoio aos governos de direita ou esquerda.

Em entrevista exclusiva ao Diário dos Campos o deputado federal explica os motivos da mudança, assegura que não foram motivados pensando nas eleições para Prefeito no ano que vem, evita falar em se lançar como concorrente ao Executivo, assegurando que discute um ‘projeto’ para a cidade, ao lado de lideranças como os deputados estaduais Marcio Pauliki (PDT) e Péricles de Mello (PT), os quais, garante Aliel, o apoiaram na mudança de partido. Confira trechos da entrevista.

 

Diário dos Campos- Nessa semana o Sr. anunciou a mudança para a Rede Sustentabilidade, quais os motivos dessa mudança?

Aliel Machado – Minha história no PCdoB tem quase dez anos, criei uma história com outros camaradas, pessoas valorosas, que respeito muito, como o Thiago Moro, presidente do partido na cidade e meu amigo, lideranças estaduais, todo mundo que ajudou a construir um projeto o qual eu liderei em alguns momentos. Tivemos algumas desavenças, mas a mais drástica foi a questão da Medida Provisória 665, que tirava os direitos do seguro desemprego, do abono salarial, e entramos em contradição. Votei contra a medida, a favor do trabalhador e de uma medida que está no programa do partido, que jamais seria contra. Então eu não saí do partido, mas o partido que saiu de si mesmo. Ao contrário do que se disse, eu nunca procurei nenhum partido pra filiação, só que nós passamos por um momento de mudança, de transformações, que as pessoas colocam em dúvida as promessas de campanha, no governo federal, estadual e municipal. Recebi a ligação do deputado federal Alessandro Molon, conversei com a Marina (Silva) por quase duas horas, e recebi convite para ingressar na Rede. Já tinha conhecimento do que a ela trazia de diferente, onde oferece uma alternativa à sociedade, trouxe as mudanças para o que queria na reforma política, por exemplo, dialoga com os movimentos sociais. Eu não estou mudando de partido, estou indo para um novo partido, ao contrário do que disseram, que era por oportunismo, esse meu partido não tem tempo de tv, não tem fundo partidário.

 

DC – Se comentou que a mudança teria uma ambição nas eleições do ano que vem, visando a Prefeitura. isso tem algum fundamento?

Aliel – O candidato que começa pensando unilateralmente na campanha do Executivo dessa maneira começa derrotado, porque uma cidade como Ponta Grossa, com os desafios que proporciona, depende de um grupo político, e a decisão tem que ser coletiva. Jamais mudaria de partido pensando em ser candidato a prefeito. Toda eleição é uma oportunidade para se discutir a cidade, e hoje eu tenho uma proximidade com duas lideranças de grupos muito respeitados na cidade, os deputados Marcio Pauliki (PDT) e Péricles de Mello (PT). Vou participar da eleição do ano que vem, estando em qualquer partido, sendo ou não candidato. Hoje eu não sou candidato, nunca falei que seria, e o que temos é um grupo, com propostas, ideias.

 

DC- Mas o Sr. pensa em se candidatar à Prefeitura?

Aliel – (Ri) De qualquer jeito eles sempre perguntam né? Eu penso que talvez eu tenha que ser candidato, mas isso vai depender de como esse grupo vai caminhar até a eleição. Hoje eu defendo que esse grupo tem que estar unido, que o Pauliki, Péricles, o PMDB, podem discutir a cidade. Eu entendo que há um grupo de pessoas muito competentes que podem vir a se candidatar. Hoje não é prioridade dizer que a Rede vai ter candidato próprio à prefeitura de Ponta Grossa, hoje o que a gente espera é contribuir com a cidade.

 

DC- Como foi a recepção desse grupo político à sua mudança de partido? Eles demonstraram interesse em prosseguir com esse projeto político?

Aliel – A única pessoa com quem conversei, além da minha família, antes de tomar uma decisão foi o Péricles. O momento atual exige ousadia, coragem. Ambos os deputados me elogiaram e a gente está pensando na cidade. Essa coisa de personificar, da vontade individual, não é importante. O que se quer é tentar unificar esse grupo em torno de um consenso e apresentar um projeto conciso e coerente para cidade.

 

DC – Houve mais adesões à Rede Sustentabilidade em Ponta Grossa, além da sua, caso dos vereadores Antonio Aguinel e Pietro Arnaud. Qual foi sua influência nas decisões deles e como vocês pretendem trabalhar?

Aliel – A diferença da Rede é que não tem um comando, é um trabalho coletivo, não tem a figura do presidente, nem estadual, municipal ou nacional. E o Pietro (Arnaud) é uma liderança, tem uma história política importante, e foi atraído pelo mesmo que eu, a Rede é uma alternativa para se discutir a cidade, o país. O (Antonio) Aguinel tem uma proximidade maior, se elegeu comigo, tem uma história de luta ligada aos trabalhadores do transporte, extremamente séria e tem uma ligação forte com a questão ambiental, teve projetos e vindo para a Rede terá condições de defender essas convicções. E tem pessoas muito boas vindo para o partido, só essa semana filiamos vários professores, advogados, profissionais liberais, empresários, pessoas que há muito tempo colaboram com a sociedade e que agora veem uma perspectiva de futuro para ajudar a discutir a cidade, independente de candidatura, é para construir um projeto novo.

 

 

Fábio Matavelli
Aliel agora integra uma legenda que evita os selos de situação ou oposição, prefere ‘independência

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