Com ideias como criação de um fundo bilionário para partidos, Reforma Política deve ser votada esta semana; propostas são criticadas por deputados ponta-grossenses
Nos próximos dias, a Câmara Federal deverá analisar mais uma proposta de reforma do sistema político-eleitoral. As sugestões apresentadas, perlo próprios parlamentares, variam de criação de um fundo bilionário para custear campanhas, passando por mudança de datas de posses e chegando em propostas difusas para o sistema de escolha para o Legislativo.
O pacote de mudanças deve ir para análise na Câmara na quarta-feira (23), e os representantes de Ponta Grossa no Legislativo, Sandro Alex (PSD) e Aliel Machado (Rede) analisam a reforma política proposta. Divergentes em alguns pontos, ambos concordam em um ponto: as mudanças propostas ficaram muito aquém do esperado e não satisfazem aos anseios da população. A possibilidade de se criar um fundo que pode superar os R$ 3 bilhões é uma das principais críticas dos dois parlamentares.
Aliel e Sandro divergem das propostas do ‘distritão’ e ‘distrital misto’ mas também admitem que o atual não é o melhor, e veem dificuldades de se aprovar uma verdadeira reforma no sistema política no país e que satisfaça aos eleitores.
Confira a análise dos parlamentares ponta-grossenses:
– Mais uma reforma
Sandro Alex
É a terceira discussão sobre reforma política que acompanho na Câmara. É um assunto que vejo com certo receio, é sempre a mesma novela. E os capítulos mais importantes não estão na pauta, que seriam a cláusula de barreira e o fim de coligações
Aliel Machado
O que se discute hoje é uma reforma eleitoral, não uma reforma política. É preciso avançar a discussão, o sistema político no Brasil precisa ser discutido, questões como fim de coligação, e cláusula de desempenho para partidos
– Propostas apresentadas
Sandro Alex
O texto é muito ruim, chega a ser bizarro. Muita coisa foi retirada, mas outras ainda permanecem. A possibilidade de candidaturas simultâneas, podendo concorrer ao Executivo e ao Legislativo não tem cabimento
Aliel
Estas mudanças foram apresentadas com vistas a proteger o sistema atual. A comissão até teve uma boa intenção, mas não apresentou resultados esperados. Mas deverão ser apresentados destaques, que podem modificar, tem que se ver o que virá a plenário
– Fundo para custear campanhas
Sandro Alex
O fundo é o problema maior, chega a ser uma afronta, um disparate. Não vou votar a favor do texto, é algo que deveria ser rasgado e queimado, porque não se aproveita nada
Aliel Machado
Não sou contra o custeio público, mas não dessa maneira. Isso vai na contramão daquilo que a população espera. Em um momento de crise, não posso concordar com isso
– Distritão, misto, ou sistema atual?
Sandro Alex
O distritão realmente não é adotado em muitos países, porém a população não é contrária. O que acontece hoje é praticamente um ‘semi-distritão’. Realmente, o partido fica com menos peso neste sistema, mas hoje, que partido está fortalecido? O sistema de lista fechada realmente é adotado na maior parte dos países desenvolvidos, mas no Brasil, serviria para perpetuar oligarquias
Aliel Machado
Nenhum sistema parece ideal. As pessoas não entendem o atual sistema e também não é o ideal, além de ser caríssimo. Sou a favor do sistema misto, porque de algum forma valoriza o regional, mas também leva em conta o peso do projeto de partido, que é algo importante. No ‘distritão’ quem tem mais dinheiro leva vantagem e dificulta a renovação da política
– Reformas que atendam os anseios da população
Sandro Alex
O Brasil está em uma situação tão ruim que todo mundo fundamenta sua hipótese para tentar solucionar. É uma situação muito difícil, com um sistema que está degringolando e difícil de encontrar uma solução porque aqueles que votam as reformas são os maiores interessados, onde o pensamento individual se sobrepõe ao da democracia
Aliel
É muito difícil haver uma mudança de fato porque é um parlamento sem condições para isso, e é o próprio sistema que vai analisar, e ninguém vai querer mudar. Temos um sistema político falido, a verdadeira reforma política começa pelo custeio do Estado, pelos problemas tributários, pelo regime de governo, pela própria Lei de Responsabilidade Fiscal e pela falta de legitimidade da classe política