O Dentista Periodontista Dr. Márcio do Rocio Fernandes, explica que o mais importante para a escovação é o conhecimento da pessoa sobre sua anatomia. Existem várias técnicas de escovação e é preciso escolher qual a melhor. “Cada paciente deve pedir orientações ao seu dentista sobre a melhor forma de escovar seus dentes. O fato é que todas as faces expostas dos dentes devem ser escovadas. Nos posteriores, por exemplo, que têm a forma de um cubo, não é possível higienizar as faces encostadas em outros dentes, mas as três faces expostas precisam ser escovadas, além do uso do fio dental, que deve ser diário”.
Para começar, o correto é escovar os dentes logo ao acordar, antes mesmo do café da manhã. “O período em que a pessoa passa dormindo – normalmente em média 8 horas – de boca fechada e com a saliva e todas as enzimas presentes na cavidade bucal, mais as bactérias, levam a uma esfoliação de tecidos, o que configura-se como um processo fisiológico normal. Porém, estes tecidos degradados vão gerar mau hálito. Sendo assim, o correto é que a pessoa faça a higienização antes da primeira refeição e, obviamente, depois de se alimentar para eliminar os resíduos de comida”, explica Fernandes. A língua é outra estrutura que deve ser higienizada, por conta das papilas gustativas que tem suas irregularidades e retém resíduo alimentar.
MAU HÁLITO: QUAIS AS POSSÍVEIS CAUSAS?
Fernandes pontua que uma das causas do mau hálito provém de problemas gastrointestinais. No entanto, na maioria das vezes, a origem do problema está na boca mesmo. “As próprias doenças periodontais, que causam um processo inflamatório e sangramento, são as maiores causas de mau hálito no paciente”. De acordo com o dentista, às vezes, até mesmo cáries e próteses não muito bem adaptadas, podem ser a origem do odor. Além dos dentes do siso em processo de erupção, que geram retenção de alimentos.
“Outro fator é a falta de uma frequência alimentar durante o dia. O período muito longo sem ingerir nenhum alimento ou bebida leva a uma decomposição de tecidos, o que provoca mau hálito. Quando você ingere um alimento ou bebe alguma coisa, você está fazendo uma auto limpeza”, garante. Portanto, ficar horas sem comer, do café da manhã ao almoço por exemplo, é um período grande e pode ser uma das causas do hálito ruim.
EXISTEM PRODUTOS IDEAIS PARA A HIGIENIZAÇÃO?
A pasta dental, segundo Fernandes, é um mero coadjuvante na escovação, ela não é milagrosa e não vai resolver se a pessoa não tiver uma boa escovação. Tanto a pasta, quanto o enxaguatório bucal são complementos, produtos que estimulam a pessoa a higienizar, seja pelo sabor, pelo aroma, ou pelo frescor. O dentista ensina que o melhor é procurar produtos que contenham flúor. “No caso da pasta dental, por exemplo, é importante ler o rótulo para saber a quantidade. A porcentagem correta de flúor em uma pasta dental é em torno de 1000 a 1500 partes por milhões (ppm) na sua consistência”. De acordo com ele, quanto mais tempo a pasta de dente permanecer sobre a superfície dos dentes, maior a absorção do flúor.
Outro aspecto importante que deve ser levado em conta é a consistência da pasta. Existem aquelas que são mais abrasivas, que devem ser evitadas. “Elas são prejudiciais à estrutura dental, pois provocam um desgaste, principalmente aos pacientes que possuem exposição de raiz. O próprio atrito da escova, associado a uma pasta muito abrasiva vai gerar um desgaste de superfície e gerar sensibilidade”. Quanto mais arenosa a pasta, mais abrasiva.
Os enxaguantes bucais também devem conter flúor e, de preferência, não possuírem álcool na composição.
QUANDO DEVO TROCAR MINHA ESCOVA DE DENTES?
O tempo ideal para a troca da escova de dentes acaba sendo relativo. Muitos falam em três meses, mas isso pode variar bastante dependendo da força que a pessoa exerce na hora da higienização, podendo deteriorar a escova mais rapidamente. Existem escovas que contém indicadores, elas apresentam mudança na coloração da haste, por exemplo, na hora de trocar.
“Como não há um período exato para a troca, o mais importante é observar se as cerdas continuam eretas. Depois de um tempo, elas começam a apresentar uma curvatura. Quando chega neste ponto, ela perde a função de entrar nas regiões necessárias para uma boa escovação”.
Em relação ao melhor tipo de escova, o dentista recomenda optar sempre pelas que possuem cerdas irregulares, que não tenham a estrutura reta, “pois a variação do tamanho das cerdas é importante para o alcance de sujeiras alojadas nos lugares mais difícil de limpar. Além disso, é preciso encontrar escovas que se ajustem bem à estrutura da boca. Não adianta ser uma boa escova, ela precisa ter o tamanho certo. Normalmente as menores oferecem uma flexibilidade maior”, pontua.
COMO A ALIMENTAÇÃO INTERFERE NA SAÚDE DOS DENTES?
“O principal é o paciente entender que alimentos que possuem quantidade excessiva de açúcar ou amido vão ajudar as bactérias a serem mais agressivas sobre a superfície dental e tecidos gengivais. O álcool também ajuda a degradar a superfície dos tecidos moles, que são gengiva e língua. Ele diminui o fluxo de saliva por conta do ressecamento e o organismo precisa regenerar. Além disso, bebidas com muita pigmentação, como vinho, refrigerante e café, ajudam a manchar a superfície dental”, destaca Fernandes. Ele ressalta que estes alimentos devem ser evitados em excesso.
Outro fato – talvez não muito conhecido em relação à ação dos alimentos na estrutura dos dentes – é que frutas muito ácidas, como abacaxi e laranja, por exemplo, levam a uma descalcificação dos dentes. “Isto acontece porque as bactérias já produzem ácido e, quanto mais ácido no meio bucal, mais fácil para elas desmineralizarem a superfície do esmalte, tornando o ambiente mais propício para as cáries”. Portanto, é importante que a pessoa não faça a higienização dos dentes logo após o consumo de alimentos ácidos, pois quando a escova gera atrito com o dente, ela degrada ainda mais sua superfície.
Há também os alimentos que ajudam na constituição do dente: o leite, que contém cálcio; alimentos com fibras, que geram auto limpeza; alimentos que contém vitaminas, como a C, que vai melhorar o sistema imunológico bucal; alimentos com vitamina D, que ajudam na absorção do cálcio também são importantes. Por fim, a água, que só traz benefícios e é auto limpante.