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Escritores de PG ainda são pouco conhecidos do grande público

Engana-se quem acha que Ponta Grossa é apenas sinônimo de produção agrícola e industrial. As verdejantes campinas da Princesa dos Campos Gerais têm produzido excelentes frutos para a literatura nacional e escritores locais têm rompido as barreiras da cidade com suas palavras e versos.

Giovanne Steudel e Rodrigo Mendes são escritores de Ponta Grossa. As histórias destes dois escritores têm muito em comum. Não somente pelo fato de serem jovens (ambos 23 anos), mas pela ligação precoce com a literatura e pela atração natural pelas palavras. Giovanne começou a ter gosto pela escrita com apenas 10 anos, quando visitava o escritório de seu avô e encontrou uma máquina de escrever. Foi quando fez sua primeira história. Semelhante a Giovanne, Rodrigo conta que sempre teve grande interesse pela literatura e escreveu seu primeiro livro aos 15 anos.

Outro ponto de semelhança dos autores é a ligação com o meio digital. Rodrigo afirma que em um dado momento decidiu compartilhar com as pessoas seus textos por meio de uma página na internet. Da mesma maneira, Giovanne mantém uma página de contos e poesias chamada Funeral do Tempo. “Um dia no ensino médio a professora de gramática falou para escrevermos um conto em grupo, depois de entregar fui para a casa e fiz um blog para publicar esse conto”, relatou.

História nos livros

Naturalmente, o caminho dos escritores seguiu para a produção de um livro. Em 2014, Rodrigo lançou seu primeiro título: O Incendiário. O livro conta a história de Daniel, um jovem paulista que perdeu sua família de forma trágica, assassinados por Focus. Em meio a esta situação conturbada, descobre ter o dom de controlar o fogo. Focus, o antigo dono deste elemento, trava uma verdadeira guerra com Daniel para tentar retomar o poderio.

Já Giovanne Steudel lançou seu primeiro livro em julho de 2017: O Intocado. O estudante da UEPG publicou o livro por uma editora de Porto Alegre e também o disponibilizou em e-book. O livro conta a história de um jovem garoto com seu anjo da guarda, o qual não é necessariamente benevolente. O anjo não deixa as pessoas se aproximarem do garoto, causando uma série de transtornos. A ideia de Giovanne foi criar uma nova mitologia baseada no cristianismo. “Meu intuito ao fazer isso é elaborar uma nova mitologia fundamentada em uma pré-existente e mostrar que nem tudo sempre é o que parece ser”, explica. Formado e atualmente fazendo mestrado em Engenharia de Materiais, Giovanne trouxe para o seu livro teorias de química e física, e também elaborou um novo tipo de ligação química dentro da história.

Arquivo Pessoal
O Intocado conta a história de um jovem garoto com seu anjo da guarda

 

A arte de escrever como missão

Rodrigo Mendes compreende a literatura como algo que extrapola as carteiras escolares de estudo, capaz de mudar vidas. “Acredito que a leitura é capaz de abrir nossa mente, ampliar a nossa visão, nos dar uma breve experiência pela leitura, nos ensinar enquanto estamos sentados e parados apenas absorvendo o que tem em cada livro”, explica.

Giovanne pretende, com suas obras, trazer reconhecimento literário no Brasil, pois para ele os autores brasileiros não possuem grande visibilidade no cenário artístico. “Com meu livro, desejo dar um passo certo em direção à mudança de paradigmas. O povo do Brasil tem um potencial que insiste em se negar a reconhecer”, explicou.

 

Literatura local pouco aproveitada

A Literatura ponta-grossense merece ser melhor aproveitada e, infelizmente, não é o que acontece hoje, pelo menos é isso que defende Carmen Sílvia de George, professora do curso de Letras da Secal. Ela leciona há mais de 40 anos e conta que Ponta Grossa tem muitos escritores de valor, conhecidos fora da cidade, inclusive, mas praticamente desconhecidos no município. “Eles existem e estão produzindo. O que eu percebo, é que nossa população não mostra interesse, as pessoas praticamente não conhecem os escritores”, afirma.

Extremamente rica, a literatura de Ponta Grossa recebe certo incentivo da prefeitura. Um exemplo disso é o evento anual da Feira do Livro. Além disso, a cidade conta com duas Academias de Letras: a Academia Ponta-Grossense de Letras (APLA) e a Academia de Letras dos Campos Gerais (ALCG).

Carmen acredita que o principal motivo pelo qual os escritores locais não são reconhecidos é a falta da abordagem da literatura local nas escolas. Os professores é que não estão levando o conhecimento sobre isso para seus alunos.“Nós levamos ao aluno a Literatura clássica, mas nós não levamos a nossa própria literatura”, comenta.

Rodrigo Mendes concorda com Carmen e acredita que deveria haver um maior incentivo à arte como um todo. “O mercado regional foi bem receptivo quando lancei meu primeiro livro. Acho que em todos os lugares falta um pouco de incentivo quando se fala em arte, sendo ela na escrita, na música, nas pinturas e em geral”, comenta o escritor.

Próximos passos

Rodrigo conta que está trabalhando em um novo livro e que a previsão de lançamento é 2018. Já Giovanne afirma que pretende fazer uma trilogia do livro ‘O Intocado’.

*Texto de João Filho, Daniely Neiverth e Marina Machado. Eles são alunos de Jornalismo da Secal e faz parte do projeto realizado em parceria com o DC, que cede espaço aos alunos para publicação de suas reportagens no jornal.

Erick Perri/Divulgação
Rodrigo Mendes trabalha em seU próximo livro, com previsão de lançamento para 2018/2019

Marina Machado/Divulgação
Professora Carmen Sílvia De George acredita que autores locais deveriam ser mais trabalhados em salas de aula

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