Rosangela de Oliveira Messias sofreu um acidente no dia 18 de agosto deste ano. Naquele dia, ela ia de sua cidade, Fênix, no noroeste do Paraná, em direção a Curitiba, onde faria exames médicos. O ônibus em que ela e mais 15 passageiros estavam acabou bateu em um caminhão e com a batida a agente educacional acabou se ferindo, bateu a cabeça, ficou inconsciente e acabou internada por quatro dias. No entanto, dias após receber alta, Rosangela percebeu que os problemas causados pelo acidente eram bem maiores.
A funcionária pública constatou que a bolsa que ela carregava na viagem fora furtada, e no mesmo dia que era internada em estado grave alguém utilizou seus cartões de crédito e cheques. Dentro da bolsa que fora levada também se encontravam todos os documentos de Rosangela, como RG e CPF. Cerca de 15 dias após receber alta, ao ir ao banco ela verificou que uma compra de pouco mais de R$ 500 foi feita em seu nome, sem o consentimento da agente educacional. Ela também constatou que outras duas compras nome foram feitas nos dias seguintes ao acidente, além de tentarem aumentar o limite de um dos cartões. Um cheque de R$ 1300 foi lançado no início de setembro, e segundo a funcionária outras tentativas de uso de cheques e cartões ainda ocorrem, mesmo após quase dois meses passados o acidente e o bloqueio das operações bancárias terem sido feitas por ela.
Ao perceber que estava tendo prejuízos e que estariam usando seus documentos, Rosangela começou a coletar informações sobre o acidente em que se envolveu. “No hospital me falaram que eu já cheguei sem bolsa, sem documento nenhum. Quando saí, perguntei e novamente me falaram que não tinha nada. Aí comecei a ir atrás para saber o que aconteceu”, relata. Ao verificar fotos e vídeos do acidente, a agente educacional diz ter reconhecido sua bolsa. “Vi minha bolsa no ônibus, após a batida, e em outro momento vi ela dentro da ambulância do IML (Instituto Médico Legal)”, alega.
Ao ter a suspeita, Rosangela decidiu tentar encontrar os culpados pelo uso indevido de documentos, cartões e cheques. Ela protocolou a denúncia junto ao Ministério Público, que pediu para que o caso fosse investigado pela polícia. Ela também registrou queixa na 13ª Subdivisão Policial (13ª SDP) e a Polícia Civil abriu um inquérito, solicitando inclusive as imagens em que a funcionária pública afirma ter visto a sua bolsa.
Agora, ela espera que tenha alguma resposta sobre o que aconteceu, além do acidente, no dia 18 de agosto. “Algumas pessoas dizem que não vai dar em nada, mas eu quero saber o que aconteceu. Eu só quero saber o que aconteceu, que descubram quem pegou minhas coisas e que se investigue”, afirma Rosangela, que curiosamente, afirma hoje ter mais problemas com as consequências do acidente, do que com o tratamento médico que ainda faz para reparar os ferimentos causados pela batida. “Nunca esperava que isso fosse acontecer. Hoje está dando mais problema do que o próprio acidente. O transtorno foi bem maior do que os ferimentos, hoje eu estou ‘com o nome no Serasa’, com dívidas feitas por outros e tentando provar que não fui eu quem fez todas essas compras”.
Procedimento não é de recolher objetos, diz órgão
Com relação ao fato de Rosangela de Oliveira ter afirmado que viu sua bolsa em uma viatura do Instituto Médico Legal (IML) em imagens do acidente, a direção do órgão afirma que não é o procedimento dos agentes terem acesso a pertences pessoais das vítimas, apenas aos documentos, para identificação de corpos.
A diretora do IML em Ponta Grossa, Izabelle Engels aconselha a Rosangela procurar o órgão, para que se tente apurar as suspeitas. “Não é de praxe funcionários do IML pegarem objetos de vítimas de acidentes. A recomendação é que somente se verifique os documentos da vítima, para que seja identificada. A orientação, nesse caso, é que ela (Rosangela) procure o IML para verificar o que ocorreu. Em seguida, se necessário, existe um protocolo a ser feito e o caso é encaminhado para Curitiba, à direção do IML”, explica Izabelle.
Acidente teve outras vítimas
O acidente em que Rosangela de Oliveira se feriu teve mais 15 vítimas, sendo que duas delas morreram. Nenhuma delas, segundo a agente de educação, teve problemas semelhantes ao dela. “Não soube de ninguém que estava no acidente que teve problemas como o meu. Pelo que eu verifiquei, a família de uma das mulheres que morreu não encontrou o celular dela (da vítima), mas ninguém teve cartão, cheque ou documento levado”, diz a funcionária pública, que afirma ter procurado outras vítimas para tentar saber o que houve no dia do acidente. “Não lembro de nada, só lembro dias depois do acidente, quando estava no hospital”.
No dia 8 de agosto o ônibus em que Rosangela estava bateu na traseira de um caminhão, na BR-376, no trecho entre Ponta Grossa e Curitiba, próximo à ponte sobre o rio Tibagi.
O veículo com placas de Floresta, Paraná, estava com 16 passageiros, de diferentes cidades do norte e noroeste do Estado, e que seguiriam para a capital para fazerem tratamentos médicos em hospitais de Curitiba. Aparecida Domingos, 53, anos, e Adrielle Aparecida de Souza, 18 anos, morreram após a batida, e além de Rosangela, outra mulher também ficou ferida na ocasião.