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PANELA DE PRESSÃO

Autora: Rô Mierling

 

Porque o feijão estava triste? Porque ele iria para a panela DEPRESSÃO!

Ele era um feijão trabalhador. Sempre se esforçou muito para dar o melhor de si. Foi um rapaz estudioso, dedicado. E quando surgiu uma oportunidade, ele se inscreveu para um concurso público. Queria trabalhar em um banco e ganhar a sonhada estabilidade.

Enquanto estudava para o concurso, incansavelmente, dia e noite, sua noiva torcia por ele. Em breve se casariam, ela estava grávida. Teriam um lindo feijãozinho ou uma feijoazinha. Tanto faz, vindo com saúde, seriam felizes.

O senhor feijão passou no concurso, eles se casaram. E ele passou a trabalhar no banco.

Um ano, dois anos, cinco anos, dez anos.

Mesma função, mesma atividade, mas já desde o primeiro ano, algo perturbava o senhor feijão. Seu chefe estava sempre em cima dele, cobrando, exigindo, metas a cumprir, produtos bancários a oferecer. Ele via o chefe gritando, pressionando, cobrando todos os funcionários e com ele era ainda pior. Ele não falava nada, só concordava. Gostava do trabalho, mas a pressão aumentava a cada ano. Sem promoção, sem prêmios por esforço. Mas a cobrança, agora com mais de dez anos de trabalho, era desenfreada. Se o país entrava em crise, tudo ficava pior.

GRITOS, BERROS, PRESSÃO – venda, venda, venda. Seguros de vida, seguro para automóveis, qualquer coisa. VENDA – LUCRE!

E o pobre senhor feijão trabalhador começou a sentir palpitações toda vez que ia trabalhar. Suor frio nas mãos, uma dor no peito. Sua alegria já não era mais no trabalho. Era aflitivo e torturante. Ele estava esgotado mentalmente e veio um sentimento de peso, de tristeza cada vez maior. Nem mais quando estava em casa podia se sentir feliz. Sabia que teria que ir trabalhar no próximo dia e escutaria os gritos, cobranças e isso lhe atormentava.

Os sintomas de sua mente e de seu corpo fizeram dele um feijão murcho e cada dia mais seco. E ele não sabia o que estava acontecendo dentro de si mesmo, só sabia que estava muito mal.

Em um dia, ele abriu uma revista e leu sobre outros feijões que passavam a mesma coisa que ele. Todos iam para a PANELA DEPRESSAO – não apenas de pressão, mas sim com pressão, gerando a tal da DEPRESSÃO e um termo novo surgiu na reportagem – síndrome de Burnout. Ele então soube que estava doente, estava sendo assediado moralmente e ele não queria, de forma alguma, ser mais um feijão na PANELA DEPRESSÃO.

Entrou com um pedido de avaliação psicológica, registrou uma queixa contra seu chefe. Com coragem e disposição, subiu pelas beiradas e saiu da tal panela.

Em algumas semanas, tudo mudou. Ele voltou a ser um feijão brilhoso, alegre e produtivo, em outro cargo, outro lugar e sem PRESSÃO – SEM DEPRESSÃO.

Hoje, ele é um feijão feliz novamente.

 

ALERTA: não se deixe pressionar demasiado em seu ambiente de trabalho. Pressão, assédio moral e cobranças descabidas geram depressão, mal estar e doenças psicossomáticas. Lute pela qualidade de vida em um ambiente de trabalho saudável.

 

Buenos Aires, 16 de agosto de 2017.

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