em

Ferrugem asiática traz prejuízo de R$ 77 milhões


LAVOURAS
Pesquisadores de seis estados se reuniram em Ponta Grossa para discutir controle das doenças

Produtores da região que plantaram soja na safra 2009/2010 ainda contabilizam o prejuízo ocasionado pela ferrugem asiática, doença que se manifestou em todas as lavouras dos Campos Gerais. O Departamento de Economia Rural (Deral) do núcleo regional da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) em Ponta Grossa estima que os agricultores tenham perdido cerca de 2,35 milhões de sacas de soja. Ou seja, em torno de R$ 77 milhões. Para evitar novas perdas na próxima safra, a Associação dos Engenheiros Agrônomos dos Campos Gerais (AEACG) realizou o I Encontro sobre Ferrugem Asiática e Mofo Branco na Cultura da Soja. O evento começou na terça-feira e terminou no final da tarde de ontem, em Ponta Grossa.

O assunto trouxe à cidade oito pesquisadores de seis estados: Rio Grande do Sul, Goiás, Brasília, São Paulo, Mato Grosso e Paraná.  Eles apresentaram as formas de controle tanto da ferrugem asiática quanto do mofo branco, doença também registrada na safra passada e que preocupa os sojicultores. Mais de 150 pessoas entre técnicos agrícolas e representantes de empresas e entidades ligadas ao agronegócio e também de órgãos governamentais participaram do Encontro.

O diretor social da AEACG, Antônio Marques de Souza Neto, explica as duas doenças não eram comuns na região, mas em função das condições climáticas acabaram se disseminando. “Nos últimos anos estas doenças vêm se manifestando e causando perdas nas lavouras. A ferrugem asiática nos Campos Gerais não acontecia da forma como ocorreu neste ano. As duas doenças podem ser controladas por produto químico, mas como o mofo ainda não é assunto comum na região, então resolvemos trazer os pesquisadores para falar sobre isto”, explica. Marques é também técnico de Desenvolvimento de Mercado da Syngenta.

Para ele, a manifestação da ferrugem asiática nas lavouras regionais pode ser considerada agressiva. “Nunca se pensou que nos Campos Gerais a ferrugem seria tão agressiva como no serrado”, observa ao destacar “que as perdas aconteceram justamente nas áreas em que a aplicação do fungicida foi atrasada ou em dosagem insuficiente. Houve algum erro de manejo”.

Ele explica que os pesquisadores abordaram em suas palestras o clima propício a ferrugem, resistência aos fungicidas e controle das doen­ças. “O evento permitiu ainda que as empresas fabricantes de produtos colocassem para o público seus posicionamentos. Tivemos a Syngenta, Basf, Bayer e Iha­ra, presentes. Estas empresas são também patrocinadoras do Encontro”, comenta.

A proposta da AEACG é realizar o Encontro anualmente. “A ideia é realizar três eventos deste porte a cada ano. Há três ou quatro meses discutimos sobre fertilidade. Tivemos mais de 300 participantes. Este Encontro é mais focado em técnicos e por isto teve um número menor de presentes”, esclarece.

Clima favorece aparecimento da doença
De acordo com o agrônomo do Deral, José Roberto Tosato, a safra de soja de verão (2009/2010) foi marcada por condições climáticas atípicas. “Teve excesso de umidade no solo e os dias estavam nublados. Isto propiciou o surgimento da ferrugem asiática”, explica.

Segundo ele, a ferrugem asiática ‘ataca’ a planta nos estágios de desenvolvimento vegetativo, floração e frutificação. “A ferrugem se alastrou em todos os municípios dos Campos Gerais. As perdas variaram de duas a oito sacas por hectare”, fala.

Ele lembra que o chamado vazio sanitário – não pode haver soja plantada no período de 15 de julho a 15 de setembro – foi determinado pelo governo do Estado como forma de controlar a doença. “Muitos produtores foram multados no ano passado e neste porque não eliminaram a soja no período determinado”, esclarece.

Conforme Tosato, para evitar o aparecimento da ferrugem asiática é necessária a aplicação preventiva do fungicida. “Em alguns casos é preciso à aplicação curativa”, diz. Normalmente, os produtores aplicam o produto químico uma vez na safra. “Na passada, quando a doença apareceu teve agricultores que aplicaram de duas a cinco vezes, e mesmo assim a ferrugem trouxe prejuízos no rendimento médio da lavoura”, comenta.

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.