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Retrospectiva 2013, prospectiva 2014

Jorge dos Santos Avila

Estamos vivendo um período do ano em que é normal pipocar nas TVs as retrospectivas. Muito provavelmente uma atenção especial será dada aos protestos que vivemos no país em junho deste ano. Imagino que mais importante que o exercício da retrospecção, nesse momento seja o da prospecção. Em junho de 2013 o povo brasileiro saiu às ruas, em outubro de 2014 irá para as urnas.

Os brasileiros levaram para as ruas diversas bandeiras, talvez a mais significativa delas tenha sido a da ausência da representatividade. Esse fato se deu possivelmente por não encontrarmos mais a política na política. Não temos mais candidatos, temos produtos. A população brasileira demonstrou que nesta crise de representatividade não enxerga mais causas nem objetivos naqueles que hoje dizem fazer política.

Não pretendo aqui desfazer ou desmerecer o trabalho de marqueteiros e publicitários, o que acredito é que a política brasileira precisa retomar o seu mote, precisa voltar a discutir agendas. Penso que o trabalho desses profissionais seja o de fazer com que a população entenda e confie nas plataformas as quais os seus contratados defendem, ou deveriam defender. O produto vendido ao eleitorado não deve ser o do bonzinho ou da boazinha, do gerentão ou da gerentona, do topete ou sem topete, da barba ou sem barba. A função das campanhas eleitorais deve ser traduzir plataformas, programas, agendas, do poletiquês para o eleitoriquês.

Nas últimas décadas saímos da ditadura, passamos por um processo constituinte, vivemos a redemocratização, combatemos a inflação, passamos pela estabilidade econômica, chegamos na distribuição de renda. Mal ou bem nos últimos trinta anos tínhamos uma espécie de agenda que norteava nossa nação. Precisamos cotidianamente nos perguntar para onde estamos indo e para onde queremos ir. Talvez sejam questões fundamentais para o início de um processo de conscientização do nosso voto.

Daqui até outubro do ano que vem é tempo suficiente para que respondamos a essas questões e consolidemos as respostas que nos ajudarão a escapar das armadilhas que sempre cercam os pleitos eleitorais. Se há uma crise de representatividade identificada por nós eleitores, nós também temos a nossa culpa. Temos a nossa culpa quando decidimos por exemplo praticar o que chamam voto de protesto, principalmente nas eleições proporcionais (deputados federais e estaduais), onde não é observado o conjunto da chapa onde aquele candidato de protesto está inserido. Votando em Tiriricas, podemos acabar elegendo Genoinos, que ficam lá escondidos no meio das chapas como armadilhas para os eleitores.

Se em junho de 2013 o povo escreveu em seus cartazes não nos representa, tem a obrigação de em outubro de 2014 eleger Assembleias Legislativas e Congresso Nacional fortes que não prostituam o Legislativo em troca de Secretarias e Ministérios no Executivo. Precisamos de um Legislativo forte que não vote ou tranque pauta por emendas parlamentares. Necessitamos de um Executivo que apresente e cumpra uma agenda de programas para a nação. Reforma de verdade são necessárias para que a política saia do marasmo retome sua credibilidade e represente de fato o povo brasileiro.

Não elegemos mini assembleias, mini congressos, mini governadores ou mini presidentes para fazerem mini reformas. Precisamos saber para onde estamos indo para decidirmos se é lá que queremos chegar. Necessitamos de plataformas que nos orientem nessa decisão e é isso que devemos exigir daqui até outubro próximo, por isso importante sim a retrospectiva de junho de 2013, mas é fundamental a prospectiva de 2014.

O autor é Bacharel em Administração

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