Era uma vez, em uma economia emergente muito, muito próxima, um projeto de reforma da previdência. Nessa terra, açoitada pela corrupção e cujo povo era extorquido diariamente pelos excessos tributários, havia um grave problema nas contas públicas.
O governo já havia cobrado impostos além do limite e qualquer aumento nesse sentido geraria menor arrecadação, algo descrito por Sir. Laffer, o qual havia se apoiado nas ideias de um polímata antigo, IbnKhaldun, que definiu o conceito no ano de 1377. Basicamente esses estudiosos de tempos antigos já mostravam que a partir de determinado ponto, qualquer aumento na carga tributária geraria uma perda de produtividade que representaria uma queda de arrecadação por parte dos cofres públicos. Somada à essa questão havia uma séria recessão econômica e desemprego, impedindo o governo de arrecadar impostos suficientes para encobrir seus desmandos.
Então, um gênio das finanças, contratado para tirar a nação do poço em que se encontrava, demonstrou que um dos segredos estava na previdência social. Um modelo de aposentadoria repleto de distorções onde os funcionários públicos consumiam 40% dos recursos mesmo aportando apenas 12%; os parlamentares se aposentavam com salário 6x superior ao teto do restante da população e trabalhando apenas 8 anos e outros absurdos. Notaram que esse modelo era maléfico ao país devido ao inchaço estatal e à facilidade com que as pessoas se aposentavam sem terem contribuído o suficiente.
Decidiram por apresentar uma proposta de reforma e correção do rombo da previdência, afinal de contas, o país gastava 54% do arrecadado somente nisso, faltando dinheiro para saúde, educação e outros serviços públicos. A proposta que previa igualdade para todos e aposentadoria somente aos 65 anos de idade, foi por água abaixo.
Diante de um povo carente de educação, mas crente de que entende de finanças e planejamento, a proposta foi taxada de excessiva, retrógrada e absurda. Um dos piores argumentos era de que a expectativa de vida nessa terra era inferior aos seus pares desenvolvidos que mantinham a idade mínima de 65 anos. Mal sabiam eles que o que conta é a taxa de sobrevida e não a expectativa em si, pois em um país violento a expectativa é reduzida pelo crime. E nesse quesito, a taxa de sobrevida era apenas 1 ano menor que no Japão.
De qualquer forma, a pressão popular fez com que o governo remodelasse a proposta para que a mesma fosse aprovada e com isso, apenas postergou a necessidade de mudar o modelo em definitivo. Optou por manter alguns itens que fizeram com que a previdência se mantivesse consumindo uma grande parte da arrecadação e reduzindo o potencial de investimento público nas áreas prioritárias há muito esquecidas pelos governantes.
No geral, a proposta foi aceita e rendeu um estímulo ao país, o qual teve seu crescimento econômico retomado e assim seguiu a vida. Sobre o que veio depois?
Bem, a sequência dos fatos rendeu mais uma vez o título de sempre: Brasil, o país do futuro…