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O balcão de negócio da governabilidade

Fevereiro é um mês que promete. O início dos trabalhos no Congresso Nacional traz a eleição da mesa diretiva das duas casas. Mais do que uma queda de braços entra situação e oposição, há muito jogo de interesse interno, dentro dos diversos grupos em ambas as casas. Confirmando a vitória dos governistas na presidência, tanto da Câmara, como no Senado, será a consolidação do poder do PMDB no atual governo, que terá depois da residente Dilma (PT-RS), toda a linha de sucessão a ela em caso de ausência, com o vice-presidente, Michel Temer (PMDB-SP), o possível presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o presidente recém-eleito do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Não menos importante que ter praticamente toda a linha de sucessão presidencial (faltaria apenas o presidente do STF ser peemedebista), há ainda outra questão em jogo: os cargos comissionados de ambas as mesas diretivas. São nada mais nada menos que 376 comissionados, que geram um custo de RH na casa dos R$ 38 milhões por ano. No Senado, os comissionados da mesa diretiva são mais de 88, que custam aos cofres públicos, aproximadamente R$ 15 milhões por ano. Já na Câmara, são 288 que custam anualmente quase R$ 23 milhões.

Os números dos comissionados da mesa Senado são: presidente 34, primeiro secretário 15, segundo secretário 13, terceiro secretário 13, quarto secretário 13 e suplentes de 1 a 3 cada. Na Câmara são: presidente 46, primeiro secretário 66, segundo secretário 33, terceiro secretário 33, quarto secretário 33 e suplentes de 11 cada um. Qual a necessidade de tantos comissionados? Por que, por exemplo, um suplente da Mesa Diretiva da Câmara dos Deputados tem de ter 11 comissionados? Qual a função de cada um deles e quanto cada um custa para nós, contribuintes? Quais são os acordos que acontecem em Brasília para acomodar todo esse povo nos cargos comissionados?

Assim como a reforma política é urgente, uma reforma administrativa nesse sistema viciado das duas casas também é. Essas duas pautas serão bandeiras de Henrique Eduardo Alves e de Renan Calheiros? É difícil de acreditar quando se parte do pressuposto de que estariam legislando para que eles mesmos perdessem regalias e poder de barganha. Não esqueçamos ainda que a ultima passagem de Renan na presidência do Senado, terminou em renuncia em 2007 e que há poucos dias, um assessor de Henrique Eduardo Alves pediu demissão após sofrer denúncias que podem chegar ao deputado. Nós, eleitores e contribuintes, precisamos fazer a nossa parte e ficar de olho no pessoal de Brasília, afinal, muitos do que lá estão, direta ou indiretamente (voto de legenda ou quoeficiente eleitoral) fomos nós quem elegemos e não podemos nos eximir da responsabilidade de cobrar e fiscalizar.

 

Jorge dos Santos Avila – Bacharel em Administração, Bacharelando Ciências Econômicas

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