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Cai total de pessoas que manteria isolamento em meio à crise econômica; famílias de Ponta Grossa mudam hábitos

Quatro em cada cinco brasileiros já foram impactados financeiramente pela crise do novo coronavírus e mais de um terço da população (38,1%) afirmou que sentiu muito os efeitos. Isso é o que aponta o estudo feito pela Paraná Pesquisas, empresa especialista em opinião pública que aplicou o questionário em todo o país em abril e maio. Entre os resultados, o estudo obteve uma queda na parcela de entrevistados que afirmou que manteria o isolamento social enquanto necessário independente da crise/impacto econômico, passando de 53,2% inicialmente para 49,9% neste mês.

A negação foi registrada entre mais de a metade dos entrevistados de 25 a 34 anos (52,1%) e dos de 35 a 44 anos (51,4%), enquanto que as únicas faixas etárias em que mais de metade das pessoas afirmou que manteria o isolamento são as de 45 a 59 anos (51,8%) e 60 anos ou mais (61,6%). A maior indecisão foi registrada entre os jovens de 16 a 24 anos: 5,8% disseram não sabem ou preferiram não opinar, tendo 48,9% respondido que manteriam o isolamento e 45,2% que não.

Comparando as regiões do Brasil a maior quantidade de pessoas que disse negar seguir o distanciamento social em meio à crise é do Sul (48,3%), enquanto que a menor é do Norte e do Centro Oeste (40,8%). No Nordeste responderam que não 43,1% e no Sudeste 47,8%. Paralelamente, o mesmo estudo aponta que 86% dos entrevistados mudou hábitos ou costumes por causa do coronavírus – número este que subiu 3,7% desde o mês passado e, novamente, é menor na região Sul (84,1%), mas maior no Sudeste (87%).

Ponta Grossa

No mesmo dia em que Ponta Grossa registrou a primeira confirmação de um caso de Covid-19 na cidade – 21 de março – o Diário dos Campos publicou uma reportagem relatando a história de três famílias ponta-grossenses que já tinham começado a se colocar em isolamento para tentar evitar o contágio do novo coronavírus. Nesta segunda-feira (11), pouco mais de 50 dias depois da primeira conversa, a reportagem entrou em contato novamente com elas para questionar o que mudou neste período.

Inicialmente Edylce Biasi optou por suspender o atendimento em sua loja de roupas mesmo antes da determinação oficial, além de contar que dividiu a família para buscar uma maior proteção a todos. Ela, o marido, a filha advogada e seu genro se isolaram na chácara da família, enquanto que a filha farmacêutica, que trabalha em um dos hospitais da cidade, seguiu em casa.

Porém, com a continuidade do período que no começo foi considerado passageiro, a família de Edylce é o retrato do resultado da pesquisa: devido aos impactos econômicos, quando foi autorizada a abertura de estabelecimentos com horário de escalonamento a lojista voltou a fazer atendimentos, tanto presenciais nos dias permitidos quanto com entregas em casa. “Ficar isolada eu não consigo ficar mais, até porque a pandemia está controlada em Ponta Grossa [em relação a outras cidades]. Porém, ainda que com a loja aberta não visitamos o restante da família, que mora em outra cidade, e em todo este tempo fomos a apenas uma confraternização, um aniversário”, afirmou ela.

Edylce Biasi e sua família se isolaram na sua chácara no início da pandemia (Foto: Arquivo DC)

 

Contrapartida

As outras duas famílias entrevistadas seguiram mantendo as medidas adotadas inicialmente – mas, mesmo assim, com algumas diferenças. A família de Angela Kit Dalle Carbonare, que tem ela como pertencente ao grupo de risco pelo fato de ser diabética, manteve a mãe e os dois filhos em casa, mas o marido voltou ao trabalho – que, porém, é em meio a três funcionários e com o escritório anexo à residência. Desde o dia 16 de março Angela conta que saiu apenas para tomar vacina. “Meu marido é o único que continua saindo para fazer o que é necessário. Nossa empresa ficou fechada por aproximadamente duas semanas, mas retornou aos poucos porque sentimos impactos; mas, mesmo aberta, registrou uma redução na quantidade de contratos fechados”, disse ela.

Em contrapartida, a família da jornalista B.M. segue integralmente com as mesma práticas adotadas desde o final de março. A jovem de 25 anos segue trabalhando em home office e saindo de casa apenas quando estritamente necessário. “A gente seguiu da mesma forma, com as pessoas vindo em casa só em caso de necessidade extrema, como trazendo compras de mercado, por exemplo”, afirma ela, que prefere não se identificar e conta que, apesar de não ter sofrido impactos financeiros, mudou hábitos de consumo: “Tenho tentado economizar não por conta de algum problema financeiro, mas por optar não gastar com luxos já que não saio de casa”, conta B.M.

Angela Kit Dalle Carbonare, pertencente ao grupo de risco, segue em isolamento; seu marido é o único que está saindo de casa em casos de necessidade (Foto: Arquivo DC)

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