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Com apoio do centro de agroecologia, produtores da RMC apostam na avicultura orgânica

Aves criadas livres, alimentação orgânica e balanceada e medicamentos homeopáticos. Esses são alguns dos cuidados na produção de ovos orgânicos, produto que conquista cada vez mais consumidores interessados em alimentação saudável. Na Região Metropolitana de Curitiba, 40 agricultores que já estão neste ramo, e outros que pretendem entrar, recebem orientação no Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA), vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. 
Único órgão público do Brasil voltado unicamente para a agroecologia, o centro oferece treinamentos, palestras, reuniões e assistência técnica para que o produtor tenha um suporte para iniciar ou ampliar seu negócio, sempre pautado no bem-estar animal, no cuidado com a natureza e na qualidade do produto. 
Entre os produtores está Catarina Novak Gibet, 55 anos. Há dois anos ela decidiu viver seu sonho e começar a produção de ovos orgânicos no sítio em Quatro Barras, na RMC. Catarina nasceu no campo e, depois de quase 50 anos na cidade, sentiu necessidade de voltar ao contato com a natureza e a um ritmo de vida mais tranquilo. 
“Era um sonho antigo morar no campo e trabalhar com a produção de ovos e café colonial. Não foi fácil começar, mas com ajuda do CPRA fui aprendendo todo o caminho da produção orgânica, desde a legislação, planejamento e custos, construção do aviário, manejo animal, certificação e comercialização”, conta. 
A neoagricultora, como são chamados os agricultores que vêm da cidade, aprendeu que a criação é bem diferente quando comparada ao sistema convencional, principalmente em relação ao cuidado animal. “Minhas galinhas são criadas livres e recebem uma alimentação quase toda orgânica e balanceada. Quando é preciso usar alguma medicação, uso a homeopatia”, explica Catarina. 
Ela diz que sempre quis trabalhar com um sistema livre de agrotóxicos e que respeitasse a natureza. “Sou muito exigente na questão da alimentação, aquilo que eu não gosto para minha família eu não forneço para ninguém. Procuro produzir um alimento com qualidade, amor e carinho”, destaca.
Parte da produção de Catarina é usada para fabricação de bolos e pães que ela comercializa e, também, são servidos no Café Colonial Programado em sua propriedade. A outra parte, ela vende ainda como ovos coloniais, já que está em processo para conseguir a certificação de produto orgânico. 
De acordo com a zootecnista do CPRA, Catia Hermes, para obter a certificação é preciso primeiro atestar e certificar a propriedade. Posteriormente, é necessário atestar e certificar a produção, o que deve ser feito por uma agroindústria”. 

NICHO DE MERCADO – Outro agricultor que recebe assistência técnica do CPRA é o agrônomo Fernando Peressutti, 30 anos. Ele decidiu aproveitar a propriedade da família em Colombo, na Região Metropolitana, que existe há cem anos e servia apenas para encontros de final de semana, para investir na avicultura orgânica. 
“Os avós do meu pai vieram da Itália e colonizaram a região, na época tudo era plantado sem o uso de agrotóxicos. Meu pai saiu do campo e foi para a cidade. Eu fiz o caminho inverso, sempre pensando em trabalhar com produtos que gerem saúde e com alto valor agregado”, diz. 
Peressuti começou o trabalho na propriedade há três meses e até o final do ano já quer iniciar a comercialização. “Percebi que esse é um ótimo nicho de mercado, as pessoas querem se alimentar com consciência, com um produto que tem um sabor diferenciado. Elas querem entender de onde vem e como são produzidos os alimentos”, diz o agrônomo.
Trabalho surgiu pela demanda dos próprios produtores
O trabalho com avicultura no CPRA surgiu pela demanda dos próprios produtores, que queriam atender as feiras com ovos orgânicos, como uma alternativa importante de renda. O CPRA desenvolveu um modelo de produção no próprio local que serve para iniciar e avançar nas práticas deste tipo de avicultura. 
O CPRA fica em Área de Preservação Proteção Ambiental do Rio Iraí, onde está localizada a represa do Iraí. O centro nasceu da necessidade de preservação local, com a intenção de produzir água de qualidade e de conscientizar os agricultores sobre a importância da agroecologia para preservação a área. Existem na RMC 1.100 agricultores orgânicos de oleícola, ovos e leite certificados que vão se beneficiar com as informações geradas pelo CPRA. 
“O Governo do Estado entende que precisa ter uma visão estratégica de futuro e apoiar ações como a agroecologia que tem justamente esse foco. A agroecologia está em perfeita sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), tanto pelo aspecto da produção de alimentos seguros e de qualidade, quanto no aspecto de preservação da natureza”, afirma o diretor adjunto do CPRA, Marcio Miranda.

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