Em todo o país, muito vem se falando em aquecimento do mercado imobiliário neste ano devido a diversas medidas que visam impulsionar o setor, como a redução de juros para crédito imobiliário e novas linhas de financiamento para a habitação, por exemplo. Porém, em Ponta Grossa, a construção civil é um setor que se destaca há anos, principalmente com o “boom” da criação de novos condomínios, loteamentos e a verticalização urbanística.
De acordo com dados repassados pela assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal, desde 2010 já foram aprovadas mais de 45,5 mil obras na cidade, que totalizam mais de 7,19 milhões de metros quadrados – o equivalente a 1.007 campos do estádio Germano Krüger. Neste ano já são registrados mais de 4 mil alvarás de construção aprovados pelo Departamento de Urbanismo da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Planejamento, que somam 755,8 mil m².
Comparando-se o resultado parcial de 2019 (calculado até a última semana) à série histórica desta década tem-se, neste ano, a maior quantidade de metragem registrada desde 2014 (quando foi aprovado 1,04 milhão de m²) e a terceira maior destes dez anos, atrás apenas de 2013 e 2014.
“O crescimento econômico de Ponta Grossa é um dos maiores do país e isso provoca esta evolução na construção civil, já que a cidade demanda uma certa tranquilidade, segurança nos investimentos – tanto industriais, quanto comerciais e residenciais. O ano ainda nem acabou e já temos quase 100 mil m² a mais aprovados no que no ano passado”, destacou o secretário de Infraestrutura e Planejamento, Celso Sant’Anna, em entrevista ao jornal Diário dos Campos.
Na avaliação do gestor, a instalação de dezenas de indústrias nos últimos anos também impulsiona o desenvolvimento do setor. “A vinda de novas indústrias provoca a criação de mais unidades de moradia. Muitas pessoas das cidades da região também têm vindo para Ponta Grossa”, ressalta Sant’Anna. De acordo com o IBGE, enquanto em 2010 a cidade contava com 311.611 habitantes, estima-se que neste ano a população tenha chegado a 351.736 pessoas.
Verticalização
O crescimento da construção civil desta década em Ponta Grossa também vem acompanhado de uma característica comum em grandes centros urbanos: a verticalização urbanística. De janeiro de 2010 a outubro de 2019 324 prédios com três ou mais andares tiveram a sua construção liberada pela administração municipal. Vinte e cinco foram apenas neste ano, mas o que contou com a maior quantidade concentrada registrou mais do que o dobro: em 2014 foram liberados 52 alvarás para prédios.
Compensação dos impactos
Em março de 2016 foi sancionada a Lei Municipal 12.447, que determina que grandes empreendimentos apresentem um Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), documento que contém análises – como o próprio nome sugere – do impacto que a instalação irá gerar na região da sua construção e prevê a realização de medidas mitigadoras e compensatórias, como a construção de escolas, unidades básicas de saúde, pavimentação asfáltica, entre outros.
Entre os empreendimentos que se enquadram na legislação estão, por exemplo, condomínios, loteamentos, postos de combustíveis, boates e bases militares, além de construções com outras características dispostas na lei. Os processos são intermediados pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Ponta Grossa (Iplan) e o alvará de construção só é liberado após a assinatura de Termo de Compromisso contendo o cronograma de execução das medidas definidas.
Balanço
Desde que a lei entrou em vigor 112 EIVs já deram entrada no Iplan. A maior parte é referente a condomínios (23), seguidos por prédios (27) e loteamentos (23), além de outros tipos de empreendimentos. O ano que registrou a maior quantidade de processos – e que, portanto, pode ser considerado o período com o maior planejamento de grandes empreendimentos – foi 2019, com 34 estudos. Todos os EIVs, bem como as informações dos empreendimentos, podem ser acessados no site do Iplan: https://iplan.pontagrossa.pr.gov.br/.
Geração de empregos
De acordo com dados do Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged), relatório divulgado pelo Ministério da Economia, desde 2010 o setor da construção civil contratou 40.452 trabalhadores em Ponta Grossa; em contrapartida, 39.832 demissões foram feitas, gerando um saldo de 620 novas vagas formais. Apenas neste ano, até outubro, são somados 110 novos postos de trabalho, provenientes de 3.512 admissões e 3.402 demissões.
Porém, o Caged considera apenas os empregos com carteira assinada – e diversas contratações no setor da construção civil são feitas como prestação de serviços, através de microempreendedores individuais (MEIs), ou diretamente na informalidade. O último levantamento do IBGE, referente ao terceiro trimestre desse ano, estima que no Paraná 411 mil pessoas de 14 anos ou mais estão ocupadas na construção civil. O recorde, dos últimos cinco anos é do primeiro trimestre de 2015, quando estimavam-se 484 trabalhadores empregados no setor.
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“O crescimento econômico de Ponta Grossa provoca o desenvolvimento do setor”, destaca Celso Sant’Anna
Fiscalização técnica
Todo contrato para a execução de obras ou prestação de quaisquer serviços referentes à Engenharia, Arquitetura e Agronomia é sujeito a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) no Conselho Regional da sua jurisdição – e, portanto, o total de documentos também é um indicador da atividade do setor da construção civil.
Segundo dados repassados pela assessoria de imprensa da gerência regional do conselho paranaense, 2019 também teve o melhor resultado proporcional nos últimos cinco anos em Ponta Grossa, registrando 5.751 ARTs de engenharia civil até outubro. De janeiro a outubro dos anos anteriores os resultados foram 5.065 (2018), 5.235 (2017), 4.893 (2016) e 4.835 (2015). No Paraná o crescimento dos dez primeiros meses desse ano comparados ao mesmo período do ano passado foi de 10,7 mil documentos, chegando a 159,6 mil ARTs em 2019.
“O número de ARTs registradas na área da engenharia civil neste ano, tanto em Ponta Grossa como no Estado como um todo, mostra um crescimento em relação ao ano passado, o que reflete a retomada do setor com a melhoria das expectativas dos empresários, a demanda por moradias, o otimismo do mercado e o aumento dos incentivos do governo federal para o financiamento para aquisição e construção de edificações”, afirma o gerente Regional do Crea-PR em Ponta Grossa, Vânder Della Coletta Moreno.
Área das construções aprovadas em Ponta Grossa
2010: 741 mil m²
2011: 680 mil m²
2012: 687 mil m²
2013: 1,07 milhão de m²
2014: 1,03 milhão de m²
2015: 550 mil m²
2016: 526 mil m²
2017: 478 mil m²
2018: 660 mil m²
2019: 755 mil m²
*Os números são aproximados e foram repassados pela Prefeitura Municipal