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Coronavírus deve afetar mais a podução de carne do que de soja

O Produto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário no país deve apresentar crescimento maior do que o previsto para 2020. A estimativa é do Instituto do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que revisou as previsões para este ano. Porém, o Ipea chama a atenção para a possibilidade de um efeito da epidemia de coronavírus na China sobre a demanda por produtos agropecuários, apesar do efeito esperado não ser significativo sobre a produção de soja devido ao fato de a cultura já ter iniciado a colheita. No caso da carne bovina, que possui uma produção mais dinâmica, o impacto potencial pode ser maior. A soja, ao lado da carne, é um dos principais itens na pauta de exportações para a China.

"Os problemas enfrentados atualmente pela China, como a implementação de quarentena em diversas cidades e as dificuldades de armazenamento dos contêineres refrigerados nos portos chineses, acarretam dificuldade para a circulação de mercadorias. Apesar das exportações do produto continuarem crescendo, a incerteza em relação ao mercado asiático pode ter sido um dos fatores que contribuiu negativamente para a queda dos preços do boi gordo nos mercados futuros", diz o estudo.

Para o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo de Castro Souza Júnior, a epidemia do coronavírus pode afetar o PIB do setor. “Os efeitos econômicos do coronavírus podem representar um risco para as projeções do PIB agropecuário, uma vez que a demanda externa por carnes e, por consequência, a produção interna podem ser afetadas”, disse o diretor para quem um possível efeito negativo não deve recair sobre a produção da carne suína para a exportação devido a China ainda sofrer as consequências da peste suína africana sobre seus rebanhos.

O estudo aponta ainda o recente acordo Estados Unidos-China como outro fator que pode afetar o PIB agropecuário, especialmente no que diz respeito à soja. Além da soja ser o principal produto agroindustrial exportado pelo Brasil, o país é o maior exportador mundial, com participação crescente no mercado internacional. Esse crescimento vem ocorrendo não só pelo aumento da produção, mas também pela guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que tirou os americanos da liderança.

Quase 90% da soja importada pela China é proveniente dos EUA (35%) e Brasil (55%). O acordo prevê um aumento de 192% das importações de soja dos EUA para a China em 2020 e de 258% em 2021 (na comparação com 2019).

"Essa meta é claramente inviável, pois representaria um volume maior do que toda a soja produzida nos Estados Unidos atualmente. Ainda assim, haverá uma pressão muito forte no sentido de ampliar fortemente as exportações de soja norte-americanas para a China, certamente deslocando os principais fornecedores. Por se tratar de uma commodity, é sempre possível realocar a oferta brasileira para outros mercados que deixariam de ser atendidos pela soja dos EUA – com todas as dificuldades de redefinições logísticas e contratuais envolvidas)", diz o Ipea.

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