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Crianças vivenciam costumes e cultura da Colônia Sutil

Observar, vivenciar, sentir e aprender com as culturas e as tradições são ações fundamentais que precisam ser vivenciadas. O Dia da Consciência Negra – celebrado em 20 de novembro – não é apenas uma data para refletir sobre as lutas dos negros no Brasil e a sua inserção na sociedade brasileira, mas também para valorizar a força, a cultura e mostrar para a própria sociedade a importância deste tema.

Muitos dizem que o aprendizado começa em casa, mas é na escola que crianças têm a oportunidade de se aproximar das realidades, as quais, podem ser repassadas para os pais na volta para a casa. E foi com este pensamento que os professores da escola municipal Deodoro Alves Quintiliano resolveram levar cerca de 195 alunos para conhecer a Colônia Sutil, localizada na região de Palmeira, nos Campos Gerais. A visita aconteceu na tarde de sexta-feira (23), onde as crianças foram recebidas pelos moradores da comunidade que preservam a sua raça e trazem uma corrente importante de ligação com os seus antepassados.  

Histórias da cultura afro foram repassadas às crianças. (Foto: Fábio Matavelli)

"A nossa escola conta com 36 alunos que moram na Colônia Sutil e Santa Cruz, entre os russos e remanescentes quilombolas. E dentro desta grade curricular abordamos o tema Diversidade Cultural, que aliando ao tema da Campanha da Fraternidade 'Violência e respeito ao negro' com a semana da Consciência Negra, procuramos trabalhar o assunto com os alunos relacionando isso diretamente com a história", explica a professora Giovane do Rocio Antoniacomi, diretora da escola.

Antes da visita, os alunos puderam saber dos próprios colegas, moradores da comunidade quilombola, sobre um pouco da história da colônia e vivências. "As crianças compartilharam as dificuldades da região, o abandono de muitos jovens na busca por oportunidades, a maneira de viver do interior, além das festas e costumes", relatou a diretora.

Aos moradores, os estudantes fizeram apresentações de capoeira, mostraram brincadeiras africanas e cantaram todos juntos a música 'Vamos Construir', em homenagem à cultura.

Alunos fizeram apresentações de capoeira e mostraram brincadeiras africanas. (Foto: Fábio Matavelli)

Experiência

Para a aluna Júlia Eduarda de Ramos, 10 anos, conhecer um pouco sobre a cultura da comunidade foi muito importante antes de realizar a visita. "Fizemos vários trabalhos, vimos vídeos e aprendemos a capoeira. Eu achei bem importante, é bom saber sobre todas as coisas", destacou.

O estudante e morador da colônia, Frederico Hendges Robe, 10 anos, viu a visita dos colegas como uma maneira importante de aprendizado. "É legal que eles tenham vindo ver onde a gente mora e como nós vivemos. E para eles é uma boa experiência", apontou.

Tradição

A Colônia Sutil conta hoje com 46 famílias que totalizam 224 pessoas que vivem na comunidade que tem uma área de aproximadamente 23 alqueires. Boa parte dos moradores trabalham com agricultura familiar e outros vão até Ponta Grossa para estudar e trabalhar.

Neivair de Jesus Gonçalves, 55 anos, mora na colônia desde 1994 e atualmente é presidente da Associação Quilombola. Dentro da comunidade, o seu principal papel é sempre trabalhar para o desenvolvimento da colônia.

"Nós somos em 12 irmãos e os meus pais sempre viveram aqui. Mas, quando eu nasci, fomos morar na cidade. Em 1994 eu resolvi voltar e moro até hoje com a minha família. E com a visita das crianças eu vejo que é muito importante ver o interesse das crianças em conhecer comunidades quilombolas", disse.

Com relação ao preconceito, Neivair aponta que este um problema que ainda é muito recorrente na sociedade. "O preconceito com o negro sempre existiu, ou seja, ele sempre foi muito marginalizado. Apesar do problema ainda existir, hoje nós somos mais fortes e conseguimos sobreviver com isso", ressalta.

"Apesar do preconceito ainda existir, hoje nós somos mais fortes e conseguimos sobreviver com isso" – Neivair de Jesus Gonçalves, 55 anos, presidente da Associação Quilombola

Confira, no vídeo, entrevista com a presidente da Associação Quilombola e alunos que participaram da atividade:

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