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Devota de 89 anos garante presença em procissão de PG

Faça chuva ou faça sol dona Maria da Conceição Pedroso acompanha a procissão de Nossa Senhora Aparecida, todos os anos. Nada de mais se essa pessoa não tivesse 89 anos e fizesse questão de fazer a pé todo o trajeto. O motivo? A devoção fervorosa que tem à padroeira do Brasil, de quem garante ter recebido muitas graças. No dia 12 de outubro, a matriarca faz questão de reunir toda a família para o almoço em casa, na divisa entre as vilas Isabel e Palmeirinha. De lá, saem todos juntos para a procissão em louvor a Mãe Aparecida, em uma rotina que se repete todos os anos.

Lúcida e muito bem disposta, dona Conceição conta que vai duas vezes por ano, em dezembro e em janeiro, há mais de 40 anos, viaja ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo. “E esse ano eu vou de novo. Se Deus quiser!”, se apressa em dizer. Nascida em uma família católica, toda devota de Nossa Senhora, a operária aposentada nem lembra há quanto tempo acompanha a procissão. Só garante ser em nome da fé.

“Recebi muitas graças, milagres. Um aconteceu há mais de 40 anos, quando um filha minha caiu em um poço com 7,5 metros de água, que eu tinha no quintal. Ela era mãe de cinco crianças, todas pequenas. Eu estava dentro de casa e ouvi uma voz chamando ‘mãe’. Duas vezes me chamou. Eu reconheci a voz de meu filho morto, que morreu aos sete anos. Saí correndo e vi o poço aberto. Pedi a Nossa Senhora Aparecida que não deixasse a mãe de cinco crianças morrer na minha casa. Quando falei, vi subir borbulhas na água e minha filha boiar. Ela esticou o braço esquerdo em um dos lados do poço. Soltamos a corda com o balde.

Ela passou o arco do balde em volta do braço. Tinha ficado 45 minutos embaixo da água. Nesse meio tempo, os vizinhos vieram me acalmar e me seguraram, me amparando. Foi quando uma das minhas netas, de cinco anos, gritou chorando, pedindo para alguém tirar a mãe dela do poço, e ouvi uma vizinha avisar que a Sueli (a filha) estava afundando. Eu empurrei quem estava me segurando e me joguei na água. Afundamos nós duas, ela a cavalo na minha perna, mas consegui tirar ela do fundo”, detalha emocionada a devota.

Em outro momento, há mais de 60 anos, viveu uma experiência forte com Nossa Senhora Aparecida, quando perdeu o único filho homem que tinha. “Ele ia completar sete anos quando ficou desenganado pelos médicos. Não andava. Gastamos o que não tínhamos com ele e até hoje não sabemos o que aconteceu. Eu o entreguei aos pés de Nossa Senhora Aparecida. Uma noite, as quatro horas da manhã, ele acordou e me chamou, dizendo que iria fazer uma viagem, que queria muito me ajudar, mas que não poderia por causa da viagem. Ele repetia: quando a senhora precisar, mãe, é só lembrar de mim, me chamar e eu estarei na sua frente. Só nunca faça promessa. Reze, faça pedido, mas promessa não, porque eu era para ter ido bebê. Quando falou assim eu lembrei que com três meses ele quase morreu. Eu fiz promessa a Nossa Senhora Aparecida. Lembrei e comecei a chorar. Coloquei ele no colo. Me faz parar de chorar e pediu a imagem da santa. Pegou e a encostou no rostinho. Na testa, ficou a marca da coroa. Morreu em seguida. Eu fiquei com depressão, quase enlouqueci. Passado um tempo, decidi fazer uma capela para ele no Cemitério São Sebastião. Todos os dias eu chorava muito. Um dia resolvi reformar a capela e, durante a troca das lajotas, dois genros que faziam o serviço, debaixo de um sol forte, tiraram uma das lajotas e viram água escorrer. Do nada. Depois, no mesmo dia, aprontou um temporal, choveu ao redor e onde eles estavam assentando lajota não caiu um pingo de água. Nesse dia, parei de chorar. Minha fé foi maior”.

Aposentada de uma fábrica de cadeiras, para quem trabalhava em casa, entrelaçando palha, dona Conceição se orgulha de ser o suporte da família e dos vizinhos. “Sou eu quem lava os corpos dos vizinho mortos, aplico injeção. Até hoje. Minhas filhas nunca pagaram aluguel porque receberam de mim uma casa de madeira, dessas de tirar do lugar, quando casaram”, orgulha-se. Sua devoção a Nossa Senhora Aparecida é vivido todos os dias. “Ao deitar, peço para me guardar e guardar os quatro cantos da casa”, cita, lembrando que em cada quarto há uma imagem da santa. São de todos os tamanhos. Ela compra, ganha e dá de presente aos filhos, netos e amigos. É assim que manifesta sua fé. E a devoção à Mãe Aparecida é marca da família. A neta, Caroline Pedroso Sauner, de 30 anos, acompanha descalço a procissão. “Até os sete anos de minha filha eu a carregava no colo. Íamos as duas”, conta. Maria Eduarda Aparecida, hoje com 12 anos, nasceu prematura e com sérios problemas de saúde. “Pedi à santa por ela e fui atendida”, enfatiza, contando que esse ano vai atravessar, também descalço, a passarela do Santuário Nacional.

Programação

No Santuário Diocesano de Nossa Senhora Aparecida, nesta quinta-feira (12), acontece missa às 10 horas. A procissão em louvor a Nossa Senhora sai às 14 horas, de frente do Hospital Bom Jesus indo até o santuário, onde, às 15 horas, a celebração será presidida pelo bispo dom Sergio Arthur Braschi. A procissão será transmitida ao vivo pela Rádio Sant’Ana FM. Durante todo o dia haverá vendas de artigos religiosos, flores e velas de Nossa Senhora Aparecida, além de pastéis, bolos com a medalha de Nossa Senhora e refrigerantes.

Em 2017, se comemora os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Na Diocese, neste dia 12, além da programação no santuário diocesano, estão previstas, às 10 horas, consagração do altar da Capela Nossa Senhora Aparecida, no Loteamento Tibagi, na região do Núcleo Santa Paula, e, às 19 horas, celebração, também pelo bispo, dos 50 anos da Comunidade Nossa Senhora Aparecida, no Núcleo 31 de Março, que pertence à Paróquia Auxiliadora, tudo em Ponta Grossa.

Divulgação

Dona Conceição tem uma fé inabalável na Mãe Aparecida

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