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Estiagem reduz produção de feijão em Ponta Grossa, mas alta no preço compensa

A estiagem mais prolongada no Paraná desde que o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) começou a monitorar as condições do tempo, em 1997, começa a consolidar os seus impactos negativos na colheita do primeiro semestre deste ano. A estimativa é de que a segunda safra de feijão some perdas de 40% ou mais na quantidade de toneladas produzidas em Ponta Grossa; porém, a alta no preço do grão pode ser um alívio para os produtores.

A saca de 60 kg do feijão preto, que em há três meses custava R$ 130, nesta quarta-feira (20) estava cotada em R$ 250, enquanto que a de feijão carioca passou de R$ 190 em 20 de fevereiro para R$ 310 em 20 de maio. Os dados são da cotação diária do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) e referem-se aos preços mais comuns.

“A estimativa de safra do atualizada do mês de maio será finalizada na próxima semana, mas considerando os atuais resultados as perdas devem aumentar significativamente em relação à estimativa feita em abril, que previa uma queda de 21% na segunda safra de feijão. A variação negativa deve ficar em torno de 40% ou mais”, explica o economista do núcleo regional do Deral/Seab em Ponta Grossa, Luiz Alberto Vantroba.

“Em Ivaí, por exemplo, mais de a metade da safra já quebrou. A estiagem se agravou a partir de fevereiro, março e abril, justamento quando a cultura foi implantada”, destaca o economista. “Por outro lado, os preços [altos] estão recuperando parte dessa quebra de produtividade, amenizando as perdas severas”, avalia Vantroba.

Colheita

De acordo com o acompanhamento do Deral pelo menos 60% da área plantada já foi colhida no núcleo regional de Ponta Grossa e 90% das plantas já estão em estado de maturação. Em algumas propriedades esse processo já está adiantado, como é o caso da produção da família Tokutake. Ricardo Tokutake conta que iniciou a colheita desta safra de feijão nos últimos dias de abril e deve finalizar ainda esta semana.

Ele encaminha o grão pra as cooperativa da região e afirma que a estiagem afetou de 35 a 40% da sua produção neste ano na comparação com o ano passado. “Mas considerando que o preço subiu também cerca de 40% em termos monetários estamos praticamente equilibrados”, afirma.

Tokutake dá preferência ao feijão preto, responsável por 60% da sua área, enquanto que os outros 40% são destinados ao carioca. “O carioca tem um preço maior, mas que oscila e flutua muito. O preto é mais estável e por isso apostamos nele. Essa decisão varia de ano a ano; como na agricultura é sempre uma previsão futura é difícil saber o que vem pela frente”, analisa o produtor, que na primeira quinzena de junho já deve iniciar a plantação de trigo.

 

Estiagem pode comprometer safra de inverno

O Simepar divulgou nesta semana um estudo sobre o que ocorre neste ano em relação às chuvas e aumenta a preocupação dos produtores. “O impacto que esta estiagem vem provocando nos últimos dias é na semeadura dos cereais de inverno. Alguns produtores realizaram o plantio no pó, com a expectativa de que iria chover na sequência, e outros estão aguardando um volume de chuva considerável para poder realizar o plantio”, disse Dirlei Antonio Manfio, técnico do Deral e autor do estudo.

Apesar disso, para o produtor Ricardo Tokutake a expectativa para a produção de trigo ainda é boa devido aos preços valorizados. “Esse ano a previsão é de um inverno mais seco, mas a expectativa é boa porque por enquanto os preços estão ajudando. Porém, só vamos colher no final do ano, então tomara que se mantenham desta forma até lá”, adianta Tokutake, que repassa a sua produção do cereal para as cooperativa da região.

Foto: José Aldinan

 

 

 

 

 

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