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Evento discute regulação e soluções para destinação do lixo

A coleta e a destinação do lixo, com tratamento adequado, ainda é um grave problema nos municípios brasileiros: cerca de 40% dos resíduos ainda vão para lixões a céu aberto. De acordo com o presidente da Sanepar, Ricardo Soavinski, a solução passa pela regulação do setor, com a cobrança efetiva de quem gera os resíduos, além da adoção de tecnologias de aproveitamento energético já disponíveis no Brasil.

Soavinski falou sobre o tema nesta terça-feira (20), na abertura do workshop “Aspectos técnicos, ambientais e econômicos do tratamento de resíduos sólidos urbanos”, realizado no auditório do Centro de Tecnologias da companhia, em Curitiba.

“Muitos municípios não cobram a tarifa de lixo e, quando cobram, cobram mal, apenas para a coleta. Sem recursos não é possível dar destinação e tratamento adequados para os resíduos sólidos”. De acordo com ele, os grandes geradores devem pagar por isso e pode-se estipular tarifas diferenciadas para a população de acordo com o segmento social. “Haveria um reflexo direto na melhoria da saúde da população e do meio ambiente”, disse o presidente da Sanepar.

A empresa opera hoje três aterros sanitários – em Cianorte, Apucarana e Cornélio Procópio –, atendendo uma população de 290 mil habitantes, de sete municípios. Em 2017, esses aterros trataram 62 mil toneladas de resíduos. Os locais têm certificação ambiental, mas ainda são deficitários por falta de regulação para o setor.

O gerente de Resíduos Sólidos da Sanepar, Charles Carneiro, que coordena o evento, afirma que no Brasil o número de lixões cresceu de 2016 para 2017, embora a legislação brasileira proíba o surgimento de novos lixões. Os que já estão em operação devem ser transformados em aterros sanitários até 2021.

“Não usamos mais a palavra lixão, e sim resíduos, dada à qualidade do que jogamos fora”, disse o presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos (Abetre), Luiz Gonzaga. Segundo ele, a ausência de sustentabilidade econômica do setor leva à falta de cuidado com os resíduos sólidos. “Já estamos acostumados a pagar pelo tratamento de água e por outros serviços públicos e precisamos pagar pela coleta, pela destinação final e pelo sistema de efluentes dos aterros. Ninguém gosta de pagar taxas, mas é preciso.”

O presidente da Associação Brasileira Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP), João Gianesi, destacou que o Paraná está à frente de muitos estados com relação a aterros sanitários. No Estado, 75% dos resíduos são enviados a aterros.

“O tempo não é aliado na questão ambiental. A demora na busca de soluções leva a mais agressões ao meio ambiente e ao aumento da poluição”, disse o promotor público Luís Fernando Barreto, presidente da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa).

Ele ressalta que os resíduos sólidos são problema de todos os municípios. “Nem todos os municípios estão em área de Mata Atlântica, nem todos estão na costa litorânea, mas com certeza todos os municípios precisam de água tratada e todos geram resíduos sólidos e esgoto”, disse. A solução passa por aspectos técnicos e ambientais. “Sem boa tecnologia, sem investimentos em equipamentos, conhecimento e pessoas, não há solução”, disse.

Programação

Também foram temas do worshop, Controles operacionais do aterro sanitário de Cianorte sob a luz da ISO 14001, com o administrador Fabiano Ochmat, da Sanepar; Principais diretrizes de projeto e aspectos construtivos em aterros sanitários, com o engenheiro Clovis Benvenuto, da Associação Brasileira Resíduos Sólidos (ABLP)/Geotech; e Tratamento de chorume por sistemas membranares, com o engenheiro Walter Plácido, da AST Serviços, Soluções e Tecnologias em Meio Ambiente.

O evento abordou, ainda, Tratamento mecânico biológico de RSU, com o engenheiro Pedro Sousa, da Brevil; Gaseificação de Resíduos Sólidos Urbanos, com Evandro José Lopes; e CS Bioenergia – Geração de energia a partir de resíduos e os potenciais da tecnologia, com Glauco Requião.

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