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“Ficar em casa é o principal remédio”, diz Beto Preto

Os casos de covid-19 se intensificaram no interior. O secretário estadual de Saúde, Beto Preto, reitera que neste momento não existe melhor remédio do que ficar em casa, reforçar o isolamento e distanciamento social, usar máscara facial e manter os hábitos de higiene pessoal (lavar as mãos com água e sabão).

"Fizemos um plano de contingência, que foi também referência para os municípios.  Ampliamos a rede hospitalar por todas as regiões. Neste sentido, algumas ações também merecem destaques, como o trabalho integrado das equipes de epidemiologia para a identificação e bloqueio de casos em 22 regionais de saúde", disse Beto nesta entrevista exclusiva a ADI sobre as ações tomadas em relação ao interior.

Beto Preto afirma ainda que foram disponibilizados mais de 11 milhões de unidades de equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas, máscaras, avental, álcool gel, entre todas necessidades dos profissionais de saúde.

"Foram quase 400 mil testes rápidos para as 22 Regionais de Saúde, ampliamos a capacidade de testes de RT-PCR considerado o padrão ouro, hoje com uma capacidade de processamento pelo Lacen e pelo IBMP/Fiocruz de 5 mil testes ao dia". 

Leia a seguir a entrevista na íntegra com Beto Preto:

ADI – O coronavírus alcançou quase todo o Paraná. Quais as medidas que a Secretaria de Saúde adotou no tratamento da Covid-19 nas pequenas e médias cidades?
– O novo coronavírus SARS-CoV 2  está circulando praticamente em todas as cidades do Paraná. Desde o início da pandemia, pela liderança do governador Ratinho Massa Junior, desenhamos uma estratégia que até este momento – em julho – nos coloca numa situação equilibrada, em comparação aos outros estados do Brasil. Não é uma posição confortável, muito pelo contrário. Ampliamos todas as ações já desenvolvidas desde oferta de leitos de UTI especializada em macrorregiões, como testagem do vírus em grande quantidade, além de ações preventivas em grandes, médias e pequenas cidades. O momento é crítico, preocupante e precisamos da ajuda de todos.

Mais de 700 pessoas já morreram pelo novo vírus. São vidas de paranaenses que se perderam. Famílias que choram, uma comunidade enlutada, uma cidade entristecida.

ADI – Poderia detalhar algumas das ações municipalistas?
– Fizemos um plano de contingência, que foi também referência para os municípios.  Ampliamos a nossa rede hospitalar por todas as regiões. Neste sentido, algumas ações também merecem destaques, como o trabalho integrado das equipes de epidemiologia para a identificação e bloqueio de casos em 22 Regionais de Saúde.

Disponibilizamos mais de 11 milhões de unidades de equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas, máscaras, avental, álcool gel, entre todas necessidades dos profissionais de saúde.

Foram quase 400 mil testes rápidos para as 22 Regionais de Saúde, ampliamos a capacidade de testes de RT-PCR considerado o padrão ouro, hoje com uma capacidade de processamento pelo Lacen e pelo IBMP/Fiocruz de 5 mil testes ao dia.

O Paraná é o Estado que mais testa, proporcionalmente no Brasil.

ADI – O senhor especificar por região: da fronteira internacional no Oeste e Sudoeste até Curitiba e Litoral?
– As ações são todas integradas, pois o coronavírus dispersou por todo o Paraná indistintamente. Por exemplo, no Oeste paranaense, onde temos um grande número de frigoríficos, fazemos um trabalho efetivo de orientação com estratégia conjunta para a testagem laboratorial, identificação e bloqueio de pessoas confirmadas e daqueles que tiveram contato com os trabalhadores deste segmento empresarial.

É preciso destacar ainda a ampliação da nossa robusta rede hospitalar. Não optamos por contratar nenhum hospital de campanha, porque além de caro, é pouco efetivo do ponto de vista técnico e optamos por deixar o legado nas novas instalações hospitalares para o pós pandemia.

No Paraná, em 30 anos, foram quase 1.200 leitos de UTI implantados. 

Sob a coordenação do governador Ratinho Junior, em 100 dias colocamos 800 leitos de UTI para funcionar. Fizemos funcionar três hospitais regionais (Telêmaco Borba, Ivaiporã e Guarapuava), que por quase dezesseis anos – quatro gestões , a obra não finalizava, ou mesmo quase acabada, sequer atendeu um paranaense,  um paciente qualquer, pois não abriram as portas. Colocamos toda a estrutura para funcionar e hoje estamos salvando vidas neste momento crítico. E eles continuarão, após esta pandemia, a funcionar com qualidade para atender nossas comunidades.

Além disso, ampliamos a estrutura dos hospitais universitários em Cascavel, Londrina, Maringá e Ponta Grossa. Na capital e na região metropolitana, por exemplo, colocamos o Hospital de Reabilitação, aqui em Curitiba, apenas o atendimento de casos de pacientes com a Covid-19. Unidade própria do Estado. Temos na região metropolitana, em Campo Largo, um hospital que tem leitos contratados pelo Governo. E que hoje atende também pacientes de Curitiba e região metropolitana. Ou seja, é a ação da saúde no Paraná por inteiro.

ADI – Esta ampliação hospitalar é o diferencial no combate ao coronavírus?
– É preciso dizer que a estrutura hospitalar não é infinita. Temos a capacidade de contratação de leitos até um certo ponto, pois há o limite de contratação da equipe multiprofissional especializada e treinada. Se não segurarmos a curva ascendente de casos, não teremos leitos, equipes profissionais intensivistas e remédios anestésicos, que já estão faltando em muitas unidades no Brasil.

ADI – O uso da máscara, o distanciamento e o isolamento social, a higiene pessoal ainda os melhores protocolos de prevenção, quais outros?
– Neste momento não existe nenhum outro protocolo mais eficiente. Temos que manter o isolamento domiciliar e o distanciamento social, além de reiterar os hábitos de higiene e ventilar os ambientes, abrindo portas e janelas frequentemente.

ADI – Quais os principais pontos do decreto do governador Ratinho Junior que merecem mais atenção nas cidades do interior?
– É preciso dizer que medidas mais duras foram adotadas no novo decreto em 7 regiões de saúde como Curitiba e Região Metropolitana, Londrina, Cornélio Procópio, Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo e Cianorte com alcance em 134 cidades.
Consideramos um tripé: incidência de casos, número de mortes e capacidade hospitalar. Estas são, hoje, as regiões mais críticas, que estão acima da média do Paraná. Mas é preciso fazer uma quarentena bem feita agora.

O governador Ratinho Junior é uma pessoa sensível, reconhece a dificuldade de todos, especialmente da atividade econômica. Mas vejamos, estamos com as aulas interrompidas, famílias inteiras que estão fazendo um sacrifício para nos auxiliar a segurar a curva.

Temos uma projeção feita pelo Ipardes que, em 12 de julho, teremos mais de 53 mil casos no Paraná.

Por isso a medida agora é no sentido de determinar a suspensão do funcionamento das atividades que não sejam essenciais, fechamento do comércio, shoppings, a redução da jornada e da capacidade de ocupação do transporte coletivo, suspensão das cirurgias eletivas, até para nos auxiliar na estrutura hospitalar, diminuir a utilização de remédios e anestésicos, e  ainda restrição de circulação de pessoas em supermercados e comércio essencial.

ADI – O senhor tem conversado com  os prefeitos, como eles avaliam toda essa situação e como as prefeituras podem ajudar mais?
– Sim, temos feitos conversas permanentes com todos os prefeitos, com a associação de prefeitos das diversas regiões, juntamente com o governador Ratinho Junior, que é governante de diálogo franco, aberto e municipalista. Temos pedido a colaboração neste sentido, de adesão aos posicionamentos do Governo Estadual. Muitos prefeitos entenderam o cenário e estão nos ajudando. Sabemos que neste ano de eleições municipais adiadas, temos algumas situações diferenciadas. Mas o momento exige equilíbrio, um olhar técnico e científico, pensando na preservação de vidas. Temos que deixar a questão política para o momento oportuno e lembro que fui prefeito também e sei das dificuldades que eles passam neste momento.

ADI – Qual sua avaliação do trabalho da Sesa nesses mais de 100 dias de pandemia?
 – A gestão tem sido pautada no equilíbrio, na moderação e trabalho em equipe. E principalmente na austeridade e legalidade. Nenhuma compra ou aquisição foi feita de forma açodada. Muito pelo contrário. Temos visto gente comprando respiradores por mais de R$ 200 mil. No Paraná, compramos poucos  equipamentos por R$ 40 mil e R$ 50 mil, além de recuperar equipamentos que estavam parados por falta de assistência técnica, até com voluntários. Não é porque o próprio mercado está regulando as demandas, mercadores inescrupulosos estão jogando o preço nas alturas, que temos que justificar a compra sem critérios, mesmo em caso deste cenário caótico na saúde pública.

Temos atuado também com a ciência nos ladeando e auxiliando. Até aqui, a nossa estratégia de ampliação de leitos, contratação de serviços de UTI tem sido positiva. Mas repito, é uma estrutura finita. Os dias têm sido difíceis. Não temos zona de conforto. E por isso mesmo precisamos da ajuda de todos.

ADI – Remédios mais eficazes e vacina contra a pandemia estão mais perto? E os remédios indicados até agora?
-Ainda não temos um remédio efetivamente comprado, nenhuma vacina. Temos estudos, temos algumas pesquisas. Esperamos que logo a gente tenha um medicamento ou mesmo vacina. Os remédios que temos hoje são utilizados em situações muito pontuais.

O principal e mais efetivo remédio, por enquanto, é o isolamento domiciliar, higiene pessoal e o distanciamento social.

ADI – Como se proteger do coronavírus neste inverno?
– O inverno é um momento mais propício para propagação do vírus, por ser um período mais úmido e frio. Por isso, as pessoas devem continuar usando máscaras, lavando bem as mãos, usando álcool em gel, deixando os ambientes arejados. É um período, principalmente no Sul do Brasil, onde será crucial a atenção redobrada de todos – governantes e cidadãos.  Com a ajuda das famílias paranaenses vamos superar com consciência social, e mais rápido, este momento difícil.

-"O Paraná é o Estado que mais testa, proporcionalmente no Brasil"

-"O principal e mais efetivo remédio, por enquanto, é o isolamento domiciliar, higiene pessoal e o distanciamento social"

-"É preciso destacar ainda a ampliação da nossa robusta rede hospitalar. Não optamos por contratar nenhum hospital de campanha, porque além de caro, é pouco efetivo do ponto de vista técnico"

-"Temos uma projeção feita pelo Ipardes que, em 12 de julho, teremos mais de 53 mil casos no Paraná"

-"Muitos prefeitos entenderam o cenário e estão nos ajudando"  

-"O inverno é um momento mais propício para propagação do vírus, por ser um período mais úmido e frio".  

-"Temos visto gente comprando respiradores por mais de R$ 200 mil. No Paraná, compramos por R$ 40 mil e R$ 50 mil"

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