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Fundado por Jacob Holzmann: D’O Progresso para o Diário dos Campos

O DC comemora em 2018, não apenas seus 111 anos de história, mas também toda uma trajetória de sucesso paralela ao crescimento e desenvolvimento de Ponta Grossa e dos Campos Gerais. Muitas pessoas conhecem ou já ouviram falar o nome Jacob Holzmann (que se tornou nome de uma rua na cidade), mas nem todos sabem que ele foi o fundador do jornal O Progresso, que mais tarde se tornaria Diário dos Campos. Conheça a história da criação do jornal e um pouco sobre a vida de seu fundador, contada à redação do DC por seu bisneto Fabio Mauricio Holzmann Maia:

 

 

O Jacob veio de uma família de imigrantes para o Brasil e desde muito cedo começou a lutar pela vida, tentando conseguir uma profissão que pudesse dar a ele um futuro. Um dia, quando era adolescente, seu pai o chamou para definir qual ofício ele deveria seguir. Foi então que ele disse que gostaria de ser músico. O pai lhe deu uns 'cascudos', pois, naquela época, ser músico não era considerado um ofício adequado.

 

Então ele começa a vender os pães que a mãe fazia e, mais tarde entrou para trabalhar na alfaiataria de seu Silvério. Foi lá que viu seu mentor escrevendo música. Tornou-se alfaiate, trabalhando com Seu Silvério e aprendendo música ao mesmo tempo. Mas, você deve estar se perguntando… o que isso tem a ver com o jornal? Bom, tem uma relação direta porque Jacob se tornou músico e chegou a reger a velha banda Lira dos Campos, na década de 1990 e, foi do ofício de regente que surgiu a oportunidade de fundar o jornal. Mas voltaremos à essa parte logo mais.

Jacob Holzmann foi um grande empreendedor: começou como comerciante, criou a Banda Lira dos Campos, O Progresso, Cine Teatro Renascença e foi representante da Universal Pictures

Além da regência da banda, Jacob tinha outras atividades. Era comerciante, tinha uma loja e, com essa atividade comercial acabava viajando muito e as pessoas sempre perguntavam sobre a cidade. Era quando ele fazia uma grande propaganda, dizia que Ponta Grossa era uma cidade de extremo progresso, em processo de desenvolvimento. No entanto, quando perguntavam se havia jornais na cidade (pois afinal, "sem jornais, não há progresso"), ele dizia que não. E isso o incomodava.

Voltando à relação da música com a criação do jornal… Em um determinado dia, um dos músicos da banda Lira dos Campos chega dizendo que a tipografia onde trabalhava iria fechar e ele teria que ir embora. Foi então que, para não perder o trombonista de sua banda, Jacob resolveu comprar a tipografia, vendo ali também a grande oportunidade de, finalmente, dar à Ponta Grossa um jornal. 

 

Jacob não tinha recursos, mas conseguiu um empréstimo de 1 conto de réis para comprar a tipografia e montar o jornal. O nome escolhido, O Progresso, remetia justamente àquilo que ele era tão questionado em suas viagens, sobre a existência de jornais na tão desenvolvida e cheia de progresso cidade de Ponta Grossa. Aí Jacob começa uma luta intensa, pois os primeiros tempos do jornal não foram fáceis. Ele não conseguia assinantes e os que assinavam não pagavam. Levou com muita dificuldade no começo. No entanto, teve a parceria de algumas pessoas que foram fundamentais neste processo, que foram os redatores. Entre eles, aquele que deu um impulso muito grande ao jornal: Hugo Reis. Assim como João Dutra, que foi o primeiro redator-chefe e teve um papel fundamental na imprensa ponta-grossense.

Fabio Holzmann Maia, bisneto de Jacob Holzmann, conta a história da fundação do Jornal O Progresso

Percebemos na história do jornal que ele sempre teve muito prestígio entre a população. Nessa trajetória toda, Jacob passou por muitas dificuldades, inclusive, chega em um ponto, quando ele vende o jornal, que promete para sua mulher, Maria Joana, que não iria mais se envolver na área. No entanto, quando Eliseu de Campos Melo compra o jornal, em janeiro de 1913, traz Jacob como gerente. É nessa época que 'O Progresso', torna-se Diário dos Campos. Uma curiosidade: durante um tempo, nas primeiras edições do Diário dos Campos, está impresso embaixo 'Ex-O Progresso', sempre fazendo referencia à sua origem.

 

Jacob Holzmann era um sujeito empreendedor. Começou como comerciante, fundou a banda Lira dos Campos, o jornal O Progresso e na década de 20, torna-se representante da Universal Pictures no Brasil. Também criou o Cine Teatro Renascença, com o objetivo de ter um lugar fixo para as apresentações da banda.

 

Ele veio para o Brasil ainda criança (com apenas dois anos de idade) em 1877. Sua família era de alemães, dos chamados Alemães do Volga, que tinham migrado da Alemanha para a Rússia, onde ele nasceu (Saratova, 1875). A família foi para o Brasil e se instalou nos Campos Gerais. Anos mais tarde, em busca de terras melhores, a família vai para a Argentina, onde permanece alguns anos antes de voltar para Ponta Grossa.

 

Morreu em 1933 (por complicações de saúde) no Rio de Janeiro, onde estava para prestigiar a formatura de um de seus filhos, que estava se formando no Instituto Nacional de Música.

 

 

 

 

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