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Garagem esconde tesouros do Velho Oeste em PG

Vista do lado de fora, a garagem da casa de Adhemar Ramos Martins talvez pareça comum. Mas quem tem a oportunidade de ser convidado a entrar descobre um pequeno santuário. Os pôsteres de filmes que forram paredes e estantes, os DVDs e fitas cassete, o velho projetor (zero quilômetro), as revistas com fotos de celebridades de Hollywood e a trilha sonora que emana das caixas de som não escondem: Adhemar é um apaixonado por cinema.

Aos 81 anos anos, ele tem como hobby colecionar itens que remetem aos filmes. O gênero que mais gosta, não há dúvidas, é o western. Estão sempre à mão o chapéu, a vestimenta, a réplica de revólver (espoleta), o coldre que ele mesmo fez. Quando desce a escada para receber a equipe do DC, parece ser possível ouvir até as esporas de uma bota usada no velho oeste, mas é efeito do cenário que ele montou sob a residência no bairro Olarias, em Ponta Grossa.

Em meio às quatro paredes repletas de um acervo rico em variedade de filmes, está um painel que traz parte do princípio de tudo: uma coleção – completa – de embalagens de um sabonete estampadas com fotos de atores e atrizes. Foi, na verdade, a continuação de um hábito de seu pai. “Ele guardava fotos de atores e atrizes. Eu tinha sete ou oito anos e esperava ele sair para pegar as fotos e estender sobre a cama. Ficava olhando. Não sei por que, mas o interesse já havia surgido ali”, recorda Adhemar.

Quando foi assistir ao primeiro filme no cinema, em 1952, se deparou com a obra A Trilha do Telégrafo. “Meu pai foi telegrafista. E essa coincidência, junto com a paixão dele pelos filmes, fez aumentar meu interesse”, diz. Ele acredita que hoje é essa fixação pelo tema que mantém sua vitalidade. “Tive três AVCs, e acho que é isso aqui que garante minha saúde”, comenta.

 

Destino incerto

Adhemar se considera um privilegiado. Tem pelo menos quatro reportagens impressas, fixadas à parede, na qual ele é um dos personagens principais. O motivo é o mesmo que o coloca neste texto: sua coleção singular. “Desconheço um anônimo que esteja em tantos jornais”, brinca, ao lembrar que não é um entendido em cinema, é apenas alguém que gosta dos filmes, que pesquisa e aprecia. Mas aquilo que embala seus sonhos também é o que o desperta em pesadelos. A coleção tem alto valor sentimental, mas um destino ainda incerto depois que o mocinho deixar o cenário.

 

Último cowboy

Por enquanto, Adhemar aproveita cada minuto junto ao acervo, e mostra que sabe fazer pose para as fotos, inspirado nos filmes que mais assiste. Faz cara de mau, se prepara para sacar o revólver com a rapidez que garanta sua sobrevivência, mira índios apaches hostis ou bandidos em um horizonte imaginário. Autointitulado “o último cowboy de Ponta Grossa”, ele mantém o bom humor, cultivando amizades com outros que, como ele, apreciam a sétima arte com estilo.

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