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Indústrias da região de Ponta Grossa têm queda de 45% na circulação de produtos

A queda no consumo provocada pelas medidas de combate e pelo impacto financeiro do novo coronavírus tem ocasionado uma reação em cadeia em diversos setores da economia mundial, inclusive na atividade industrial. Em abril, em Ponta Grossa e região a arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) somou R$ 11,8 milhões, 45,5% a menos do que o mesmo mês de 2019 e -48,2% em relação a março.

Os dados são da delegacia regional da Receita Federal, que abrange 64 municípios da região, e podem atribuir o resultado negativo à queda da circulação de produtos industrializados, já que o IPI é cobrado quando os produtos saem da fábrica ou são comprados do exterior – incluindo insumos, por exemplo.

A queda na arrecadação é crescente desde o início do ano, quando a pandemia já assolava outros países: enquanto em janeiro o pagamento do imposto na região somava R$ 29,52 milhões, em fevereiro caiu para R$ 24 milhões, diminuiu para R$ 22,85 milhões em março e chegou a R$ 11,82 milhões em abril – o menor valor mensal em pelo menos cinco anos.

A redução da atividade fabril não é exclusividade da região. Dados do IBGE divulgados no último dia 14 mostram que a produção industrial teve retração de 9,1% no país em março, em comparação com o mês anterior. Foi a primeira vez em oito anos que o levantamento registrou queda em todos os 15 locais pesquisados; o mais próximo disso só havia acontecido durante a greve dos caminhoneiros em 2018, quando foi registrada retração em 14 dos 15 locais. No Paraná, a queda foi de 4,9%.

Análise

Conforme destaca a diretora executiva da Casa da Indústria de Ponta Grossa, Priscilla Garbelini Jaronski, houve uma queda de produção geral entre as empresas, desde as menores até as multinacionais. “Lá no começo da crise o que mais impactou foi a falta de insumos devido à sua dificuldade de chegada por conta da importação, logística e barreiras, por exemplo. Hoje os problemas são mais amplos, como a falta de pedidos por exemplo”, analisa a representante só setor.

Segundo Priscilla, em Ponta Grossa o impacto foi sentido em todos os setores. “Mesmo aqueles com destinação para o mercado interno tiveram queda, assim como os voltados à exportação” aponta, afirmando que a retomada de números “mais confortáveis” ainda vai levar um tempo.

“O motivo mais predominante para isso é a queda de consumo. Além do fechamento do comércio em muitas regiões, temos a retração do consumo em razão do empobrecimento das pessoas, e a própria inflação mostra isso para a gente; é uma reação em cadeia”, diz ela, afirmando que em muitas indústrias caiu a produção porque os estoques estão cheios e não para onde escoar os produtos.

 

Demanda industrial registra queda em Ponta Grossa

O Núcleo da Indústrias (NDI) da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (ACIPG) possui 43 fábricas ativas e aproximadamente sessenta em processo de nucleação. De acordo com dados repassados ao DC pelo coordenador do grupo, Otto Ferreira Neto, 76% das empresas registra redução na demanda de produção, 18% não tiveram alteração e 6% afirmam que tiveram um aumento na demanda de produtos.

“Algumas indústrias, como às ligada ao agronegócios, por exemplo, estão em alta, mas o agronegócio não gera IPI. Muitas outras estão com estoque cheio, mas com o comércio fechado o giro de compras ficou muito pequeno – e, se o comércio não compra, não gera IPI”, lembra Otto.

 

Setor alimentício mantém ritmo

A produção alimentícia é um exemplo de segmento que precisou adequar sua logística para seguir atendendo às demandas do mercado. Em Castro, a indústria de produtos suínos Alegra registrou um crescimento de 3% na produção no mês de abril, se comparado ao mesmo período de 2019. Para Neandro Gimenez Debeuz, gerente de Supply Chain da Alegra, o equilíbrio na produção ocorreu devido ao redirecionamento das vendas. “A pandemia causou uma retração de cerca de 30% no mercado nacional, por isso, parte deste volume foi redirecionado para o mercado internacional, que apresentou um aumento de demanda. Na Alegra, 20% da produção foi realocada para a exportação”, conta.

 

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