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Jantar familiar em renomado restaurante de Ponta Grossa termina em “circo de horrores”

Uma grande confusão, com agressões físicas e verbais, ocorreu neste fim de semana tendo como cenário um conceituado restaurante de gastronomia contemporânea de Ponta Grossa. O motivo foi o comentário de um jovem de 17 anos, que disse para o garçom tomar cuidado com seus talheres, porque teve covid-19, mas já estava curado.

A informação deve ter chegada distorcida aos donos do restaurante, aqui identificados por J. e A., e isso bastou para transformar um jantar em família em uma sessão de "circo de horrores", como descreveu uma das vítimas, M., em sua página no Facebook. Ela também postou um vídeo no Instagram.

Quase todos, supostos agredidos e agressores, acabaram se dirigindo à 13ª Subdivisão Policial, onde foi registrado o Boletim de Ocorrência número 2020/ 654327 e só saíram no início da madrugada de sábado (27).

Agressões

Segundo relato da estudante de Medicina, M., as agressões contra o seu irmão menor de idade, e depois ao seu pai, sua mãe, seu tio e seu primo, partiram de dois homens que se identificaram como proprietários do restaurante Villa Família Mikulis.

Os três homens, vindos de Rondônia, estavam hospedados no hotel Premium Vila Velha-Ponta Grossa, sendo dois irmãos, A. e P., e um terceiro, I. filho do segundo. Eles haviam feito check-in por volta das 19 horas e, em seguida, convidaram o casal de filhos de A., o adolescente e M., para jantar. O jovem mora com a mãe em Ponta Grossa e a jovem estuda em Porto Velho (RO), mas devido à pandemia está na cidade.

O restaurante Mikulis é terceirizado e não pertence ao hotel, mas fica em uma espécie de anexo ao prédio do Vila Velha. Os dois estabelecimentos se interligam por uma cobertura, onde também embarcam e desembarcam hóspedes.

Confusão

Tudo corria bem no jantar até que dois homens, "um de cabelos grisalhos, vestindo jeans e camiseta escura e outro de moleton, cabelo encaracolado e óculos de armação preta, que se identificaram como proprietários do restaurante", conforme consta nos relatos feitos à polícia e publicados no perfis sociais de M., se aproximaram da mesa da família e um deles, o grisalho, perguntou, se dirigindo ao adolescente:

– Você está doente?

O menino respondeu:

– Estive.

Foi o que bastou para entornar o caldo. O homem, em tom elevado, como descreveu M., mandou o garoto sair imediatamente do restaurante. O menino levantou, colocou a máscara e saiu, enquanto os demais à mesa permaneceram atônitos, sem entender o que estava ocorrendo.

Mas o adolescente foi seguido, sendo agredido verbalmente e empurrado pelas costas pelo senhor que o havia expulsado do estabelecimento. Foram assim até a porta do restaurante que dá acesso à rua – e não ao hotel.

O homem de calça jeans e camisa escura teria dito, de forma exaltada, que "esses doentes vêm não sei de onde para o meu restaurante trazer doença e contaminar os meus clientes. São uns irresponsáveis".

O pai do menor, A., seu irmão, P., e o seu sobrinho, I., ao verem os empurrões, saíram em socorro do garoto e o imbróglio continuou na rua, com xingamentos, chutes e socos. Conta a estudante:

– Depois deles saírem eu, ainda atordoada, me levantei, peguei os restantes dos pertences da mesa e também me direcionei à saída do restaurante. Assim que cheguei na porta vi o homem grisalho dando dois socos na cara do meu primo, que apenas saiu de perto do agressor após a lesão sofrida. Meu pai também foi chutado nas pernas.

Xingamentos

Logo a mãe do adolescente também chegou ao local, pois ele havia ligado para ela assim que a confusão começou. O casal de filhos estava entrando no carro, disse M., quando um dos donos do restaurante, o de cabelos encaracolados, passou a fotografar a placa do veículo.

O fato desencadeou nova sessão de xingamentos e agressões verbais impublicáveis. "Vagabunda" teria sido adjetivo mais suave ali proferido.

 Quando os ânimos se arrefeciam e o pessoal da família que se sentiu "humilhada" se encontrava no hall do hotel, sendo atendida pela gerente, que lhes serviu água e chá "para acalmar",chegou a Polícia Militar.

Os três policiais que atenderam a ocorrência ouviram as diversas versões dos envolvidos e pediram para que se encaminhassem à 13ª Subdivisão Policial.

A família chegou na delegacia por volta das 23 horas de sexta-feira (26) e só saiu em torno de 1h30min de sábado. Os supostos agressores não foram ouvidos.

No domingo (28) à noite, por telefone, a mãe de M. disse à reportagem que o pai dos filhos dela, A., é servidor público federal aposentado, advogado e ex-comandante da Polícia Rodoviária Federal em Rondônia e no Acre. E acrescentou:

– Essa história só está começando.

Outro lado

Os donos do Villa Família Mikulis foram procurados por telefone no domingo (28) à noite e na manhã desta segunda-feira (29). O retorno ao jornal ocorreu no início desta tarde, quando informou à reportagem que eles emitiriam uma nota de esclarecimento sobre os fatos, “já que não fomos ouvidos pela polícia e a versão apresentada distorce todos os fatos”.

À noite, o restaurante publicou um vídeo em sua página no Facebook, no qual um funcionário que trabalha na casa há 19 anos diz que a história não foi bem assim. Veja aqui.

 

A reportagem omitiu os nomes das vítimas para proteger o menor de idade.

 

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