Neste sábado (20), na Verbo Livraria, leitores se encontram para um bate-papo sobre ‘Divórcio’, romance do escritor brasileiro Ricardo Lísias. A edição número 37 do Clube de Leitura Companhia das Letras/Verbo Livraria acontece das 10h às 12h na Avenida Vicente Machado, 779. Para participar, recomenda-se apenas a leitura integral da obra.
Desde de sua publicação, ‘Divórcio’ foi considerado polêmico por combinar autobiografia à ficção enquanto trata de uma separação conjugal traumática. O autor também foi alvo de inquérito da Polícia Federal, que apurou provável falsificação de documento relacionado à obra. Lísias classificou o episódio como mais uma manifestação do ‘estado de alucinação’ em que o Brasil vive. O inquérito terminaria tema de outro livro e de uma peça de teatro, ambos de autoficção.
“A escolha do livro se deve às qualidades literárias de Lísias, não pelas polêmicas decorrentes dele”, observa o curador do encontro, Ben-Hur Demeneck, jornalista e professor de jornalismo na UEPG. Para Demeneck, Lísias é um dos autores mais contundentes e corajosos do Brasil de hoje e entretém o leitor com passagens perspicazes e de vasto repertório cultural. “Além de tratar de assuntos delicados como adultério e separação, a trama tecida por Lísias alinhava memória familiar, a corrida São Silvestre, embates enxadrísticos, viagens pelo mundo e corrupção no jornalismo”.
A história do livro começa em agosto de 2011, quando o narrador de ‘Divórcio’ – casado há 4 meses – encontra acidentalmente o diário da esposa em que, entre outras coisas, ela escreve: “O Ricardo é patético, qualquer criança teria vergonha de ter um pai desse. Casei com um homem que não viveu”. A partir de então, o narrador descreve o que chama de ‘seu desmoronamento’ e a tentativa de compreender o que o levou ao ponto crítico.
Em ‘Divórcio’, o narrador busca na literatura e em treinos de corrida cada vez mais intensos alguma lucidez retorne a sua vida. Mas nem sempre é possível explicar friamente o que ocorreu, dar ordem aos sentimentos conflitantes, à dor e à obsessão, ao desejo de esquecer. É isso o que torna ‘Divórcio’ um romance sem paralelos. Num fluxo emocionante, numa reconstrução ficcional da memória, o autor ultrapassa os limites da autoficção e alcança um novo terreno, em que a literatura – a literatura combativa, desafiadora – tem a última palavra.