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Mercado imobiliário retoma crescimento econômico em PG

Após anos de intensa crise financeira a economia brasileira começa a dar sinais de recuperação – e, em Ponta Grossa, um dos setores que mais têm tido aceleração no crescimento é o mercado imobiliário. De acordo com dados do Sindicato de Habitação e Condomínios (Secovi) repassados à reportagem do Diário dos Campos pelo seu representante regional, Carlos Roberto Tavarnaro, no ano passado a oferta de imóveis à venda cresceu 10,3% na cidade, enquanto que a locação registrou um aumento de 3,9% – ambos comparados a 2018.

Quanto aos preços, os maiores incrementos foram verificados nas unidades comerciais: os valores das vendas subiram 7,4% e os das locações 7,18%. Já nas residenciais, as variações foram menores do que a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Enquanto que o IPCA fechou 2019 em 4,31%, os imóveis residenciais à venda tiveram um aumento de 3,4% e os para locação de 1,8%.

“Isso para nós é um indicador muito positivo porque é um indicador de retomada de crescimento econômico.A gente passou os últimos anos praticamente estagnado, lembro que falávamos em ofertas 1% maiores ou até menores, e hoje chegamos a 10%”, destaca Tavarnaro.

Conforme lembra ele, a oferta de vendas é maior devido ao “boom” de investimentos na construção de novos empreendimentos. “Tivemos nos últimos anos um grande volume de entrega de unidades de apartamentos, além de muitos lotes liberando vendas e sendo regularizados, o que influencia bastante nesse volume. Estamos falando de prédios com cem unidades e loteamentos com quinhentas”, exemplifica o presidente regional do Secovi.

Resultados

Na Tavarnaro Consultoria Imobiliária, empresa do dirigente do sindicato, as vendas tiveram um aumento de 5% e as locações cresceram 8% no ano passado. Na imobiliária Torre Blanca os resultados foram semelhantes, variando de 5 a 7% nas comercializações totais com destaque também para as locações, que tiveram uma alta de 7% na procura.

“Observamos uma melhora no mercado imobiliário principalmente no nível de confiança do consumidor, que está retomando o investimento”, afirma Alexandre Devicchi, diretor da Torre Blanca, ressaltando que a tendência é que 2020 obtenha um desempenho ainda melhor. “A expectativa para esse ano é termos uma alta acima de 10%, na comercialização para vendas e nas intermediações de locações”avalia Devicchi, contando que neste mês de janeiro já há grandes consultas e negócios sendo realizados.

Tributação

O Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) pode ser outra forma de monitorar a atividade imobiliária, já que ele é devido pelo comprador no momento da aquisição, seja um imóvel novo ou usado. “É a taxa que se paga para registrar no seu nome, para ser dono do imóvel. Em Ponta Grossa a alíquota é de R$ 2% e para alguns casos do governo federal, 1%”, explica o secretário municipal da Fazenda, Cláudio Grokoviski, lembrando que em 2018 foi realizado um programa de redução da tarifa para fomentar a regularização.

Enquanto em 2016 foram feitos 6.852 lançamentos de ITBI, em 2017 o total saltou para 7.944, em 2018 para 9.914 e em 2019, 8.387. Apesar de 2018 registrar a maior quantidade de registros devido à campanha, em 2019 a arrecadação foi a maior – o que indica que os imóveis transferidos foram de maior valor. Em 2018 foi gerada uma receita de R$ 21,57 milhões e em 2019, mesmo com 1,5 mil processos a menos, R$ 26,07 milhões.

 

Crédito facilitado

Para os representantes do setor a redução dos juros foi um fator crucial para o aquecimento econômico.  A Selic, taxa básica de juros, iniciou o ano em 6,5%e foi baixando até chegar a 4,5%. A partir disso, os juros para crédito e financiamentos imobiliários foram despencando e se diversificando – a Caixa Econômica Federal, por exemplo, criou uma linha atrelada à inflação oficial.

As instituições financeiras começaram a apostar em taxas mais baixas e prazos mais longos para conquistar novos clientes. Por conta disso, a operações de portabilidade triplicaram no segundo semestre de 2019; segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP), os 10 primeiros meses de 2019 resultaram em R$ 62,3 bilhões nos financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas de poupança, uma alta de 34% com relação ao mesmo período em 2018.

“Tivemos uma evolução muito grande na redução das taxas, o que é muito positivo para o mercado – que depende de otimismo e crédito. O Santander, por exemplo, agora está financiando até 90% dos imóveis novos e usados, algo importantíssimo porque o brasileiro não tem o costume de poupar e a entrada de 20% é sempre um fator que dificulta as aquisições. Esse novo produto é bem interessante e certamente os outros bancos vão acompanhar”, prevê o presidente regional do Sindicato de Habitação, que acredita em novas reduções de juros.

“A gente sabe que a inadimplência está alta, mas com ela sendo minimizada temos espaço para baixar juros, além da promessa do governo em liberar mais instituições financeiras para esse tipo de operação; hoje a gente depende de seis/sete, enquanto que nos Estados Unidos mais de duzentas fazem financiamento. Falar em uma Selic de 4,5% e juros de 7% não tem cabimento”, analisa Tavarnaro.

“Agora é a hora de investir; nunca tivemos uma taxa de juros tão baixa para adquirir imóveis e a gente ainda surfa em preços de crise. Esse é um item importante, porque estamos às vésperas de começar a subir os preços de novo”, alerta ele.

 “Temos preço bom e fartura de crédito, uma equação bem favorável”, destaca Tavarnaro (Foto: José Aldinan)

 

Migrantes têm crescido entre compradores

Entre os perfis de compradores, segundo o presidente do Secovi, tem sido verificado um aumento na classe B (média/média alta). “Executivo, engenheiros e profissionais liberais vêm de outras cidades e encontram em Ponta Grossa uma qualidade de vida que não se encontra em grandes centros, principalmente quando há crianças; é o segmento que mais cresce na cidade. Inicialmente alugam imóveis, o que contribui para rentabilizar os investimentos, e a partir do segundo ano fixam residência adquirindo unidades”, diz Tavarnaro, lembrando que o público do Minha Casa, Minha Vida é uma faixa cativa de consumidores que se retroalimenta constantemente.

“Ponta Grossa vem recebendo muitos investimentos nos últimos anos, o que tem contribuído para o aumento da renda per capita, e tem sido procurada por novas empresas, além de receber vários investimentos do poder público”, completa Alexandre Devicchi, diretor da Torre Blanca.

 

Três regiões são destaque

De acordo com o presidente do Sindicato de Habitação, são três os bairros que mais tiveram desenvolvimento nos últimos anos: Uvaranas, Contorno e Jardim Carvalho. “Uvaranas sempre vai ter devido à universidade, hospital regional, ligação com o Contorno, na UTFPR e preço. Contorno e Jardim Carvalho serão as que mais receberão investimentos porque enquanto o primeiro não tem limite de área, diferente de Uvaranas que vai até a UEPG e finda, e o segundo se tornou um bairro muito acessível, engolido pelo centro”, detalha Tavarnaro.

“De loteamentos houve um fenômeno na Siqueira Campos, contorno leste da cidade. Foram chácaras e mais chácaras om preço lá embaixo, o que viabilizou muitos investimentos. Mais de 50% dessa oferta está concentrada nessa região”, lembra ele.

Conforme afirma o diretor da Torre Blanca, o preço dos imóveis varia de uma região a outra. “A variação é de em torno de 5%, abrangendo tanto locação quanto venda, variando conforme o bairro, além de situações ímpares como tamanho, idade construtiva e estado de conservação”, exemplifica Devicchi.

Redução de taxas de juros aliada a estoque de preços de crise alavancaram o setor no último ano (Foto: José Aldinan)

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