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Pandemia reduz consumo de cerveja e afeta micro e grandes cervejarias de Ponta Grossa

A proibição de aglomerações como forma de combate à contaminação da covid-19 em todo o mundo têm afetado toda a economia, principalmente aquelas que dependem da reunião de pessoas para se desenvolver. As restrições no atendimento de bares, restaurantes, realização de festas e demais confraternizações têm assolado a produção e faturamento das cervejarias, desde as grandes até as micro produtoras – situação que pode ser bem percebidas em Ponta Grossa, que conta com representantes de ambos os portes.

A reportagem do Diário dos Campos conversou com cinco microcervejeiros da cidade, que relatam perdas médias de 70% nas suas vendas, faturamento e produções – mas que são ainda mais impactantes em algumas fábricas. No caso da Brauerei Schultz, por exemplo, normalmente eram feitas de 4 a 5 produções semanais – número que caiu para uma mensal desde abril. “Hoje 80% da nossa renda é proveniente da venda de growlers, mas muito baixa comparada à de antes. Produzíamos em média vinte mil litros por mês, caiu para mil litros”, conta o proprietário Herus Schultz, destacando que como os bares e restaurantes estão parados ou com baixos movimentos “não tem para quem vender”.

O cervejeiro Hans Strasburguer, que comanda a microcervejaria que carrega o sobrenome da sua família, relata que a produção mensal caiu 80%, de 6 mil litros/mês para também apenas mil. “Não estamos com o salão atendendo, apenas com ‘take away’ e delivery, sistema com o qual não trabalhávamos antes. Diminuímos também os nossos oito rótulos para cinco ou seis; sabemos que o consumidor não tem o hábito de tomar cervejas artesanais, e não há como competir com supermercados porque a pessoa vai lá comprar produtos essenciais e já aproveita para pegar alguma cerveja”, avalia Strasburguer.

A Partner Brewery House fica instalada em Ponta Grossa, mas apesar de fabricar rótulos próprios que não são tão conhecidos na cidade, tem como carro-chefe a terceirização: produz, por exemplo, as cervejas ponta-grossenses Trem Fantasma e Palais, somando quatorze cervejarias no total. Da capacidade de 30 mil litros por mês, 90% são de outras cervejarias. “Nossas produções próprias, que representam 10% do total, caíram 90%, e a dos parceiros 100%. São quatro meses sem produções externas e opções como growlers são inviáveis para nós porque o custo de implementação não compensaria o baixo escoamento”, conta o empresário Rogério Garcia.

Modificações de sedes

Em algumas cervejarias as alterações foram tantas, que provocaram até mudanças de sede. O bar da Oak Bier, por exemplo, foi alterado para permitir a venda por drive thru. “Nossa redução de produção e faturamento é de 75%. Estamos nos reinventando para tentar recolocação de mercado, já que nosso forte eram eventos: alteramos até nosso endereço para permitir que o cliente nem desça do carro para pegar o produto e levar para casa”, ressalta o proprietário Ricardo Carvalho.

Na Koch Bier o movimento foi o contrário: a cervejaria construiu um nova planta para quintuplicar a sua capacidade de produção e chegar a 140 mil litros por mês, podendo atender cervejarias como as “ciganas” – aquelas que utilizam estruturas de outras para produzir seus rótulos –, mas mesmo finalizada ela está parada pela diminuição de 70% das vendas. “Mesmo com os 30% que estamos vendendo reduzimos 40% o faturamento, pois oferecemos um preço baixo, sem margem de lucro, para rodar a fábrica e manter as despesas”, diz o proprietário Roberto Wasilewski.

Microcervejarias buscaram novas opções para se manter; a ponta-grossense Brauerei Schultz investiu na venda de growlers, com entregas pela janela do bar e delivery (Foto: Fábio Matavelli)

 

Cervejarias multinacioanais também foram afetadas

Além das microcervejarias Ponta Grossa também conta com duas gigantes representantes do setor. A reportagem do Diário dos Campos questionou ambas sobre suas produções e faturamentos, e as duas relatam que registram queda proveniente da pandemia.

O setor de bares e restaurantes foi um dos mais impactados pela pandemia e, apesar das vendas do mercado que se mantiveram estáveis, não foi possível compensar a perda do volume dos bares, que representa mais de 50% das vendas totais. Ainda não conseguimos mensurar com precisão os impactos da pandemia, mas sabemos que é bastante significativo. Será um novo começo e todos teremos que aprender. O futuro depende da saúde das pessoas no presente e esse é o nosso foco no momento”, disse o grupo Heineken no Brasil, através de sua assessoria de imprensa.

A Ambev também não revelou alterações no volume de produção, mas ressaltou que desde o começo da pandemia tomou uma série de medidas e cuidados para que as suas cervejarias continuassem funcionando com os protocolos de higiene e segurança redobrados.

O primeiro trimestre de 2020 trouxe uma série de adaptações nas formas e hábitos de consumo da população. Num contexto global de diminuição do consumo de bebidas alcoólicas por conta da covid-19, a Ambev como um todo teve leve redução de 1,6% em sua receita líquida consolidada em comparação ao primeiro trimestre do ano anterior, totalizando R$ 12,6 bilhões. O volume consolidado da companhia, em comparação ao mesmo período de 2019, teve queda de 5,6% totalizando 39 milhões de hectolitros. Já o lucro líquido consolidado atingiu R$ 1,2 bilhão”, disse, também através da sua assessoria de imprensa.

 

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