Neste final de semana, dias 24 e 25 de agosto, o Parque Histórico de Carambeí, maior museu histórico a céu aberto do Brasil, promove a terceira edição de sua Feira Medieval, que segue das 13h às 22h. A jornada medieval, é o maior evento desta tipologia no Paraná e um dos maiores do Brasil, tem caráter lúdico e o propósito de estimular o imaginário dos visitantes. Durante os dois dias de feira o público está convidado a fazer uma imersão no período medieval por meio da reprodução de ambientes históricos e fictícios, como: reprodução do cotidiano viking e mongol, recriação de elementos cênicos e musicais populares da Idade Média, simulação dos combates medievais, acampamento celta, cultura e tradição dos povos árabes medievais, rituais e recriação da vila nórdica no território frísio. As atividades são organizadas pelos voluntários do grupo de estudo histórico Chamagrimpa, que se propõe a resgatar práticas da Alta e Baixa Idade Média. Confira algumas das atividades que serão realizadas nos dois dias de evento:
Ordem do Grifo e do Fogo
Este será o terceiro ano consecutivo que a academia Ordem do Grifo e do Fogo, de Curitiba, participará do evento com o intuito de mostrar ao público as técnicas aplicadas em combates. “O Hema engloba diversos combates medievais, entre eles a luta sem armadura (bloßfechten), a luta em armadura (harnischfechten / fechten im harnisch). As duas retratam situações de combate real, do tipo defesa pessoal ou guerra”, conta Jean Jean Muksen, instrutor da Ordem do Grifo de Fogo. Será proporcionado ao público do evento uma apresentação de esgrima medieval. Jean explica que há diferenças entre a esgrima moderna e a medieval. “A esgrima moderna, olímpica, evoluiu das armas usadas no século 19. Pode-se dizer que estas foram ‘esportisadas’ e se transformaram numa modalidade muito distinta da esgrima histórica. No Hema é feito o estudo das tradições marciais também desse período, por meio de manuais e tratados militares de esgrima. É notório a diferença entre ambas as lutas”.
Trova medieval
Estrovadores é uma guilda musical que integra o Chamagrimpa. Eles prometem levar a alegria e música ao evento. “Na primeira feira apenas tocamos algumas releituras de músicas medievais e neomedievais. Na segunda nosso repertório aumentou e compomos músicas autorais e cresceu o número de instrumentistas, chegamos a montar a banda Companhia Medieval, mas infelizmente ela acabou no começo desse ano. Com o novo recrutamento de voluntários anunciado pelo parque, conseguimos reunir um grupo novo de músicos entusiastas da Idade Média”, Luah Kugler coordenadora do grupo explica a trajetória da guilda. Os Estrovadores trazem uma novidade para divertir o público da Feira Medieval. A Trova Elegante, uma versão do Correio Elegante realizado nos festejos juninos e julinos, porém com trovas de amor, amizade e escárnio.
Peça de teatro
A Rainha Perdida é uma peça teatral que será apresentada no dia 25 de agosto, às 16h, no Parque Histórico. A atração contará com a participação de 20 pessoas entre atores, figurantes e músicos que integram o Chamagrimpa. “O nome da peça é A Rainha Perdida, dá uma noção sobre o que será retratado no enredo. O público conhecerá a história de um reino fictício chamado Jardênia, no qual a rainha Vivienne some misteriosamente. A história contará a jornada que os personagens percorrerão para encontrar a rainha, passando por diversas situações assustadoras e engraçadas”, explica Mariane da Silva coordenadora da Guilda Celta e idealizadora da peça teatral. A história é cheia de surpresas e mistérios, é leve e divertida e promete encantar o público e proporcionar uma aventura na Idade Média. “Acreditamos que todos os momentos da peça são encantadores à sua própria maneira. Haverá magia, intrigas, confusões familiares, atritos religiosos e vários outros temas abordados, tudo sem perder o espírito de diversão”, destaca Mariana.
Luta medieval de HMB
O combate acontecerá no sábado, às 19h, no Pavilhão de Exposições Frísia, todos são convidados a prestigiar e conhecer o torneio de HMB. Esta modalidade de luta segue as regras impostas pela Historical Medieval Battle International Association (HMBIA) e consiste na recriação de batalhas medievais que se tornaram populares entre os séculos XIV e XV. A competição de HMB é realizada com armaduras históricas, entre os períodos do século XIII e o século XVII, são utilizadas as armas sem fio e as técnicas dessa modalidade não são letais. No entanto, as lutas são reais. Daniel Felipe é o marshal internacional, juiz que coordenará o torneio. Fábio Toniolo, atleta número um do ranking brasileiro de Historical Medieval Battle (HMB) da Companhia Espada de Prata, confirmou presença no combate. O atleta é chamado de Encantado, o apelido surgiu em uma brincadeira entre lutadores. “O que era uma brincadeira me chamarem de Encantado, hoje, tornou-se positivo. Faço um trabalho social em escolas e eu realmente tenho um encanto pelo mundo medieval. Então acho bem apropriado, sem falar que as pessoas lembram mais facilmente de mim nas lutas por conta do apelido”, diverte-se Fabio.
Representação dos árabes
A novidade para a terceira edição da feira será o espaço dedicado a representação da cultura árabe. Quando o assunto é Idade Média muitas coisas estimulam o imaginário e logo vem a memória imagens de castelos, da Europa, de reis, dos feudos, de cavaleiros, caça às bruxas, mas é esquecido do mundo Oriental que influenciou neste período. A guilda Al Arab, que integra o Chamagripa, trará a presença árabe para a Feira Medieval. “Os árabes foram responsáveis pelas rotas comerciais durante o período medieval, foram importantes em questões relacionadas a ciência, desenvolvimento da ótica, trouxeram para o ocidente o número zero, a filosofia grega, a astronomia e a álgebra. Trazer para o museu a cultura deste povo trará diversidade para o evento, pois para os árabes não existe a noção histórica de Idade das Trevas que foi construída pelo Ocidente nos séculos XVI e XVII para explicar o período medieval, estigmatizado como uma época de ignorância, de poucas inovações científicas, dominada pelo pensamento da Igreja Católica. A noção de que os árabes consistiam num povo atrasado, bárbaro foi criada pelo Ocidente para justificar a dominação do Oriente”, explica Fernanda Hrycyna do Núcleo Educativo do Parque Histórico e integrante da guilda Al Arab.
Serviço:
O ingresso para a Feira Medieval será no valor de R$ 5, inclusive para caravanas, grupos escolares e grupos de terceira idade. Crianças até 12 anos (acompanhadas dos pais) e pessoas com traje medieval completo serão isentas do ingresso social. Mais informações no site aphc.com.br/feira-medieval, ou pelos telefones 3231-5063 e 98433-4639.