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PG está entre cidades menos arborizadas do Paraná

Entre 399 municípios do Paraná, Ponta Grossa ocupa a 335ª posição no ranking de arborização em vias públicas, segundo estatística disponível no portal do IBGE. O dado aponta aquilo que todo ponta-grossense já sabe: a cidade possui poucas árvores, e levanta uma discussão importante no encerramento desta Semana do Meio Ambiente.

Talvez nenhuma ação relacionada à semana tenha ganhado maior repercussão do que a retirada de 13 das árvores existentes na praça João Pessoa, ao lado do terminal central de ônibus. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, a ação da Secretaria Municipal de Serviços Públicos não teve envolvimento direto da Secretaria de Meio Ambiente, e ainda não existe previsão de plantio de novas árvores no lugar das retiradas.

Entre as justificativas apresentadas estão o fato de as árvores apresentarem risco de queda, e de serem espécies exóticas. No entanto, se as características das espécies pesarem nessas decisões, a cidade ficaria com muito menos árvores.

A UEPG possui importantes pesquisas nessa área, elaboradas por acadêmicos e professores. Em sua tese de mestrado intitulada Valorização Ambiental das Árvores no Espaço Público Urbano de Ponta Grossa, a então acadêmica Danielle Cristina Carneiro aponta levantamento de 2012 sobre a arborização no Centro da cidade. Segundo a pesquisa do programa de pós-graduação em Geografia, entre as 1.238 árvores no Centro da cidade apenas 19,06% (236) eram de origem nativa.

 

Árvores melhoram microclima

Zíngara Rocio dos Santos Eurich concentrou sua pesquisa de mestrado na UEPG na análise nas praças da cidade, apontando que embora o Parque Ambiental possua maior número de árvores, ele possui baixo Índice de Densidade Arbórea (IDA – quantidade de árvores por área ocupada). Entre 84 praças, 13 sequer possuem árvores.

Das 71 que são arborizadas, apenas 33,8% têm IDA superior a 1 (uma ou mais árvores para cada 100 metros quadrados) e apenas a praça Núcleo Santa Paula alcançou IDA superior a 3. A praça João Pessoa tinha índice considerado ideal, superior a 1. Segundo ela, a retirada de 13 árvores gera uma deficiência grande.

“A arborização em praças significa sombreamento, escoamento superficial da água da chuva com menos impacto, benefícios paisagísticos e à fauna. Nas vias públicas, as árvores atenuam a temperatura e melhoram o microclima, o que também ocorre nas praças. Estudos apontam que, quando não há número significativo de árvores, a temperatura do ambiente é muito mais alta”, explica Zíngara.

Praça João Pessoa teve 13 árvores retiradas (José Aldinan)

Prefeitura

Conforme dados fornecidos no ano passado, entre 2014 e 2017 haviam sido plantadas apenas 1,7 mil árvores. A prefeitura de Ponta Grossa informa que ampliou esse trabalho e, neste ano, já plantou 600, sendo um dos destaques o Parque Linear, em Oficinas. Em todo o ano passado foram 2 mil palmeiras e 2.800 árvores plantadas de outras espécies. A meta é ampliar esse número em 20% até o final do ano. A reposição de árvores nos locais de onde são retiradas só costuma ocorrer quando se trata de ação da SMMA, após análise de engenheira agrônoma.

 

Sem proposta de replantio

Um dos maiores desafios a serem vencidos pelo município, na tarefa de melhorar os índices de arborização, é garantir o replantio em áreas nas quais árvores são retiradas. Além da praça João Pessoa, cujo projeto para o futuro ainda é incerto, houve retirada de árvores em praças e canteiros, sem que fosse anunciado o replantio imediato.

Um levantamento em matérias e artigos publicadas pelo DC nos últimos anos faz lembrar que a praça Marechal Floriano Peixoto ficou com 15 árvores a menos em 2013. O corte de um ipê roxo na praça Barão do Rio Branco gerou protestos em 2018.

Em 2014 foi feito o corte de diversas árvores de grande porte que ofereciam riscos em dias de temporal, na rua Aldo Vergani, mas a prefeitura não propôs nenhum replantio.

 

Moradores promovem replantio

Alexandre Gurski mora em um imóvel da rua Aldo Vergani, no Jardim Europa, há 19 anos. Em 2011, um temporal derrubou 11 das árvores, algumas com 16 metros de altura, expondo o risco de que muitas outras caíssem.

“Fiz um abaixo-assinado, e a maioria dos moradores aceitou o corte, que foi feito em 2014. Mas, aí, depois de dois anos, vi que a prefeitura não fez nenhum replantio. Aí, por conta própria, preparei as mudas e plantei novas árvores da espécie aroeira salsa, adequadas para esse espaço. Houve quem arrancasse, a gente plantava de novo. Outros moradores também participaram e, em dois ou três meses, a avenida estava arborizada de novo”, diz.

A prefeitura considera que o canteiro da Aldo Vergani não comporta arborização, por ter a fiação elétrica dos postes passando no meio da rua. Em 2014 a prefeitura deu início a um projeto para criação de uma pista de caminhada e canteiro com paisagismo no local. Para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, as árvores nativas plantadas no local em 2017 podem representar risco futuramente.

Alexandre: “A prefeitura não fez nada, a gente mesmo plantou” (Fábio Matavelli)

 

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