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“Precisamos de medidas para movimentar a economia e reduzir as desigualdades”, avalia Alvaro Dias

No quarto mandato de senador – reeleito em 2014 com quase 80% dos votos válidos, Alvaro Dias foi reconduzido nesta semana à liderança do Podemos no Senado.

Com uma longa trajetória política, Alvaro Dias já foi governador do Paraná, vereador, deputado estadual e federal. O senador, que em 2018 disputou as eleições para presidente da República, tem levantado como principais bandeiras no Congresso a votação de Proposta de Emenda à Constituição  (PEC), de sua autoria, para restringir o foro privilegiado; a prisão após julgamento em segunda instância e medidas de combate à corrupção. Em entrevista ao Diário dos Campos, ele fala ainda sobre as ações do Movimento 'Muda Senado', e ressalta ainda que o governo Jair Bolsonaro "patina, principalmente em relação às reformas", como a tributária, que para ele é fundamental para o crescimento da economia. Acompanhe trechos da entrevista.

Prisão após condenação em segunda instância e fim do foro privilegiado

"Alguns assuntos vão se tornando cansativos, especialmente o fim do foro privilegiado, que está na Câmara aguardando votação desde julho de 2017. Ouvi muitas promessas que a proposta seria colocada em votação e até hoje não foram cumpridas.. Estamos aguardando a discussão para o mês de fevereiro, conforme prometeu Rodrigo Maia [DEM, presidente da Câmara Federal] no ano passado. Espero que realmente ele cumpra o que disse e coloque em votação.

Sobre a prisão após condenação em segunda instância, o projeto do Senado foi aprovado terminativamente na Comissão de Justiça e Redação; o líder do governo apresentou requerimento e colheu assinaturas para levar a votação a Plenário e agora teremos outra batalha para incluir na pauta da ordem do dia o projeto no Senado. Enquanto isso, na Câmara tramita uma Proposta de Emenda à Constituição [PEC], mos que é uma estratégia de protelação, porque ampliou demais o assunto: alcançou vários ramos do direito, como o trabalhista, eleitoral, cível, e isso vai complicar a acolhida no Supremo [Tribunal Federal]. É claramente uma estratégia daqueles que não querem a aprovação da medida".

Reforma tributária e administrativa

"O Congresso é tão criticado, é o poder mais achincalhado da República, mas, no fim das contas, é ele que tem que fazer as coisas em que o Executivo está ausente. A própria reforma da Previdência, quem fez foi a Câmara, porque o presidente da República se ausentou. Quanto à reforma administrativa, tem se falado, mas nem projeto o governo encaminhou ainda; este é o tipo de reforma que precisa ser proposta nos primeiros cem dias de governo, e até agora nada.

Já a reforma tributária é, do meu ponto de vista, a mais importante para a retomada do crescimento do país. No entanto, o governo federal não tem interesse nela porque hoje há uma concentração exagerada de recursos nos cofres da União e o governo teme perder recursos para estados e municípios. Na minha percepção, o governo federal não tem interesse na reforma tributária, tanto é que nem mandou sua própria proposta para o Congresso. Os presidentes do Senado [Davi Alcolumbre, DEM] e da Câmara [Rodrigo Maia] batem a cabeça, porque há uma proposta no Senado e outra na Câmara; já perdemos um ano e ainda não aprovamos. Mudanças na política tributária só passam a valer no ano seguinte à sua aprovação, ou seja, se a reforma for aprovada neste ano, só passa a vigorar ano que vem. Já perdemos um ano e corremos o risco de ainda não conseguir aprovar neste ano. O governo federal está patinando: não atua em direção às reformas, que é a tarefa mais importante que o Executivo tem".

Movimento Muda Senado

"O Muda Senado iniciou no ano passado e une parlamentares em torno de pautas como ética e medidas anticorrupção. Na terça-feira (11), teremos uma reunião para definir estratégias de trabalho deste ano. Queremos conquistar mais senadores para o movimento no primeiro semestre, para, no segundo semestre, a partir de julho, escolher um nome para disputar a presidência do Senado. Queremos um nome que seja consenso no grupo e que possa ter abertura com outros senadores".

Papel de liderança

"Na quarta-feira [5] tivemos reunião da bancada e houve manifestação unânime para que eu permanecesse na liderança do Podemos neste ano. Mas, ainda é cedo para dizer que vou me candidatar para a presidência do Senado. O objetivo é o fortalecimento do movimento Muda Senado, para que possamos indicar um nome do grupo, mas isso só será feito no segundo semestre".

Mobilização contra o fundo eleitoral

"Fui contra o projeto de lei que altera regras sobre o fundo partidário e o fundo eleitoral. Embora a proposta tenha sido aprovada e sancionada, o assunto não encerrou em 2019. Isso porque impetramos, via Podemos, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) para tornar sem efeito alguns artigos desta legislação, como o que retirou o limite para definição de recursos para o fundo eleitoral. O relator da Adi é o ministro Marco Aurélio e, agora, nos cabe esperar seu posicionamento".

Avaliação do primeiro ano de governo Bolsonaro

"É claro que há pontos positivos e o governo teve mudanças em relação ao governo PT. Mas não  há como ignorar o fato de que o governo patina demais, principalmente em relação às reformas, e com isso o país deixa de crescer. O que precisamos são medidas para movimentar a economia, estimular a indústria, gerar emprego e reduzir as desigualdades sociais. Existem aqueles que se conformam com pouco, mas eu não integro a seleção dos conformados, prefiro militar no time dos inconformados e acho que o Brasil deveria ser assim. Tem gente que ficou feliz com a derrota do PT, mas isso só não basta, é preciso construir o futuro do país".

Relacionamento da bancada paranaense com o governo estadual

"O bom relacionamento entre os senadores e da bancada com o governo estadual proporciona ao governador Ratinho Junior tranquilidade em relação aos interesses do Estado em Brasília. Temos uma bancada que defende os projetos paranaenses. Recentemente aprovamos, rapidamente, empréstimos em favor do Paraná e isso proporciona um melhor ambiente político, que é fundamental para a atração de investimentos para estimular o empreendedorismo no estado".

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