Por força de lei federal, as empresas com 100 ou mais empregados têm a obrigação de ter 2% a 5% de seu quadro profissional formado por pessoas com necessidades específicas. Embora o texto não mencione, a síndrome de Down vem sendo beneficiada por essa determinação. O diretor da Agência do Trabalhador em Ponta Grossa, John Elvis Ramalho, revela que esse público faz parte do grupo com maior aproveitamento na relação vaga/contratação.
“Temos um setor exclusivo para direcionar pessoas com condições específicas, e o aproveitamento delas está próximo a 100%. Se surgem 20 vagas, 19 são preenchidas. Trata-se de uma mão-de-obra muito valiosa”, diz.
Reconhecendo isso, há mais de 10 anos o Sesi de Ponta Grossa abriu as portas para a inclusão de pessoas com síndrome de Down, em um programa de estágio. Rafael Zen, hoje com 37 anos, foi um dos primeiros a serem incluídos no programa, no próprio Sesi.
Ele entrou como estagiário, foi efetivado, e atua na instituição até hoje, desempenhando funções de secretaria, serviços de malotes, entregas de correspondências e documentação, além de abastecer os setores com os materiais necessários.
"O grau de síndrome dele é bem avançado. Quando entrou aqui, não conversava. Mas com o tempo ele passou a interagir com a equipe", conta Kátia Cibele Lourenço Fernandes de França, coordenadora administrativa e financeira dos serviços Sesi/Senai/IEL.
Competências
Na Apae de Ponta Grossa também existe uma preocupação constante nesse sentido, explica a diretora, Josneide Panazollo. “Ofertamos educação infantil, ensino fundamental e de jovens e adultos. Aos 15 anos e 11 meses, conforme seu desenvolvimento, eles são encaminhados a nossas unidades ocupacionais de produção ou de aprendizagem”, diz. Nesse programa, eles aprendem algumas profissões, mas, principalmente, aprender a se responsabilizar profissionalmente, com uso de uniforme, pontualidade e execução de tarefas. “Em seguida, encaminhamos eles para empresas parcerias, como Bünge, Heineken, Ambev, McDonald’s e UEPG”, diz.