Um jogo virtual chamado Baleia Azul ganhou o noticiário do País ao longo desta semana, devido aos perigos que pode trazer aos seus participantes, principalmente jovens e adolescentes. Com aparência de brincadeira, o jogo tem início em um grupo na rede social Facebook, e continua por meio do Whatsapp dos jogadores.
Os participantes recebem mensagens às 4h20 da madrugada, com tarefas que envolvem o desafio a regras, automutilação, e até suicídio, que seria a última das 50 fases. Caso não cumpram as tarefas, recebem ameaças. O assunto gerou preocupação de pais, especialistas em psicologia e autoridades. A mídia passou a veicular reportagens sobre o tema dando o alerta: com aparência de jogo, os desafios consistem em uma armadilha para pessoas já predispostas a arriscar a própria vida.
Para a psicóloga ponta-grossense, Mylene Laidane, as pessoas que criaram e mantêm o jogo têm um perfil igualmente preocupante. São pessoas sádicas, que se divertem vendo o sofrimento de outras pessoas. E o que esse jogo faz é reunir um público, composto principalmente de adolescentes, muitos dos quais já enfrentam sofrimentos psicológicos que incluem o processo de luto e princípio de depressão, diz Mylene.
A psicóloga alerta para o fato de que muitas pessoas estão banalizando o assunto, mas a questão é séria. É preciso tomar cuidado com o humor negro relacionado a isso. O tema exige seriedade, é um jogo de morte, lembra.
Ela explica que pais devem ter atenção redobrada neste momento para mudanças bruscas de comportamento dos jovens. A novidade, o desafio, a transgressão das regras estão intimamente ligados à adolescência, o que faz dos jovens um grupo de risco mais suscetível à participação do jogo.
Força-tarefa
O assunto se tornou tão grave, que autoridades se mobilizaram para se precaver dos efeitos nocivos do jogo. O Governo do Paraná anunciou, na quarta-feira (19), a criação de uma espécie de força-tarefa composta pelas secretarias de Saúde, Educação e Segurança Pública.
As ocorrências tiveram lugar em vários estados brasileiros, incluindo municípios paranaenses como Curitiba, onde o prefeito Rafael Greca realizou reunião de emergência no dia 18 com seu secretariado, depois que cinco adolescentes participantes do jogo precisaram de atendimento médico em UPAs da cidade durante a madrugada.
Em Carambeí, a Secretaria Municipal de Educação já convocou reunião com as equipes pedagógicas para passar as orientações sobre os perigos desse jogo. Na escola Municipal José Pedro Novaes Rosas, a equipe pedagógica saiu na frente aproveitando a reunião de pais realizada na quinta-feira (20), para fazer o alerta.
Converse com seu filho
A prevenção é clara: os pais devem conversar com seus filhos desde os primeiros anos de idade. O diálogo cria um vínculo que se mantém na adolescência, e evita que casos extremos como o jogo Baleia Azul tenham efeito nocivo sobre o jovem. Mas os psicólogos orientam os pais que, caso percebam o problema em casa, conversem com os jovens explicando a situação, nunca fazendo críticas diretas ou ameaças. A participação no jogo pode ter origem na baixa auto-estima, em um caso de bullying na escola ou em desentendimentos familiares.
QUADRO
Sinais que podem identificar um participante do jogo:
– Mudanças bruscas de comportamento
– Ferimentos repentinos ou manchas nas roupas
– Silêncio, introspecção, fuga de diálogos
– Insônia e freqüente adoecimento