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Quebra na safra da região de Ponta Grossa tende a aumentar preços para o consumidor

A maior estiagem registrada em pelo menos 23 anos – desde quando o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) foi criado – ainda pode gerar impactos no bolso dos consumidores. A seca provocou grandes quedas nas safras de dois dos principais grãos cultivados em Ponta Grossa e região: enquanto que a safrinha de milho acumula 26% de perdas em toneladas produzias, a segunda safra de feijão, já colhida quase que integralmente, é 45% menor que a do ano passado. A estimativa é do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual e de Agricultura e Abastecimento (Seab).

Seguindo a lei da oferta e da demanda, com uma quantidade menor de feijão produzido o preço do produto disparou: o custo médio de uma saca de 60 kg do tipo preto é de R$ 270 na região de Ponta Grossa, enquanto que a variedade carioca alcança R$ 320. Para se ter ideia, no final do ano passado as mesmas quantidades eram vendidas por R$ 140 (-92%) e R$ 180 (-77%), respectivamente.

“Parte da perda foi compensada para o produtor pela alta no preço. Sem esse reajusta os prejuízos seriam muito maiores, mas esse aumento acaba estourando para o consumidor. Produtos da cesta básica, a velha dobradinha do arroz com feijão ainda é um prato bastante consumido pela população, ainda mais com o auxílio emergencial: grande parte desses recursos liberados estão sendo destinados para a alimentação”, avalia o economista do Deral Luiz Alberto Vantroba.

Apesar de ocupar o posto de segundo maior produtor do grão em todo o Paraná, atrás apenas de Pato Branco, o núcleo regional de Ponta Grossa teve a maior perda de produtividade do estado (-33%) nesta safra e a segunda maior redução na quantidade de toneladas produzidas (-45%), inferior apenas à de Ivaiporã (-60%). “O sudoeste teve chuvas mais regulares; começava a chover naquela região e diminuía à medida que avançava para cá”, lembra Vantroba.

Milho

A segunda safra de milho também registra altas perdas de produtividade, em uma redução que chega a 32%, com uma média de 4.750 kg/ha. “Comparada ao feijão, a safrinha de milho apresenta uma quebra menor. As plantas locais estão em fase de formação de grãos e já tem alguma coisa em maturação, mas o milho também sentiu falta de água: o solo seco produziu espigas e grãos menores, o que deve repercutir em produtividade”, destaca o economista do núcleo regional da Seab.

Na contramão, soja bateu recorde em produtividade

Com um ciclo mais antecipado do que o de feijão e milho, a soja bateu recorde de produtividade na região de Ponta Grossa: segundo Luiz Alberto Vantroba, esta safra teve o maior rendimento registrado desde o início do acompanhamento: 4.035 kg/ha, 14% a mais do que no ano passado. “Parte foi em função do clima de verão. O número poderia ser até maior se não fosse essa estiagem que começou em fevereiro e pegou uma parte da área em que ela estava em fase de formação de grãos. A colheita foi boa no começo e reduzida no final”, aponta Vantroba. O núcleo regional produziu 2,24 milhões de toneladas de soja, 11% a mais do que na safra anterior.

No Paraná a o grão bateu um volume recorde de 20,7 milhões de toneladas, 28% superior ao da safra 2018/2019. Cerca de 82% da produção está comercializada até o momento, o que equivale a 17 milhões de toneladas, um resultado considerado avançado para a época. No mesmo período do ano passado, esse índice era de 50% – cerca de 8 milhões de toneladas. Segundo o economista do Deral, Marcelo Garrido, a alta do dólar, acima dos R$ 5, tem garantido a competitividade do produto brasileiro no mercado externo.

A comercialização da safra 2020/2021, no entanto, ainda é incerta para os produtores, principalmente por causa da pandemia do novo coronavírus. “Os insumos para a próxima safra serão comprados em dólar. Então, as vendas dependem da relação cambial”, diz Garrido. A saca de 60 kg é comercializada por R$ 94,00, valor 39% maior do que no ano passado, de R$ 70,00.

 

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