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Trabalhadores afetados pela crise se reinventam nas ruas de PG

Os 1.038 novos empregos criados no mercado formal de Ponta Grossa em 2017 não foram suficientes para recuperar as 2.682 vagas extintas em 2015 (2.148) e 2016 (534), efeito da crise econômica que afetou todo o país. Os números são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Apesar de a economia nacional dar sinais de recuperação, com vários ramos de atividade gerando empregos, ainda há muitos trabalhadores – demitidos de 2015 para cá – tentando recolocação, porém enquanto não conseguem suas carteiras profissionais assinadas novamente, boa parte continua nas ruas, vendendo de alimentos a utilidade doméstica, para conseguir algum dinheiro para o sustento.

Juliano Letschuki, 30 anos, é um destes casos. Ele saiu do último emprego em janeiro de 2016. Trabalhava no setor da panificação em um supermercado de Curitiba. Aliás, foi na capital que ele fez sua carreira profissional. Foi inclusive professor de panificação no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Quando se viu desempregado e sem condições financeiras para sustentar a esposa e a filha (hoje com cinco anos de idade), Juliano, que já havia tentando novas oportunidades em Curitiba, voltou para Ponta Grossa, cidade onde reside sua família.

Ele conta que por muitas vezes procurou a Agência do Trabalhador (Sine); chegou a ser encaminhado para entrevistas, mas tudo o que conseguiu foi ficar no cadastro de reserva das empresas. “É muita gente desempregada; é a crise”, diz.

É nas ruas da cidade, vendendo pipoca doce e salgada, que Juliano consegue algum dinheiro. Ele ganha em torno de R$ 50 por dia, trabalhando das 8h às 22horas, de segunda a sábado. O vendedor é conhecido em diversos bairros, já que todos os dias está num ponto diferente, mas é na saída das escolas que o movimento é melhor, segundo ele.

Quem compra uma pipoca, ganha um currículo

Para chamar a atenção dos clientes, Juliano Letschuki, trabalha uniformizado, com avental branco e boné. “A apresentação é para a pessoa não pensar que é um ladrão”, conta, já que nos semáforos ele aborda vários motoristas.

O interesse por conquistar uma vaga na panificação é tão grande que Juliano entrega para quem compra o pacote de pipoca o seu currículo profissional. No documento há informações, inclusive, de que ele não tem antecedentes criminais.

Com Ensino Médio completo, Juliano, que vende pipoca desde 2016, acredita que o registro na carteira profissional traz segurança. Ao longo destes anos, ele não realizou cursos de qualificação por desconhecer a oferta na sua área, no entanto tem interesse.

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