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Uso agrícola do lodo de esgoto promove sustentabilidade ambiental

Nesta semana em que se comemora o Dia do Agricultor (dia 28), a Sanepar dissemina o programa de utilização do lodo de esgoto na agricultura, desenvolvido há mais de 10 anos em todo o Estado. Na semana passada, agricultores, técnicos agrícolas, estudantes de Agronomia e de Engenharia Ambiental conheceram este trabalho no estande da Sanepar na Feira Expotécnica, em Sabáudia.

Nos três dias de evento (18, 19 e 20), mais de 4,5 mil pessoas passaram pela feira, no Sítio São José e promovida pelo Sistema Estadual de Agricultura do Paraná/Instituto Emater, Secretaria da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, Prefeitura de Sabáudia e Território Vale do Ivaí.

Gerado nas estações de tratamento de esgoto, o lodo tem beneficiado produtores rurais de várias regiões. Desde 2007, mais de 280 mil toneladas do produto já foram aplicadas em terras paranaenses. Chamado também de biossólido, o lodo é cedido gratuitamente, fertiliza o solo e corrige o pH, contribuindo para o aumento da produtividade e reduzindo o custo da produção.

Para a Sanepar, que começou as pesquisas para uso do lodo de esgoto na década de 1990, o programa promove maior sustentabilidade no saneamento, proporciona a reciclagem da matéria orgânica e de nutrientes e reduz a destinação deste resíduo para aterros sanitários.

“Neste processo, ganha a Sanepar, que dá ênfase à sustentabilidade no sistema de esgotamento sanitário, ganha o agricultor, que recebe o lodo sem custos e obtém um ganho de produtividade ao usá-lo como fertilizante, e ganha a natureza, que recebe um produto tratado e com o devido controle de qualidade, reduzindo os impactos ambientais”, afirma a diretora de Meio Ambiente da Sanepar, Fabiana Campos.

RICO EM NUTRIENTE – Por ser resultante da decomposição do esgoto pela ação de bactérias, o lodo é rico em carbono e em nutrientes, o que ajuda na recomposição de matéria orgânica e fertilidade do solo. A sua utilização é regulamentada por leis federal e estadual, que estabelecem parâmetros de sanidade, substâncias orgânicas e metais pesados.

“A Sanepar faz controle para garantir a qualidade do lodo quanto a odores, metais pesados e microrganismos. Além disso, oferecemos assistência técnica para aplicação do produto”, afirma a engenheira agrônoma Sandra Regina da Silveira, responsável pelo programa na Região Nordeste do Estado.

O lodo pode ser utilizado em diversas culturas como soja, milho, trigo, aveia, café, laranja, amoreira e cana-de-açúcar. O seu uso é proibido em hortaliças, pastagens, cultivo de batata, mandioca e outros produtos in natura. Como precaução, também é proibido em Unidades de Conservação, Áreas de Preservação Permanente e próximo a residências e reservatórios de água.

RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS – Antes da aplicação, são feitas análises do lodo e do solo. Somente após a Autorização Ambiental dada pelo IAP é que o lodo pode ser liberado para os agricultores. A quantidade a ser aplicada por área varia em função da cultura, do solo e dos nutrientes presentes em cada lote.

O proprietário do Sítio São José, em Sabáudia, Cláudio dAgostini, é um dos que utilizaram o lodo no ano passado. Foram 26 toneladas de lodo em 5 hectares de soja. O agricultor conta que tomou conhecimento do produto na Expotécnica e resolveu experimentar. “Embora a minha terra seja muito boa, eu uso fertilizante químico. Mas na área em que usei o lodo, não usei adubo químico, assim eu economizei”, disse.

GUARAPUAVA – O agricultor Gilberto Veronese, de Guarapuava, foi um dos primeiros agricultores a receber lodo da Sanepar na região, em 2011. A primeira vez que aplicou lodo, Veronese usou antes do plantio da soja, em uma propriedade no município de Porto Barreiro.

Com os resultados positivos, continuou utilizando o biossólido. A última aplicação foi feita no ano passado, em outra propriedade em Laranjeiras do Sul. “Nunca tive dúvidas do potencial do lodo agrícola. São feitas análises do lodo e do solo para saber exatamente onde e a quantia necessária a aplicar. Fizemos coletas periódicas para análise de precisão e a melhoria do solo é visível”, diz.

O engenheiro agrônomo que cuida das propriedades de Veronese, Márcio Dulnick, confirma que o resultado é um solo mais rico e bem preparado. “Os índices de cálcio, magnésio, potássio e fósforo melhoraram muito e a produtividade de soja aumentou em quase nove sacas por alqueire”, afirma.

FOZ DO IGUAÇU – Na microrregião de Foz do Iguaçu, desde 1998, já foram distribuídos mais de 2 mil toneladas de lodo para os agricultores. “Cada nova estação que entra em operação tem o resíduo de lodo destinado corretamente”, diz o engenheiro ambiental da Sanepar Victor Martinez.

BOM EXEMPLO – Em 2016, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente passou a divulgar a experiência de uso agrícola do lodo de esgoto no Paraná como um bom exemplo. A aplicação do lodo na agricultura já é comum nos Estados Unidos, Canadá, França, Austrália, entre outros países.

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