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A Obra – Parte II

Renata Regis Florisbelo

Olho para o futuro do trabalho e vejo uma missão que se revela. Uma tarefa compreendida, aceita livremente e assumida com compromisso.

Como pode o ser humano elevar-se sem a prática consciente do trabalho? Dos olhos que se encantam pela missão, tarefa diária. Das mãos que se tornam hábeis em praticar. Da alma que se refina ao empregar em seu ser a boa vontade, ao impregnar neste mesmo ser a capacidade. De habilitar-se em ser provedor de soluções. Das demandas do mundo saber atender.

Em cada trabalho, atribuição, uma miniatura de uma faceta do mundo a ser resgatada em atuação humana. Somente o ser humano é capaz de curar e de ensinar a si mesmo a capacitar-se. A liberdade total apregoada não existe, apenas o exercício da livre escolha, que anseia converter-se em liberdade.

Quando alguém se capacita, cria no emocional compartilhado por todos o embrião da aprendizagem, um germe, uma semente ainda em estado microscópico, um óvulo a ser fecundado. Vida e obra fundem-se, interligando-se para sempre.

O que nos contos de fada e fábulas víamos expressar simbolizando reis e rainhas, em nossos tempos, transformou-se em capacidade de converter-se em reis e rainhas pelo exercício do trabalho. Soberania e magnitude na própria alma lapidadas. Aqueles que simplesmente atendem às demandas de seu trabalho de forma autômata serão eternamente identificados como escravos. Reis e rainhas cuidam de todos, organizam e preparam o futuro de forma visionária. Mas essa soberania não é hereditária, é conquista galgada individualmente, a serviço de todas as outras individualidades.

 

“Que missão essa: encaixar vozes, dar-lhes volume, convergi-las para a afinação e por fim deixar que um belo som seja apresentado ao mundo. Reflito: se uma voz alcança a primazia na técnica em afinação e beleza, por certo o portador desta também se transforma, tornando-se melhor”.  Mércia – Notas a entoar.

 

“A foice curvada, ferramenta difícil de manusear, exige precisão e coragem de apontar para o que se quer e desferir-lhe o golpe certo. Quem tem coragem de empunhar uma foice fazendo deitar o capim ao chão, não tem medo de nada. Irina era pessoa forte e determinada, na mente a precisão que ocupava a ponta da foice. Colher os frutos da terra”. Irina – Tamancos da roça.

Num único livro muitas vidas que se fazem honrar.

 

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