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CIDADE SEM PEDESTRES

Por: Nelson Canabarro

Todas as cidades deveriam ser adaptadas às pessoas, mas não é o que ocorre na realidade. Ponta Grossa é um grande exemplo disso, pois se observarmos a cidade e todas as mudanças que vêm sendo feitas, são para melhorar as condições de fluxo para os veículos, não para o cidadão. Desafio você, leitor, a buscar pela memória um lugar da cidade que esteja perfeitamente adaptado ao cidadão. Calçadas, guias de calçadas, sinalização vertical e horizontal, acessibilidade, segurança, local para descanso, água, lixeiras, dentre outros suportes ao pedestre. O mais próximo disso é o calçadão, mas se pensarmos bem, é muito difícil para o pedestre transitar por lá. Muita gente ao mesmo tempo, vendedores ambulantes com seus produtos espalhados de forma desordenada, todo tipo de cheiros e abordagens e com ruas movimentadíssimas cortando o calçadão em toda a sua extensão, sem sinalização, sem faixa elevada e sem preferência para as pessoas.

PROBLEMAS PELA CIDADE TODA

Além disso vários cruzamentos da cidade comportariam há muitos anos a colocação de semáforos, para organizar a passagem de veículos, mas por razões desconhecidas não são colocados.

As faixas de segurança de todas as ruas centrais estão colocadas fora de lugar, pois devido à posição das construções no centro, é impossível para o motorista para antes da faixa porque simplesmente não enxergaria o tráfego na via transversal. E o pedestre precisa se contorcer entre os carros para passar.

Passeios estreitos e com postes pelo meio. Rampas de acesso para cadeirante na posição errada na esquina. Calçadas desniveladas, esburacadas, escorregadias e com vários obstáculos, que obrigam o pedestre a caminhar no asfalto, bem como cadeirantes, mulheres com carrinho de bebê e idosos a disputar espaço com carros e motos.

CIDADE HISTÓRICA

Sempre ouvi falar que pelo fato de sermos uma cidade histórica tudo fica mais difícil de mexer. Fico imaginando como devem ser atrasadas cidades mais antigas que a nossa, tipo Salvador. Certa vez, conversando com um dos responsáveis sobre a colocação de semáforos em alguns cruzamentos da cidade, ele me disse que a colocação do semáforo obrigaria uma espera de dois minutos na esquina, pois o semáforo abre e fecha para cada rua em tempos diferentes (?!?). Enquanto ouvia isso, uma fila iniciando na Rua do Rosário e terminando na Avenida central estava formada há meia hora.

É um problema antigo, que vem se arrastando e dificultando para todos. Talvez o problema histórico da nossa cidade histórica seja o de não olhar o trânsito e o urbanismo com olhos de pedestre e suas necessidades. Afinal a cidade é feita pelas pessoas e para as pessoas.

 

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