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Corina Maria da Penha Portugal

 

Santidade, animosidade, malignidade, em qual magnitude se apoia a identidade? Vítima inocente, maldade ascendente? Quanta oposição em polos que se ressentem. A literatura popular, os ditos e contos que guardam histórias insólitas, verdades tristes e trágicas transformando vidas em lendas, causos que ganham a crença e a simpatia. Vilões e vítimas no cotejo que afronta e polemiza.

 

Divulgação
Túmulo da Corina Portugal, no Cemitério São José, local de visitação e de agradecimentos.

Em 1983, a biofarmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes dormia quando uma bala diretiva acertou suas costas. O algoz, Marco Antônio Heredia Viveros, o próprio marido, simulava, da cozinha, minutos depois, o susto pelo ataque por supostos assaltantes. Meses depois, em segunda investida, no mesmo ímpeto de covardia, tentou eletrocutar Maria, paraplégica em decorrência do tiro.

 

Quase 100 anos antes, na noite de 26 de abril de 1889, a jovem Corina Antonieta Portugal era violentamente assassinada pelo próprio marido, com trinta e duas facadas. Que resistência o corpo oferece contra a apunhalada? O pulso, alavanca com o antebraço, na força cerrado, descarrega a fúria em corpulência masculina, quem dera fosse empregado em causa altruísta. Corina, moça carioca de família de posses e excelente educação formal, veio à Ponta Grossa, com o marido farmacêutico em situação financeira instável. Com a ajuda do médico João Menezes Dória, abriu a farmácia Campos, preterida pelo proprietário, assíduo em mesas de jogo e prostíbulos. O assassino escapou da condenação alegando defesa da honra. A opinião popular sempre creditou inocência à Corina, inferindo-lhe o bônus da santidade.

 

Maria da Penha, após incansáveis esforços, obteve a condenação de Viveros, e mais do que isto, também o Estado brasileiro foi condenado a criar uma legislação para prevenir e punir crimes de natureza doméstica e intrafamiliar. Nada mais justo que associá-la irremediavelmente à própria lei. A “Santinha dos Campos Gerais”, Corina Portugal, conquistou um séquito de fiéis seguidores, sendo seu túmulo local de afamada visitação e incontáveis agradecimentos por graças recebidas. Curiosa e bela a trama que enlaça a desgraça, alçando-a à graça, o drama pessoal em socorro de outros.

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